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Wessel na vitrine: venda do controle está no cardápio

A Wessel está na vitrine. Após resistir ao assédio de bancos e investidores na década passada, quando era um negócio quase artesanal de tão pequeno, a família de açougueiros húngaros que desbravou o mercado de hambúrguer gourmet considera vender o controle do negócio, apurou o Pipeline. As rodadas de conversa já incluíram Minerva e BRF. 

O sucesso de uma transação não é tão simples diante das exigências dos Wessel, que preferem se tornar sócios minoritários de um investidor estratégico a vender uma fatia da empresa para um fundo de private equity. “Você trabalha o triplo e ganha um chefe”, afirma um interlocutor da família.

Nas mãos de um estratégico, a Wessel poderia dar abrangência nacional à marca, ainda muito concentrada em São Paulo. A família fundadora ainda poderia se beneficiar do crescimento do negócio – preservando uma participação minoritária ou ficando com um earnout. 

No ano passado, a companhia faturou cerca de R$ 160 milhões, e a previsão é chegar a R$ 210 milhões em 2021, o que depende do ritmo de abertura da economia – o fechamento de restaurantes e lanchonetes penaliza os negócios da Wessel. Embora o varejo tenha crescido bastante em volume e receita, a fatia do food service no faturamento era importante, mas caiu de 60% no pré-covid para 23%. 

Na fábrica de Araçariguama (SP), é possível dobrar a produção e, com isso, também o faturamento. Se contar com a estrutura de distribuição de uma grande empresa, o salto poderia ser mais rápido. 

Mas a pandemia também mostrou que, em carreira solo, a Wessel demora mais para crescer e enfrenta ainda as agruras da matéria-prima mais cara – no Pão de Açúcar, a companhia levou praticamente um ano para repassar o aumento de custos da carne, o que naturalmente pressiona as margens.

A avaliação na família é que os múltiplos oferecidos poderiam ser maiores em uma transação com um estratégico por causa dos ganhos de sinergias que uma companhia que já atue no setor pode obter, argumenta uma fonte próxima aos Wessel. 

Conversas com potenciais interessados acontecem pelo menos desde o ano passado. “A Wessel está tentando fazer um deal faz tempo, mas nenhuma conversa avança”, afirma um empresário do setor. 

No ano passado, houve uma aproximação com a Minerva, que, com a Wessel, ingressaria em hambúrguer e passaria a deter uma marca de grife, mas as tratativas não prosperaram. 

A Wessel então abriu conversas com a BRF, que também não avançaram. Para uma fonte próxima à Wessel, o negócio poderia ser um trunfo para a dona da Sadia e da Perdigão, que passaria a contar com um portfólio completo para churrasco e voltaria a deter capacidade para produzir hambúrguer. Em 2018, a BRF vendeu à Marfrig sua fábrica de carne processada de Várzea Grande (MT) para levantar caixa. 

História 

Fundada em 1958 como um pequeno açougue no bairro paulistano do Bixiga – onde ficou até 2014 -, a Wessel é obra do empresário István Wessel. Herdeiro de uma geração de açougueiros húngaros, ele ganhou escala com hambúrguer, atendendo lanchonetes paulistanas como A Chapa e redes como Outback e O Burguês. 

O potencial do negócio de hambúrguer foi uma das razões da Wessel para a construção da fábrica em Araçariguama (SP), um investimento de R$ 25 milhões concluído em 2014. A unidade é capaz de fazer 600 toneladas de hambúrguer por mês. Lá, a companhia também faz os cortes porcionados de churrasco que fizeram István famoso na elite paulistana.

A fábrica de hambúrguer da Wessel é de pequeno porte perto das gigantes, mas ainda pode ser expandida. A título de comparação, a Marfrig pode produzir 10 mil toneladas mensais de carnes processadas – hambúrguer, almôndega, entre outros -em Várzea Grande (MT) e está investindo R$ 100 milhões em uma unidade capaz de fabricar 2 mil toneladas mensais em Bataguassu (MS). 

No ano passado, a Wessel também lançou um hambúrguer vegetal e estava desenvolvendo um frango plant-based. A Meta, empresa de proteína vegetal da Wessel, investiu R$ 20 milhões em uma nova fábrica em Araçariguama. 

A penetração do plant-based ainda é pequena no Brasil, mas os frigoríficos buscam se posicionar para não ficar para trás. Além da marca própria, a Meta está produzindo plant-based para a mineira Pif Paf e a goiana São Salvador. 

Fonte: Valor Econômico.

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