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[VÍDEO] Confira entrevista com Marcelo Pimenta, da Exagro sobre Gestão da Produção

Marcelo Pimenta, consultor sênior e diretor executivo da Exagro, concedeu uma entrevista a Miguel Cavalcanti, do BeefPoint, com o tema Gestão da Produção.

Confira abaixo um resumo da entrevista, bem como o vídeo com ela completa:

Miguel Cavalcanti: Como vocês integram esses dois temas: produção da fazenda, olhando como um negócio, vendo resultado, medindo a eficiência do pasto, do pastejo, do manejo, na rentabilidade e eficiência do negócio?

Marcelo Pimenta: Na verdade, tudo já está integrado, a gente precisa só de uma forma de enxergar isso, porque, o animal que está em cima do pasto está produzindo em função daquele manejo, daquela qualidade, e essa produção desse animal vai gerar uma produção de arrobas e vai gerar uma receita, que é fundamental para o fluxo de caixa da fazenda, que, por sua vez, é um componente primordial na condução, no resultado e não só na rentabilidade, mas na possibilidade dessa fazenda se manter atuante e lucrativa. Então, as coisas já estão integradas.

Ou seja, toda vez que a gente fala de qualquer assunto técnico na pecuária, não tem como não ter gestão envolvida nisso. Até tem; infelizmente, a gente vê muita gente fazendo isso sem atentar para a questão da gestão , mas muitas vezes a produção em si que apresenta um excelente resultado zootécnico, produtivo, nem sempre está atrelado a um resultado econômico, que é o que mantém a pessoa na atividade, então, é necessário integrar isso.

Miguel Cavalcanti: Quais são os cuidados que você recomenda para quem está buscando aumentar a produtividade, acreditando que isso gera uma consequência automática de aumento de resultado. Que cuidados esse pecuarista tem que ter para que o aumento de produtividade seja traduzido em aumento de rentabilidade?

Marcelo Pimenta: Acho que o principal cuidado é a pessoa eleger quais são os seus indicadores. Eu, como investidor, proprietário, pecuarista, quais os números que gostaria de enxergar, quais os resultados gostaria de ver? Então, preciso eleger quais os indicadores que quero.

Os indicadores que a gente considera que são os mais relevantes e importantes são produção de arroba por hectare, margem operacional por hectare e rentabilidade. Então, se a pessoa tem o cuidado de traçar essas metas, esses indicadores já está meio caminho andado para poder se planejar e ver quais as ações, quais os passos, quais os processos precisa montar para poder atingir aquele resultado.

Miguel Cavalcanti:  O que você pode compartilhar de cuidados, erros ou pontos de atenção nesse processo, porque, uma coisa que vejo acontecer demais é muita gente conversando sobre aumento de produção, muita gente falando de aumento de produtividade e isso, por si só, não é um defeito, é muito bom, mas muitas vezes, essa busca por produção não está integrada, mas o desafio é que, para a maioria das pessoas que cometem esse erro, esse é um ponto cego, não é um ponto que ela consegue perceber, então, como a gente poderia ajudar a quem está na busca por aumentar a produção deixar de ter esse ponto cego para ter mais clareza que aumento de produtividade também vai encaminhar para um resultado financeiro melhor?

Marcelo Pimenta: Acho que só tem um caminho para isso: planejamento. Você citou como exemplo uma tecnologia de adubação de pastagem onde se aumenta muito a produção de capim, o suporte, a carga animal em uma determinada área ou até mesmo na fazenda como um todo e produz muito bem no período das águas, potencializa demais a produção, e ganha mais dinheiro com isso, mas tem um entrave que precisa ser solucionado que é a maior necessidade de alívio da carga das águas para a seca.

A gente tem vários jeitos de fazer isso, vendendo garrote no final das águas, comprando garrote no início das águas e vendendo boi gordo no final, tem o confinamento que é uma ferramenta excelente e cabe perfeitamente nisso, tem suplementação a pasto, muita coisa pode ser feita, mas a ferramenta que a pessoa precisa, o ponto que ela precisa enxergar para não ser pega de surpresa na tecnologia, em seus pontos cegos, é trabalhar um planejamento com maior conhecimento possível, abrangente, dentro do sistema de produção.

No planejamento, mesmo que você não saiba o que está fazendo, desde que saiba quais as variáveis e que você tenha uma ajuda, um apoio, e que tenha esse conhecimento de saber as variáveis, ao longo do processo de planejar, de testar as hipóteses de produção no planejamento, os pontos cegos vão aparecer. Isso é fundamental. Você não constrói um prédio de 20 andares sem ter uma boa planta, sem saber qual estrutura, qual material, e qual orçamento você tem para essa obra e uma fazenda não é diferente disso.

Miguel Cavalcanti:  Partindo do pressuposto que o objetivo é aumento de rentabilidade, reforça aqui quais são as três métricas que vocês mais olham, que estão correlacionadas com resultado líquido em uma fazenda de gado de corte.

Marcelo Pimenta: Dentro de todas as avaliações que a gente já vez no benchmark Exagro, já somam mais de 1500 resultados, e a gente faz uma análise estatística criteriosa disso a cada fechamento de ano, temos o tripé do lucro, que onde tem maior correlação com rentabilidade, com margem por hectare, é a produção de arrobas por hectare, produção de arrobas por cabeça e a otimização do custeio para ter a melhor produção de arrobas por hectare e por cabeça possível.

Isso não significa necessariamente ter um custeio baixo, mas ter uma boa qualidade de gastos com dinheiro no dia-a-dia da fazenda, principalmente focando em despesas variáveis, que se transformam em resultado, em produção imediata em termos de ganho de peso, produção animal e produção por hectare e enxugando e otimizando o máximo as despesas fixas, que são as despesas estruturais, de máquina, de pessoal, etc.

Os indicadores chaves são: produção de arrobas por hectares, produção de arrobas por cabeça e margem operacional por hectare/rentabilidade. Os fatores produtivos que têm maior correlação com a margem e com a rentabilidade é a produção por cabeça, produção por hectare e custeio.

Miguel Cavalcanti: Uma coisa que acredito muito é que não é qual tecnologia você usa, mas o quão bom você é em usar qual tecnologia, e a medida para saber o quão bom você é nesse uso da tecnologia é se você consegue produzir mais arrobas por hectare ou por cabeça mantendo um custeio relativamente baixo ou proporcional a essa produção.

Então, não é baixar custos nem aumentar a produção a qualquer custo, mas é esse balanço. E esse balanço de produzir muito com custeio médio/baixo, que as melhores fazendas conseguem, não é qual é a tecnologia que eles usam, mas o quão bons e competentes eles são em suar essas tecnologias. Faz sentido isso?

Marcelo Pimenta: Faz sentido demais e uma coisa que essas fazendas apresentam muita eficiência é entender os pormenores de cada conta dessa. Eles entendem de onde a despesa vem, porque precisa daquele insumo, qual o efeito desse insumo no rebanho ou na pastagem dele, de modo que, se ele entende isso, quando há uma mudança de mercado e ele tem aquilo bem planejado e aquele planejamento está atualizado, ele tem um sistema de métrica e acompanhamento na fazenda, onde aquele planejamento está sempre atualizado.

Toda vez que há uma mudança de cenário, uma mudança de mercado, como a arroba cair, o milho subir, etc, a pessoa tem como flexibilizar seu sistema de produção. A não ser que tenha alguma limitação de tamanho de área ou de região, ou alguma limitação inerente à sua propriedade, na grande maioria das propriedades se você tiver isso na mão e entender de onde vem cada número, entender seu sistema de produção, e os porquês de cada parte, de cada variável daquela, toda vez uma mudança de cenário, onde o que você enxergava ontem como melhor passa a não ser mais o melhor hoje, quando você tem o entendimento da base do que você está fazendo e seu planejamento está atualizado, você está com as duas rédeas de sua fazenda na mão e pode flexibilizar isso.

Então, não é só entender, como você comentou, as melhores fazendas que adotam de maneira eficiente a tecnologia; mas o entendimento dos porquês da tecnologia desde o momento do planejamento tem que estar muito sedimentado na cabeça de todo mundo, não só do gestor, mas do pessoal de campo também, porque eles ajudam demais nessa flexibilização e nessa mudança de atitude ou de nível tecnológico quando o mercado exige.

Miguel Cavalcanti: Já vi você falando que as fazendas mais rentáveis são as que o sistema em si tem uma flexibilidade embutida nele. À medida que o mercado vai mudando, elas conseguem ajustar mudanças dentro do sistema e aproveitar essas mudanças e não ficar travados em coisas do passado.

Marcelo Pimenta: Nos últimos três anos acho que a gente viveu uma roda viva na pecuária em termos de mercado. Nós saímos em pouco tempo de um ágio muito baixo para um ágio absurdo, passamos aí pelo menos dois anos em um ágio acima de 30%, 40% na maioria das praças, a gente saiu de um cenário de arroba que explodiu, recuperou a inflação de não sei quantos anos, deu uma recuperação grande de preço, e o milho se manteve muito baixo, a gente chegava a comprar seis sacas e meia de milho com uma arroba de boi, no Mato Grosso às vezes até muito mais do que isso, e de repente esse mercado inverteu em 2016, o milho explodiu, a arroba parou de subir, e já caiu, esse é um ótimo exercício, é uma pós-graduação em termos de planejamento e condução de fazenda.

Isso prova para nós e mostra claramente como é importante esse tema gestão da produção. Tudo precisa estar embasado em muita estratégia e conhecimento absoluto das variáveis do sistema.

Nenhuma conta pode ser feita isoladamente. Por isso a gente fala que a gestão da produção precisa integrar todas as variáveis do sistema.

Então, volto a dizer: é o conhecimento das variáveis e o planejamento do que você tem pela frente, do que o mercado está indicando e como você vai trabalhar as variáveis dentro do seu sistema de produção é que dão o sucesso do negócio.

Miguel Cavalcanti: Dê um recado/desafio/chamada para ação para quem se interessou por esse assunto.

Marcelo Pimenta: O primeiro passo é: faça uma auto-avaliação. Faça uma reflexão. Olhe para sua volta, dentro da sua fazenda, olhe para seus números e, se não tiver, procure ter esses números, crie um sistema para saber o que está acontecendo com sua produção e com sua rentabilidade, dê uma olhada em volta, no que está acontecendo, no seu ambiente de trabalho, e tente refletir se você está satisfeito com isso. Se está tendo surpresas, pontos cegos, se o mercado está lhe pegando de ‘calça curta’.

Assista a entrevista completa:

Se você quer se aprofundar mais nesse tema, inscreva-se no Fórum Exagro 2017, um encontro de 2 dias (28-29 de junho), em Campinas, SP para debater e aprender sobre esse assunto e também sobre outros 3 temas chaves para a pecuária eficiente, produtiva e lucrativa: http://forumexagro.com.br.

Fonte: BeefPoint.

1 Comment

  1. Graciliano Pereira Fernandes disse:

    Excelente entrevista e iniciativa do Beefpoint em mostra que nos dias de hoje uma fazendo deve ser gerida da mesma forma que qualquer outro tipo de negócio.
    O que mais chama a atenção é constatar que ainda há muitas fazendas que não fazem uma gestão (de modo geral) do seu negócio. Ou seja, ainda se têm arraigado em nosso mente / cultura que produzir proteína e ter rentabilidade é só comprar o boi, colocar no pasto e depois vender.

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