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Valorizado, milho deverá ter área plantada maior no verão

O plantio da safra de milho já está em andamento no país, e a expectativa é que a área destinada ao cereal cresça neste ciclo 2021/22. Isso por causa da oportunidade de mercado criada após as duas principais safras do cereal enfrentarem quebra em 2020/21 – o que fez a produção total cair 16,4% em relação a 2019/20. Mas a expansão deverá ser modesta, segundo as primeiras previsões do mercado.

Entre as consultorias, as previsões de área a ser destinada ao milho verão estão entre 4,38 milhões e 4,53 milhões de hectares; o cálculo da Conab para 2020/21 é de 4,35 milhões de hectares.

Apesar de uma janela de mercado estar aberta, na visão de analistas, a concorrência com a soja impede avanço mais forte. “Não chegará a ser um aumento de área [de milho], apenas uma interrupção na queda que temos visto ano após ano”, resume Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócio.

Para Paulo Molinari, da Safras & Mercado, o avanço da área também é limitado pelo custo de produção e pela incerteza com o preço futuro, o que fez muitos agricultores adiarem o investimento na safrinha de 2022. “Também tem a questão da cigarrinha [inseto que causou perdas no ano passado]”, reforça o analista.

Apesar de os custos terem subido mais de 52% no Rio Grande do Sul, segundo a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro-RS), Cogo não vê grande diferença nas margens de soja e milho no Estado. “O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) é próximo a 58% nos dois casos. Como o desembolso no milho é maior, o produtor pode ficar receoso, mas a produtividade é mais alta e os preços estão bem atrativos”, afirma.

O vácuo deixado pela quebra em 2020/21 criou um cenário de preços mais atraente ao produtor. Um exemplo é o indicador Cepea. Ontem, a saca de 60 quilos de milho estava valendo R$ 92,81, valor 56,8% maior que o do mesmo dia de 2020 (R$ 59,19).

“O produtor tem chance de ter um faturamento melhor do que com a soja, com certeza. Vender milho a R$ 90, com uma produtividade de 140 a 150 sacas, não é nada absurdo para Paraná e Mato Grosso do Sul, por exemplo. É uma grande oportunidade”, afirma Cesario Ramalho, presidente institucional da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho).

O dirigente relata, que muitos agricultores estão com dificuldades para encontrar sementes com resistência à cigarrinha por causa da forte demanda. Mas Ramalho lembra que a produtividade ainda pode ser muito maior. “Os Estados Unidos produzem 12 toneladas por hectare, enquanto ficamos em torno de 5 a 6 toneladas. Há espaço para melhorar”, diz.

Os preços também estão atrativos em Chicago, mesmo com os recuos recentes. Diante da quebra no Brasil e de estoques mundiais apertados, o grão no mercado futuro subiu quase 40% em 12 meses na bolsa, segundo cálculos do Valor Data. Na Argentina, o cenário deverá levar a uma área recorde de milho em 2021/22 – 7,1 milhões hectares, de acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires.

Essa soma de fatores, positiva ao agricultor, também significa que os criadores de aves e suínos deverão continuar com custos elevados, uma vez que o milho é um insumo importante na ração.

Independentemente do aumento de área e da redução nas exportações (estimada em 40%), o esperado alívio nos preços deverá ocorrer apenas após a safrinha de 2022, no segundo semestre. “Para o verão, o agricultor terá uma boa oportunidade de mercado, sem dúvida. O problema de abastecimento brasileiro irá até a entrada da próxima safrinha. Há espaço para preços altos até la”, acrescenta Molinari.

Fonte: Valor Econômico.

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