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Relatório: Oportunidades de exportação de carne bovina dos Estados Unidos, uma atualização aos pecuaristas

No dia 12 de maio, a Associação Nacional de Produtores de Carne Bovina dos Estados Unidos (NCBA) realizou o webinário: “Oportunidades de exportação de carne bovina dos Estados Unidos, uma atualização aos pecuaristas”.

Uma das palestras proferidas foi de Dan Halstrom, da Federação de Exportações de Carnes dos Estados Unidos (USMEF).

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Halstrom começou sua fala situando os participantes do evento sobre o papel da USMEF, dizendo que é o de aumentar o valor e a rentabilidade das exportações de carnes dos Estados Unidos. Ele mostra um mapa (abaixo) com a ordem cronológica do avanço da presença da USMEF em vários mercados do mundo. Ele disse que em cada um desses mercados onde estão presentes, conseguem entender melhor as demandas específicas por carne, acrescentando que essa é a chave para comercializar o produto em todo o mundo.

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Ele disse que, como em qualquer negócio, o desenvolvimento do relacionamento com os clientes e com o governo nos mercados externos é essencial, incluindo todos os elos da cadeia. Mais ou menos como a NCBA faz no mercado doméstico, a USMEF faz no mercado externo.

Ele também cita os aspectos educacionais realizados pela USMEF, ensinando sobre a alta qualidade da carne bovina americana nos mercados alvo, dizendo que o produto americano consegue, assim, um preço alto. Esse trabalho de promoção e enaltecimento das qualidades do produto foi feito em muitos mercados do mundo. Ele cita mercados onde foi feito um trabalho importante nesse sentido, como Japão, Coreia e México.

Por fim, Halstrom cita a questão da concorrência, dizendo que os Estados Unidos não são os únicos que estão trabalhando para ganhar espaço no mercado externo, citando como exemplos de concorrentes o Brasil e a Austrália. A USMEF também trabalha para expandir sua participação no mercado externo.

Halstrom traz um gráfico das exportações de carne dos Estados Unidos, dizendo que todos sabem o que aconteceu em dezembro de 2003, com o surgimento da encefalopatia espongiforme bovina (EEB), quando houve essa grande queda nas vendas e que o país foi retomando gradativamente sua participação de mercado. Ele disse que em 2015 houve uma pequena redução nas vendas, mas a previsão para 2016 é de um aumento novamente.

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Depois, um outro gráfico mostra a participação dos diferentes países no mercado de carne bovina dos Estados Unidos. O gráfico mostra que o México é o maior mercado, seguido por Japão.

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O gráfico abaixo mostra a evolução das exportações aos principais mercados nos três últimos anos (2013 a 2015). O gráfico mostra claramente que México, Japão, Coreia e Canadá são os principais mercados. Halstrom acrescenta a informação de que os Estados Unidos não vendem qualquer corte a qualquer país, mas sim, o corte certo para o mercado certo, o que maximiza seu valor.

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Já o gráfico abaixo mostra os mercados em termos de valor. O Japão é o mercado mais valioso. Ele salienta que o México, que antes era um mercado de carne barata e com menor valor, há alguns anos passou a se tornar um mercado de maior valor.

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No gráfico abaixo, que mostra o valor por cabeça, ele disse que é importante notar que esse valor vem aumentando gradativamente, conforme mostra o gráfico.

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Com relação aos principais importadores de carne bovina do mundo, o gráfico abaixo mostra que a região da China/Hong Kong/Vietnã é muito grande, bem como o próprio Estados Unidos, que tem uma participação de 21%.

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ROW = resto do mundo

Direcionadores do crescimento nas exportações:

– População mundial de 7,4 bilhões de pessoas e um crescimento líquido de 78 milhões de pessoas por ano – 96% dessas pessoas vivem fora dos Estados Unidos.

– Crescimento econômico – crescimento da classe média. Ele cita como exemplo o Panamá, que, apesar de ser um país pequeno, está tendo um crescimento populacional e econômico grande. Assim, esse é um mercado bastante interessante para a carne bovina americana.

– Declínio da autossuficiência em destinos importantes de exportação, como Japão, México e Coreia. Ele cita a importância dos Estados Unidos como produtor e exportador de carne bovina produzida com grãos, para preencher essa demanda.

– Mercados emergentes e em desenvolvimento. Existem 1 bilhão de pessoas vivendo na África atualmente e a expectativa é de crescimento.

– Produtos seguros, confiáveis e de alta qualidade dos Estados Unidos. Esse é o fator mais importante. Ele cita o caso da China, com muitos escândalos de contaminação alimentar, lembrando que ninguém duvida da segurança e da qualidade da carne americana.

O gráfico abaixo mostra a previsão de crescimento no consumo de carne bovina fora dos Estados Unidos, de 2015 a 2024, que deverá ser de 10% ou 16,33 bilhões de quilos. Ele disse que isso é reflexo da expansão da classe média.

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Já esse gráfico, mostra a evolução da classe média, de 2009 a 2030. Ele cita o crescimento previsto na Ásia Pacífico, dizendo que isso é animador e representa excelentes oportunidades para a carne americana.

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O que os Estados Unidos vêm fazendo nos mercados?

Japão: reconstrução da imagem da carne bovina americana. Essa campanha, da imagem abaixo, está em andamento atualmente.

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O Japão é o mercado de maior valor para a carne bovina americana, mas Halstrom disse que existem desafios nesse mercado. O primeiro deles é o acordo comercial bilateral entre Japão e Austrália. Os Estados Unidos pagam 38,5% de imposto, enquanto a Austrália paga de 27% a 29% para entrar no mercado do Japão. Por isso, ele diz que a Parceria Trans-Pacífico (TPP, da sigla em inglês) é essencial para tornar o mercado mais equilibrado em termos de concorrência.

Apesar disso, os Estados Unidos foram ganhando cada vez mais espaço no mercado japonês, conforme mostra o gráfico abaixo:

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Ele disse que os Estados Unidos ainda têm muitas oportunidades para ganhar mercado da Austrália e, a foto abaixo, mostra uma das estratégias usadas pela indústria americana. Ele cita a incursão da carne americana em setores como varejo, foodservice, lojas de conveniência, que, no Japão, são bastante diferentes das lojas dos Estados Unidos. Existem mais de 50.000 lojas de conveniência no Japão, o que representa uma enorme oportunidade de agregar valor à carne americana, especialmente com o TPP.

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Coreia: também é um mercado bastante interessante, com 43% de autossuficiência em carne bovina. A Austrália tem 25% de participação nesse mercado e os Estados Unidos têm cerca de 35%. Ele disse que os Estados Unidos estão ganhando ainda mais participação nesse mercado.

Essa campanha de promoção (foto abaixo), é da marca de carne Rocky Mt. Steak, de uma companhia do Colorado, e traz o famoso ator coreano, Ricky Kim. Essa campanha foi associada com a rede de varejo E-mart, da Coreia.

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Ele disse que a campanha levou a um grande aumento da participação da carne americana no mercado coreano em seu primeiro ano e deve levar a mais aumento. Esse é um exemplo de campanha, mas a Coreia está aumentando sua participação no mercado de carne bovina americana.

Comércio eletrônico na Ásia vem crescendo dramaticamente:

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Isso ainda representa uma participação muito pequena das vendas totais de bens perecíveis, mas que representa uma grande oportunidade para a carne dos Estados Unidos. Ele cita como exemplo o sucesso que vem sendo obtido com a carne suína americana no mercado chinês em sites como JD.com. Não se trata apenas de conveniência, mas sim, de qualidade.

Haltrom disse que os Estados Unidos precisam ter acesso direto a esse mercado para a carne bovina de alta qualidade e que acredita que, quando isso acontecer, terão um sucesso igual ou maior do que o da carne suína nesse mercado. Isso porque a produção doméstica de carne bovina tem menos concorrência com a carne americana do que no caso da carne suína. Trata-se, portanto, de uma ótima oportunidade, já que “pode-se pedir a carne ao meio-dia e a receber antes das 5 da tarde, a tempo do jantar do mesmo dia”. Isso faz com que as pessoas evitem o trânsito, que está se tornando, muitas vezes, um fator que desfavorece que a pessoa saia de casa para comprar seu jantar.

Taiwan: Esse é um mercado menor do que os anteriores, mas é um mercado emergente para a carne bovina americana. Trata-se de um mercado para cortes alternativos, que possuem um menor valor no mercado doméstico, usados para foodservice.

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China: A China é a chave para a demanda global. A Austrália é quem tem a maior participação nesse mercado atualmente. A maioria dos competidores dos Estados Unidos tem acesso direto a esse mercado e, segundo ele, obter esse acesso é urgente para o país, de forma que eles devem estar prontos para quando isso acontecer.

O gráfico abaixo mostra as importações de carne bovina e de miúdos por China, Hong Kong e Vietnã, o que mostra a grande oportunidade que existe nesse mercado.

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Eventos na América Latina

Uma coisa importante a se fazer: reunir compradores e vendedores. Existem na América Latina vários mercados em potencial, como os países da América Central (Nicarágua, Honduras, etc) e da América do Sul (Colômbia, Peru, Chile). A foto abaixo é de um evento no Panamá.

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USMEF tem projeto na África

O mapa abaixo mostra os países com os quais estão sendo feitos trabalhos comerciais para abertura de mercado. Ele cita a questão da cadeia de resfriamento, que é bastante precária nesses países, mas ainda assim, esses mercados representam uma grande oportunidade. Alguém venderá alimentos à África e ele acha que, para a carne bovina, há definitivamente uma oportunidade. Cita o exemplo de Gana, onde há um comércio, ainda que pequeno.

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A foto abaixo mostra como é o mercado tradicional de carne na África (à esquerda), sem refrigeração, sem cadeia de frio, em muitos casos, ao ar livre. À direita, mostra um mercado de Gana também (assim como as fotos da esquerda), que é moderno. É uma porcentagem muito pequena, mas já existe.

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Com relação às previsões para o futuro, ele disse que são bastante positivas:

– A produção de carne bovina dos Estados Unidos deverá se recuperar em 2016;

– Os preços estão historicamente altos, mas moderando;

– As ofertas globais permanecem limitadas;

– As exportações dos Estados Unidos deverão se recuperar;

– Crescimento geral da população será de 78 milhões/ano;

– Haverá crescimento da classe média no sudeste da Ásia;

– Acesso à China continua sendo essencial;

– Oferta de carne bovina da Austrália está reduzida.

Fonte: NCBA, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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