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Vender o boi gordo na fazenda por peso e não por carcaça no frigorífico é abrir mão dos benefícios de um trabalho de longa data – Flávio Portela, ESALQ/USP

Para complementar os esclarecimentos sobre dúvidas relacionadas à comercialização de bovinos de corte e consequente satisfação dos pecuaristas – quanto ao relacionamento entre produtores e frigoríficos – o BeefPoint reuniu diversas opiniões de profissionais relacionados à pecuária de corte, desde profissionais da indústria frigorífica, da carne, insumos e sanidade à produtores; de forma a esclarecer o seguinte questionamento:

Adoção do critério de peso vivo para comercialização dos animais

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Confira o sexto artigo da série de 9 artigos!

Por Flávio Augusto Portela Santos, Departamento de Zootecnia – ESALQ/USP.

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Indiscutivelmente, vender o boi gordo na fazenda por peso e não por carcaça no frigorífico é abrir mão dos benefícios de um trabalho de longa data em termos de melhoramento genético e práticas adequadas de nutrição, sanidade e bem-estar animal. Essa não é uma situação que ocorre apenas no Brasil, nos EUA muitos confinadores também vendem por peso vivo e as justificativas são as mesmas questionadas pelos produtores brasileiros.

Eu entendo em parte a posição de produtores que se revoltam, muitas vezes com toda razão, quando tem a certeza de estarem sendo lesados pela indústria. Nos nossos experimentos também passamos por situações dessa natureza, com comprometimento dos dados experimentais. Já tivemos situação em que em 240 bois vindos da mesma propriedade, terminados em confinamento, com peso final médio de 510 kg, em experimento na ESALQ, metade foram abatidos no frigorífico A com RC=54,5% e outra metade no frigorífico B com RC = 51,5%.

Enquanto a indústria der motivos, e muitas vezes ela realmente dá – para essa desconfiança dos produtores – vai ser difícil o estabelecimento de um relacionamento mais profissional, que realmente favoreça a atuação técnica no processo.

Por outro lado, o produtor também deixa a desejar em vários aspectos nesse processo de profissionalização da cadeia. Animais de baixíssima qualidade ainda são entregues pelos produtores, sem o mínimo de acabamento, sem os cuidados necessários do ponto de vista sanitário e de bem-estar animal. Outro aspecto que chama a atenção é a falta de interesse dos produtores pela implantação de sistemas de classificação de carcaça, provavelmente por saberem que parte dos animais poderão vir a ser penalizados. Infelizmente toda a cadeia perde com isso.

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Confira os artigos da série, já publicados:

Adoção do critério de peso vivo para comercialização dos animais – Veja a opinião de Renato Galindo, do Marfrig

Retrocessos na forma de comercialização, como a negociação no peso vivo, não são bem-vindos – Fabiano Tito, Minerva Foods

 Para a conta fechar, o frigorífico teria que nivelar por baixo, e pagar um rendimento abaixo da média para não correr riscos – Marcelo Pimenta, Exagro

O manejo pré-abate é de responsabilidade de ambos, do produtor e do frigorífico – Mateus Paranhos e Fernanda Macitelli, Grupo ETCO

O pecuarista produz carne e é isso que ele deve comercializar – Mauro Meneghetti, Zoetis

Essa é uma série de artigos idealizada pela Equipe de Conteúdo do BeefPoint, Flaviane Afonso e Gustavo Freitas.

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