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Veja as principais sacadas do Webinário Especial AgroTalento – Mulheres de Destaque no AGRO

O BeefPoint e o AgroTalento promoveram o Webinário Especial AgroTalento – Mulheres de Destaque no AGRO ontem, dia 08/03, no Dia Internacional da Mulher. Miguel Cavalcanti deu início ao webinário, dizendo que notou como o mercado está mudando nessa questão da presença das mulheres na agropecuária. “De quando me formei para hoje, a quantidade de mulheres está muito maior”. Ele disse que as habilidades que o mercado busca hoje são mais encontradas em mulheres do que em homens.

A primeira convidada a falar foi Adriana Bocchi, zootecnista, professora da Universidade Federal de Goiás, na área de melhoramento genético animal. Ela contou um pouco de sua trajetória profissional, dizendo que não veio de família da área de agropecuária e que sentiu falta da vivência a campo. Assim, após fazer mestrado e doutorado na área de melhoramento genético, ela passou oito anos dando consultoria a campo, o que, segundo ela, mudou totalmente sua visão e sua forma de dar aulas. Há dois anos ela voltou para a academia, passando a ser professora.

A primeira sacada que ela deu foi relacionamento. “Eu acho que é o ponto chave. O ser humano é para viver em comunidade, não vive isolado”. Ela disse que aconselha seus alunos a fazer disciplinas em outras áreas, de outros cursos da universidade, para aprimorar essa questão de relacionamento. “Coisas que você aprende em outras áreas, você pode trazer para a sua”.

A segunda sacada citada por Adriana foi organização do tempo. Ela disse que aboliu da vida dela coisas que não acrescentavam nada, trocando por coisas que acrescentam. “Isso mudou bastante a minha vida”.

A segunda a falar foi Juliane Diniz Magalhães, veterinária, mestre e doutora em nutrição e produção animal pela USP, gerente de ruminantes Região Sul na empresa  Oligo Basics. Ela disse que é neta de produtores e cresceu na fazenda. Após se formar, fez mestrado e doutorado na USP de Pirassununga, quando surgiu a oportunidade de trabalhar no Paraná. Hoje, ela mora em Ponta Grossa.

Ela começou sua participação contando uma história sobre uma propriedade que visitou, em que somente a mulher cuidava da produção leiteira. A mulher era modelo e se casou com um produtor rural. Ela nunca tinha ajudado nessa área e, há cinco anos, o marido faliu. Essa mulher resolveu assumir a área de pecuária leiteira e reerguê-la. O marido disse que não a ajudaria nisso. Ela fez mesmo assim e conseguiu obter ótimos resultados.

Questionada sobre o que aprendeu com essa mulher, ela disse: “Não interessa como você é, o que você faz: se você tem determinação e foco, se o seu objetivo é aquele, você vai conseguir. Uma das coisas que ela me falou foi que aprendeu muito com os funcionários. O primeiro desafio que ela teve foi mandar um funcionário embora, que disse a ela que não aceitava ser mandado por mulher”.

Miguel perguntou se ela tinha uma dica sobre como conquistar seu espaço dentro da família. “Eu demorei alguns anos depois que terminei a faculdade para conseguir conquistar respeito dentro de casa”. Ela disse que, mesmo à distância, começou a constituir um diálogo dentro de casa, o que, segundo ela, foi consequência do AgroTalento. Ela disse que pela primeira vez agora no Carnaval eles fizeram uma reunião em família para falar sobre a fazenda, para definir o que querem fazer e quem vai fazer o que. Ela disse que a fazenda é cuidada por seu avô e por um tio e, agora, a terceira geração, os netos, que assumirão. “São dois veterinários e dois agrônomos”.

Sabrina Tinoco, engenheira agrônoma, formada pela Universidade Federal de Viçosa, trabalha na Caterpillar há cinco anos, foi a terceira a compartilhar experiência. Ela disse que, apesar de a Caterpillar não fabricar máquinas agrícolas, há um segmento de clientes desse setor. Ela também participa do comitê de igualdade de gêneros na empresa, um grupo de troca de experiências entre mulheres.

Sobre isso, ela disse que percebeu que todas as mulheres, infelizmente, especialmente aquelas que trabalham em empresas muito masculinas, como a Caterpillar e as empresas agrícolas, falam sobre a dificuldade de se posicionar, de enfrentar ambientes essencialmente masculinos, especialmente quando as mulheres estão em posição de liderança. Ela diz que a maioria das pessoas na liderança ainda é de homens.

O que elas contam para nós, nos casos de sucesso, é que conseguiram isso através de dedicação, de mostrar o trabalho, de mostrar os resultados. Conseguir se posicionar no ambiente de trabalho de uma maneira eficiente, sem deixar de ser feminina”.

Que conselho você daria para uma amiga sua que está começando a trabalhar no mundo corporativo. O que fazer e o que não fazer?, pergunta Miguel. “Definitivamente para não fazer eu diria para ela não tentar ser igual aos homens, porque isso não faz parte da natureza feminina. Sobre o que ela deve fazer, sempre acumular conhecimento, resultados, fazer o networking, procurar conselhos de mulheres que são mais seniores, que são líderes, aprender como essa pessoa se comporta e lida com as situações mais difíceis, porque isso é importante para nós, mulheres. Ter essa postura no ambiente profissional faz com que sejamos bem recebidas em todos os lugares”.

Lidiane Floresta, que trabalha na Syngenta, gestão de contas, distribuidores e implementação de estratégias , engenheira agrônoma, formada pela Universidade Rio Verde, foi mais uma convidada. Ela trabalhou um tempo em um escritório de consultoria, começou um mestrado, mas sonhava em trabalhar em uma multinacional, atuando a campo. Essa oportunidade surgiu quando ela fazia o mestrado.

Ela disse que uma das coisas marcantes que aprendeu foi com uma chefe mulher, que lhe disse: “Como você quer trabalhar diretamente no campo, queira ser reconhecida pela profissional que você é, como mulher. Não que eu tivesse que ter atitude de homem, mas ela sempre cobrava de mim postura profissional”. Ela disse que isso a marcou muito e que sempre procurou com resultados e empenho crescer profissionalmente, embora tenha admitido que teve que “comer muita poeira” para chegar na posição de destaque que ocupa hoje na empresa que trabalha.

Ela disse que o campo agrícola é mesmo difícil para mulheres ainda hoje, mas que deve-se ter foco, determinação e aproveitar os obstáculos como um trampolim para a próxima promoção ou desafio. “A grande sacada de tudo isso é a gestão de conflitos”. Ela disse que esse foi um tema discutido no AgroTalento: “como lidar com pessoas difíceis”. Ela disse que aprendeu a tentar entender a motivação de pessoas difíceis (cliente ou fornecedor) e a não reagir de bate-pronto – sempre pensar antes de agir.

Miguel pediu que elas citassem o que aprenderam com o AgroTalento, já que todas foram alunas.

O AgroTalento me trouxe mais essa visão de relacionamento”, disse Adriana. “Na verdade eu já tinha essa visão, mas isso me fortaleceu muito dentro do AgroTalento, por causa dos grupos, dessa interação, de ver essa rede do bem, das pessoas querendo se ajudar. Isso fortaleceu muito minha consciência de relacionamento”.

O que o AgroTalento me ensinou é que essas relações interpessoais – que eu já sabia – eram muito importantes e que só se reestabeleceram e se fortaleceram. Fora isso, bem mais do que o conteúdo, me mudou como pessoa, o jeito de lidar com as coisas. Eu ainda tenho muita coisa para melhorar, me cobro bastante. É questão de organização, de você saber o que está fazendo, de gastar seu tempo com coisa que realmente é importante, beber mais água”, disse Juliane. Ela disse também que sua família notou a mudança em seu comportamento – para melhor – e que, inclusive, seu irmão participará da próxima turma do AgroTalento.

Em relação ao AgroTalento, o que para mim foi fundamental, é que nosso sucesso profissional é formado por diversos pilares – e você tem que se dedicar e ter a consciência dentro de cada um dos pilares sobre como você pode melhorar, como você pode aplicar, como vai passar isso para outras pessoas, como vai se relacionar com outras pessoas, dentro desses grupos de conhecimento, para que você seja melhor a cada dia e fazer o seu ambiente também melhor a cada dia. Uma vez que você acumula conhecimento, torna-se uma pessoa melhor, também consegue contribuir cada vez mais com o ambiente que você vive, e tornar esse ambiente melhor”, disse Sabrina.

No final, Miguel pediu que elas dessem dicas finais sobre algumas dificuldades tipicamente femininas. “Ser extremamente firme, mas gentil”, no caso de situações envolvendo machismo ou constrangedoras de alguma forma, disse Adriana. Já Juliane deu dicas sobre manter a postura firme diante de qualquer tipo de assédio que possa ocorrer, bem como manter a imagem de seriedade e profissionalismo durante o trabalho.

Fonte: AgroTalento.

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