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Venda da Moy Park, um negócio positivo para Marfrig e JBS

Um negócio bom para as duas partes. Assim foi avaliada por analistas a venda da irlandesa Moy Park, subsidiária da Marfrig, para a JBS. Diante da necessidade de reduzir seu alto índice de alavancagem, a Marfrig conseguiu um bom preço pela subsidiária, o que se traduziu em uma forte alta das ações – os papéis chegaram a subir mais de 10%. Do lado comprador, a alta foi mais modesta, mas os analistas creem que a JBS gerará valor com a nova aquisição.

Na BM&FBovespa, os papéis da Marfrig dispararam e fecharam a segunda- feira com valorização de 9,73%, a maior dentre as ações compõem do Ibovespa. Os papéis da JBS subiram 1,15%. O Ibovespa subiu bem menos: 0,21%.

Na avaliação do UBS, a JBS pagou um preço alto porém “justo” pela Moy Park – considerada um “bom negócio”. Pelas contas do UBS, a aquisição saiu por um múltiplo (valor empresarial sobre Ebitda em doze meses) de 8,7 vezes. Em 2008, quando adquiriu a Moy Park do grupo OSI, a Marfrig pagou um múltiplo de 5,6 vezes.

Apesar da necessidade de reduzir a alavancagem da Marfrig, que chegou a 6,2 vezes no fim do primeiro trimestre, o fundador e presidente do conselho de administração da empresa, Marcos Molina, disse ontem que a Marfrig não tinha necessidade de vender a Moy Park já que poderia obter recursos para reduzir a dívida a partir do IPO da subsidiária, como era seu plano inicial. “Não precisaria ter vendido. Foi muito mais estratégico”, disse Molina.

Contudo, o preço “bastante adequado” e a orientação estratégica de ter foco no food service estimularam a aquisição, reforçou o vice-presidente de planejamento e relações com investidores da Marfrig, Marcelo Di Lorenzo. Segundo ele, a Moy Park é uma empresa concentrada no varejo, diferentemente das duas unidades de negócios da empresa: as operações de carne bovina no Mercosul (Marfrig Beef) e a americana Keystone, especializada no atendimento de redes de restaurantes e com forte atuação na Ásia e EUA.

Segundo Di Lorenzo, a venda da Moy Park “resolve” a estrutura de capital da Marfrig e não há mais qualquer necessidade de venda de outros ativos. O executivo estimou que o índice de alavancagem pro-forma cairia para 4 vezes caso o negócio já estivesse concluído. Além disso, a transação permitirá à Marfrig adiantar a meta de alavancagem de 2,5 vezes para antes de 2018, afirmou.

Conforme projeções da agência de classificação de risco Fitch Ratings, esse índice pode ficar entre 3,5 vezes e 3,7 vezes. Mais pessimista, a analista do Besi, Catarina Pedrosa, concordou que a Marfrig conseguiu um bom preço, mas ponderou que a alavancagem ainda é “desconfortável”.

No geral, porém, os analistas, reagiram bem. “O desinvestimento vai permitir à companhia continuar a reduzir o custo da dívida”, avaliaram os analistas do Bank of America Merrill Lynch (BofA). Durante a teleconferência, o vice-presidente de finanças da Marfrig, Ricardo Florence, estimou que a companhia economizará cerca de R$ 300 milhões anuais em juros.

Do ponto de vista operacional, a expectativa é que agora a Marfrig tenha mais fôlego para aproveitar a abertura dos mercados dos EUA e da China para a carne bovina brasileira.

“Já era esperado que a Marfrig tomasse alguma decisão para diminuir a alavancagem (relação entre dívida líquida e geração de caixa)”, diz Luciana de Carvalho, analista da BB Investimentos. Segundo ela, a empresa já sofria de alavancagem alta há algum tempo e esta era a maior preocupação dos analistas. Com a venda, a empresa irá reduzir significativamente sua dívida e melhorar seu perfil financeiro.

No primeiro trimestre de 2015, a dívida líquida da Marfrig era de 10,73 bilhões de reais. Com a venda da Moy Park, o valor cairia para 5,7 bilhões, tomando-se como base um câmbio de 3,10 reais por dólar e a dívida ao final do primeiro trimestre, afirmou a empresa.

Antes da venda, ela tinha uma alavancagem de 6,2, que irá cair para cerca de 4,4, segundo analistas de mercado.

Para Luciana, a companhia deve buscar, agora, crescer de forma saudável e sustentável, preocupada com a alavancagem. O foco deve ser geração de caixa, aumentar a produtividade e diminuir despesas em suas duas divisões restantes.

Segundo o CEO da Marfrig, o Martin Secco, o menor pagamento de juros abrirá espaço para investimentos, e a empresa já estuda antecipar para 2016 aportes em aumento de capacidade de agregação de valor na Keystone. Além disso, os executivos consideram que, operacionalmente, não havia sinergia “relevante” entre a Moy Park e as outras divisões da companhia.

Com boas perspectivas para a Keystone e também para a exportações de carne bovina da Marfrig Beef, o presidente do conselho de administração da Marfrig, Marcos Molina descartou qualquer aquisição, ao menos até 2016. “A potencialidade que temos para aproveitar dentro de casa é muito grande”, justificou.

Fonte: Valor Econômico e Exame.com, adaptada pela Equipe BeefPoint.

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