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Você não tem uma desculpa

Freud gostava de Shakespeare e frequentemente se voltava para as peças de Shakespeare para analogias. Em um dos ensaios de Freud sobre tipos de personalidade, ele explica como quase toda pessoa imita – em menor escala – a patologia de Ricardo III. Acreditamos que, de alguma forma, fomos privados ou desprezados por natureza e que isso nos dá uma desculpa para ficarmos zangados, ter direito a tratamento especial ou isenção das regras.

Como ele escreve, “Todos pensamos que temos razão para censurar a natureza e nosso destino por desvantagens congênitas e infantis; todos nós exigimos reparação por feridas iniciais ao nosso narcisismo, nosso amor próprio. Por que a natureza não nos deu os cachos dourados de Balder, nem a força de Siegfried, nem a soberba sobrancelha alta de gênio ou o nobre perfil da aristocracia? Por que nascemos em uma casa de classe média em vez de em um palácio real?”

Mas como não recebemos essas coisas, isso nos livra de sermos decentes, por sermos autodisciplinados ou por sermos membros da sociedade. Que raiva ridícula e impotente.

Está bem. Então seus pais não deram tudo o que você queria. Então alguém que você amava traiu você. Então você não é tão alto ou tão bonito ou tão atlético quanto as outras pessoas ao seu redor parecem ser sem esforço. Isso é uma desculpa para ser um idiota? Não utilizar seus outros talentos e apreciar suas outras bênçãos?

Como Marco Aurélio gostava de citar de Eurípides: “Por que você deveria sentir raiva do mundo? Como se o mundo notasse!” E certamente não vai lhe dar reparos porque a Fortuna não foi tão generosa quanto poderia ter sido.

O que é, é. O que importa é o que você vai fazer. Sem desculpas. Sem raiva. Assuma a responsabilidade por sua vida e viva-a. Agora mesmo. Hoje.

Fonte: Daily Stoic, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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