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Varejistas europeias descumprem acordo voluntário contra desmate, diz ONG

Treze redes de varejo da Europa ainda não cumprem um compromisso que assumiram voluntariamente para interromper suas compras de alimentos, inclusive carne, feitos com soja colhida em áreas que foram desmatadas após agosto de 2020. A conclusão é de um levantamento da organização ambientalista Mighty Earth.

As empresas assinaram o acordo – que prevê a interrupção de compras de soja produzida em áreas com desmatamento legal e ilegal – em outubro do ano passado. A ONG identificou que, na cadeia de fornecimento dessas varejistas, que compram soja das cinco principais tradings que atuam no Brasil, há produtores que desmataram 27 mil hectares – dos quais, 613 hectares de maneira ilegal – em dez fazendas no Cerrado depois da data-limite prevista no compromisso. As propriedades ficam no Matopiba (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

O levantamento, feito com apoio da consultoria Aidenvironment, utilizou dados do Prodes para o período até julho de 2021 e do DETER nos meses seguintes, além de informações de outros serviços e satélites para confirmar a data dos desmatamentos e o perfil da produção nas áreas. Entraram na lista apenas fazendas com registros de áreas de mais de 100 hectares desmatados. 

A ONG não especificou se houve plantio de soja imediatamente após o desmate dessas áreas, mas observou que, no Cerrado, é comum que o cultivo do grão ocorra apenas cinco anos após o desmatamento. Isso significa que a produção de soja fora do compromisso pode ainda ocorrer. 

Algumas áreas de risco já foram mapeadas. A Mighty Earth identificou que, nos 12 meses após agosto de 2020, foram desmatados mais de 106 mil hectares em fazendas no Cerrado que no momento já cultivam soja e que estão a um raio de 50 quilômetros de ao menos um silo de grandes traders. Se for considerado um raio mais amplo, a área sob risco de estar fora do acordo voluntário dos varejistas é maior, disse a ONG. 

A organização também compilou informações de desmatamentos fora da data de corte em outros países. Na Bolívia, a Mighty Earth identificou o surgimento de cultivos de soja em áreas desmatadas após novembro de 2020. Na Argentina, o Greenpeace identificou mais de 10 mil hectares desmatados também depois dessa data. 

A Mighty Earth recomendou que os varejistas investiguem e interrompam os laços com as tradings que compram soja de produtores que desmataram após 2020 e que incluam nos contratos comerciais cláusulas garantindo produtos livre de conversão e desmatamento. A ONG sugeriu ainda que as varejistas exijam das empresas de carne compromissos de vender ao menos 20% de proteínas plant-based ou alternativas até 2030.

Assinaram o acordo as companhias Ahold Delhaize, ALDI South, ALDI North, ASDA, Co-op (UK), Co-op Switzerland, Lidl, Marks & Spencer, Migros, Sainsbury’s, Tesco, Waitrose & Partners e Woolworths Group, que, somadas, têm mais de 50 mil estabelecimentos. A data-limite prevista no acordo voluntário é próxima à que os legisladores europeus querem estabelecer no projeto de lei que proibirá a importação de commodities associadas ao desmate.

No último ano, outras empresas apresentaram voluntariamente compromissos semelhantes. Foi o caso de redes de varejo do Reino Unido que representam 60% das importações de soja do país, que estabeleceram janeiro de 2020 como data-limite

Fonte: Valor Econômico.

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