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Utilização de sêmen sexado para a produção de embriões de vacas Nelore (Bos indicus) com IATF

Hoje em dia está disponível no mercado a comercialização de sêmen sexado, seja ela para produção de machos ou de fêmeas. As empresas têm assegurado uma precisão superior a 85 %, ou seja, a cada 100 produtos nascidos provenientes da utilização de sêmen sexado 85 ou mais será do sexo escolhido. Entretanto, na prática, tem sido notado que a utilização de sêmen sexado tem diminuído as taxas de prenhez e produção embrionária quando comparado ao sêmen convenciona, porém seu uso poderá trazer maior proporção de animais do sexo desejado. Fica a critério do produtor a análise do custo benefício do uso do sêmen sexado.

Hoje em dia está disponível no mercado a comercialização de sêmen sexado, seja ela para produção de machos ou de fêmeas. As empresas têm assegurado uma precisão superior a 85 %, ou seja, a cada 100 produtos nascidos provenientes da utilização de sêmen sexado 85 ou mais será do sexo escolhido. Assim, a utilização de sêmen sexado para a produção de embriões, seja in vivo ou in vitro, pode ser maximizada para o sexo desejado. Entretanto, na prática, tem sido notado que a utilização de sêmen sexado tem diminuído as taxas de prenhez e produção embrionária quando comparado ao sêmen convencional.

Com base neste aspecto, alguns pesquisadores têm trabalhado para poder viabilizar a utilização do sêmen sexado na produção de embriões. Assim sendo, o objetivo deste artigo será discutir um trabalho no qual foi avaliado o efeito do atraso da inseminação artificial em tempo fixo (IATF) com sêmen sexado na produção de embriões de vaca Nelore (Bos indicus) superovuladas (Baruselli et al., SBTE 2008). Para isso 12 vacas Nelore (Bos indicus) superovuladas foram utilizadas.

Um ponto muito interessante deste estudo foi que os autores tiveram a preocupação de que todas as doadoras passassem por todos os tratamentos (12 doadoras x 3 tratamentos = 36 superovulações), a fim de evitar variação individual das doadoras nos resultados.

O tratamento superestimulatótrio utilizado consistiu na utilização de um implante auricular de norgestomet associado ao benzoato de estradiol no início do tratamento (D0). No dia 4, realizou-se a superestimulação folicular com FSH em 8 doses decrescentes de 12/12 horas, sendo os implantes auriculares retirados 36 horas após a administração de D-cloprostenol (dado juntamente com a última dose de FSH). No dia 8 (12 horas após o último FSH), administrou-se o indutor de ovulação (GnRH). A IATF com sêmen sexado (5,0×106 sptz/IA) foi realizada 12 e 24 ou 18 e 30 horas após a administração de GnRH e com sêmen convencional (40×106 sptz/IA) 12 e 24 horas após a administração de GnRH. No dia 15 realizou-se a colheita dos embriões.

O sêmen utilizado no experimento foi de uma única partida de um único touro. No laboratório, o ejaculado foi dividido, sendo que parte foi destinada para o congelamento tradicional e parte para o processo de sexagem com posterior congelamento.

Foram avaliadas as seguintes variáveis: total de estruturas, número de embriões viáveis, número de embriões congeláveis, número de oócitos não fertilizados e número de embriões degenerados. Os efeitos dos tratamentos sobre as variáveis analisadas estão apresentados na tabela abaixo (Tabela 1).

Tabela 1. Variáveis (média  EP) analisadas em vacas Nelore (Bos indicus) superovuladas e inseminadas em tempo fixo com sêmen convencional ou sexado em três diferentes tratamentos

Clique na imagem para ampliá-la.

Os autores comentam que os resultados são indicativos que o uso do sêmen sexado diminui o número de embriões viáveis, de embriões congeláveis e de oócitos não fertilizados em comparação ao sêmen convencional. Entretanto, o atraso do momento da inseminação proporciona aumento do número de embriões viáveis. Assim, eles acreditam que apesar da diminuição da produção de embriões com o emprego do sêmen sexado, é possível aumentar o número de embriões viáveis quando a IATF é realizada 18 e 30 horas após o indutor de ovulação em vacas Nelore (Bos indicus) superovuladas.

Como comentado no início deste artigo, a utilização de sêmen sexado não apresenta os mesmos resultados que o sêmen convencional, porém existem estratégias com as quais é possível melhorar esses índices. Assim, antes de iniciar um programa de superovulação com sêmen sexado deve-se ponderar que este possuí menores índices, quando comparado ao sêmen convencional, porém seu uso poderá trazer maior proporção de animais do sexo desejado. Fica a critério do produtor e do veterinário a análise do custo benefício do uso do sêmen sexado, lembrando que no caso da opção pelo seu uso, a IATF deve ser atrasada para a obtenção de melhores resultados.

Referência Bibliográfica

Baruselli, P.S.; Martins, C.M.; Reis, P.O.; Ayres, H.; Ferreira, R.M.; Sales, J.N.S.; Crepaldi, G.A. 2008. Produção de embriões de vacas Nelore (Bos indicus) inseminadas em tempo fixo com sêmen sexado. Acta Scientiae Veterinariae 36(Supl. 2):602.

7 Comments

  1. Telio Bueno Campos disse:

    Muito interessante e elucidativo o artigo.

    Certamente ele irá despertar nos criadores a curiosidade sobre o uso do semem sexado em inseminação convencional, onde há alguns pontos a considerar:

    – Por se tratar de material de alto custo sua aplicação deve ser feita por inseminador experiente e com índices conhecidos.

    – O processo de obtenção do semem sexado é estressante para o espermatozoide, por isto as taxas de prenhes são mais baixas que no semem convencional.

    – Pela sua mais baixa fertilidade, as próprias empresas de inseminação recomendam seu uso somente em novilhas virgens, onde a chance de sucesso são bem maiores, baixando o custo do emprego do material.

    – Por suas próprias caracteristicas de fertilidade e tempo de vida dentro do trato reprodutivo feminino, não é recomendado o uso do semem sexado em protocolos de inseminação em geral, o uso em IATF tem produzido resultados desastrosos.

    -Evitar ao máximo a exposição da palheta a luz solar. Ao preparar a inseminação retirar a palheta do botijão e colocá-la imediatamente na água a 35 graus, não deixando nunca que o tempo entre a retirada do semem do botijão e sua efetiva aplicação ultrapasse 15 minutos.

  2. Henderson Ayres disse:

    Prezado Telio Bueno Campos,

    Muito obrigado pelos comentarios pertinentes.

  3. Sivaldo Barbosa Goes disse:

    Muito bom o trabalho!

    Sr. H. Ayres e equipe, observa-se a importância da constante pesquisa e elucidação dos fatos – há pouco tempo algumas empresas e principalmente vendedores de sêmen, prometiam “verdadeiros milagres” com sêmen sexado: muito sêmen, mão-de-obra e tempo jogados fora.

    Na ganância do poder de mercado, antes do total domínio absoluto de uma tecnologia, se produz resultados extremamente desastrosos.

    Parabens aos nossos pesquisadores na área de reprodução bovina, agregam valores a tecnlogia, à produtividade, a ciência e ao desenvolvimento humano.

  4. Mário Reis disse:

    Boa noite,

    O trabalho está interessante no entanto fico com algumas dúvidas! Quais são as tecnicas laboratoriais de escolha do semen sexado? Será que pode me dizer algum artigo publicado que foce isso?

  5. Henderson Ayres disse:

    Caro Mário Reis
    a tecnica mais utilizada a citometria de fluxo. Quanto a trabalhos cientificos, você procurar no site do PubMed.

  6. jeova filho disse:

    Gostaria de saber qual a principal esplicação de se atrasar a IA, quando usado semen sexado????

  7. jeova filho disse:

    Boa noite….e queria parabenizalo por nos tirarmos tantas duvidas!!!

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