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Veja como um governo pode impactar o mercado e a produção de carne de um país – conheça o caso Argentina

Reclama-se muito sobre o governo e sobre como ele complica os negócios rurais, mas podia ser pior. Veja a Argentina, por exemplo. O país já foi um dos mais ferozes competidores do mercado mundial da carne bovina há apenas sete anos.

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Em 2005, os produtores da Argentina produziam mais de 3,1 milhões de toneladas de carne bovina, exportando 745.000 toneladas. A Argentina era o terceiro maior exportador de carne bovina do mundo (depois do Brasil e da Austrália) em 2005.

Além disso, o país exportava toda essa carne enquanto também supria as demandas internas, que tinha a segunda maior taxa anual de consumo de carne bovina do mundo, de mais de 61,7 quilos por pessoa.

Como referência, as exportações de carne bovina dos Estados Unidos em 2005 eram de 472.668 toneladas e o consumo per capita de carne era de 42,6 quilos por pessoa.

Isso há sete anos. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reportou que a Argentina exportou somente 164.000 toneladas em 2012, caindo para a 11ª posição  como exportador global de carne bovina. O consumo per capita declinou para 54,9 quilos por ano. Durante os mesmos sete anos, as exportações de carne bovina dos Estados Unidos aumentaram de 472.668 toneladas para mais de 1,13 milhão de toneladas.

O declínio nas exportações de carne bovina da Argentina é uma boa notícia para os pecuaristas americanos e brasileiros. Afinal de contas, quanto menos carne os argentinos oferecem ao mercado mundial, menor a competição para as exportações de carne dos outros países. Porém, os problemas da Argentina também servem como um alerta sobre o quão rapidamente políticas ruins do governo podem prejudicar a indústria.

Em março de 2006, o governo da Argentina, em um esforço para reduzir o aumento dos preços da carne bovina à sua população, proibiu as exportações de carne por 180 dias. Isso foi seguido pela imposição de uma tarifa de exportação de 15% sobre a carne bovina fresca, uma tarifa que ainda está em funcionamento. A tarifa de exportação pressionou as exportações e os preços domésticos da carne caíram.

O governo assumiu que os pecuaristas e produtores continuariam produzindo carne barata. Porém, ao invés disso, eles reduziram seus rebanhos e converteram seus pastos em campos para produção de soja, que era mais lucrativo do que criar gado para um mercado de carne artificialmente deprimido. A área plantada de soja na Argentina aumentou de 15,22 milhões de hectares em 2005 para mais de 19,4 milhões de hectares em 2012 – sendo que a maioria desses novos hectares vieram da produção de pastagem e outras culturas, como milho.

O rebanho nacional de gado de corte caiu de 54,26 milhões de cabeças em 2009 para 49,59 milhões de cabeças em 2012. Além de criar menos animais, os produtores também liberaram terras para colheitas, terminando o rebanho em confinamento ao invés de produzir carne a pasto, pela qual o país era famoso.

“Eu me sinto realmente mal sobre o que aconteceu ao negócio pecuário na Argentina nos últimos seis anos”, disse o pecuarista da Província de Entre Rios, Leonardo Airaldi. Ele e sua família tem dois grandes rebanhos bovinos que produzem cerca de 2.000 cabeças por ano para o mercado.

Eles criam seus animais por mais de um ano em pastagem e, então, os terminam com ração à base de silagem e milho. A família Airaldi também vende parte de sua produção como gado de cria Hereford e Red Angus.

Como seus vizinhos, Airaldi converteu grande parte de sua melhor terra em produção de soja. A terra que foi convertida em produção de soja não voltará a ser pastagem, disse Carlos Becco, chefe da Soybean LAS para a Sygenta Agro S.A. na Argentina. Essa terra vale muito agora para voltar a ser pasto permanente.

Fonte: Revista Beef Magazine, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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