Mercados Futuros – 17/09/07
17 de setembro de 2007
Indicador recua e relação de troca chega a 1:2,14
19 de setembro de 2007

Uso do ultra-som no momento da emergência folicular para predizer a resposta superovulatória de vacas e novilhas de corte

Mesmo após o aparecimento de protocolos que possibilitam a superovulação e inseminação em tempo fixo com o uso de implantes ou dispositivos de progesterona ou progestágenos associados à diferentes estrógenos para sincronizar o momento da emergência folicular, existe muita variação na resposta superovulatória individual em bovinos de corte e leite. Em geral, cerca de 30% dos animais não produzem nenhum embrião. Além disso, apenas 30% dos animais superovulados produzem aproximadamente 70% dos embriões. Desta forma, devido ao custo dos hormônios utilizados em procedimentos superovulatórios, existe a necessidade de se tentar predizer o potencial de produção de embriões de um determinado animal após a superovulação.

Mesmo após o aparecimento de protocolos que possibilitam a superovulação e inseminação em tempo fixo com o uso de implantes ou dispositivos de progesterona ou progestágenos associados à diferentes estrógenos para sincronizar o momento da emergência folicular, existe muita variação na resposta superovulatória individual em bovinos de corte e leite. Em geral, cerca de 30% dos animais não produzem nenhum embrião. Além disso, apenas 30% dos animais superovulados produzem aproximadamente 70% dos embriões.

Desta forma, devido ao custo dos hormônios utilizados em procedimentos superovulatórios, existe a necessidade de se tentar predizer o potencial de produção de embriões de um determinado animal após a superovulação. Neste sentido, estarei mostrando alguns resultados de 3 experimentos com vacas e novilhas de corte que utilizaram exames ultra-sonográficos para tentar predizer a resposta superovulatória destes animais. Favor consultar os artigos originais para maiores detalhes quanto aos métodos utilizados em cada experimento.

• Experimento 1 – vacas mestiças Hereford [Singh et al., 2004];
• Experimento 2 – novilhas de corte [Ireland et al., 2007];
• Experimento 3 – vacas Nelore [Martins et al., 2007].

No experimento 1, foram utilizados métodos hormonais (estradiol + progesterona) ou aspiração folicular para sincronizar o momento da emergência da onda folicular de vacas mestiças Hereford no pós-parto (n=141). Foi utilizado um exame ultra-sonográfico próximo ao momento da emergência folicular. Os animais foram classificados conforme o número de folículos maiores ou iguais à 2mm no momento da emergência folicular.

Em seguida, 10% dos animais que apresentaram maior número de folículos e 10% dos animais que apresentaram menor número de folículos foram re-sincronizados e submetidos a tratamentos superovulatórios. Os animais com maior número de folículos na emergência folicular apresentaram mais que o dobro de folículos superovulados ≥ 8mm se comparado com o grupo de menor número de folículos na emergência (~23 folículos vs ~10 folículos ≥ 8mm).

Assim, o principal achado deste artigo é que existe uma grande correlação entre o número de folículos que estão presentes durante a emergência folicular e o número de folículos que respondem a estímulos superovulatórios. Estes autores ainda observaram que o número de folículos recrutados em uma determinada onda folicular está intimamente correlacionado com o número de folículos na onda sucessiva.

O experimento 2, utilizando novilhas de corte, classificou os animais como: alto número de folículos (≥ 25 folículos maiores que 3mm no momento da emergência) ou baixo número de folículos (≤ 15 folículos maiores que 3mm no momento da emergência). Em um total de aproximadamente 20 coletas de embrião por grupo, estes pesquisadores encontraram que os animais com maior número de folículos no momento da emergência da onda apresentaram maior produção de estruturas totais e embriões transferíveis, como mostra a Tabela 1 a seguir (Adaptada de Ireland et al., 2007).

Tabela 1. Total de estruturas e número de embriões transferíveis de acordo com o pico do número de folículos maiores ou iguais à 3mm em novilhas de corte com ≥ 25 folículos maiores que 3mm (alto número de folículos) ou com ≤ 15 folículos maiores que 3mm (baixo número de folículos)


No experimento 3, foi utilizado métodos hormonais BE + P4, para sincronizar o momento da emergência da onda folicular em vacas Nelore no pós-parto. Aproximadamente no dia da emergência folicular (4 dias após o início dos tratamentos hormonais – D4), foi utilizado um exame ultra-sonográfico para contagem de folículos ≥ 2mm. A Tabela 2 (Adaptada de Martins et al., 2007) mostra a correlação entre o número de folículos encontrados no dia 4 (emergência), com o número de folículos ≥ 8mm no momento do LH, número e CL no dia da coleta (D15) e o total de estruturas coletadas em vacas Nelore superovuladas.

Tabela 2. Correlação e nível de significância (P-value) da correlação para o número de folículos no D4, número de folículos no momento do LH, número de CL no D15 e número de estruturas coletadas em vacas Nelore


Desta forma, os resultados destes 3 experimentos sugerem que um simples exame ultra-sonográfico próximo ao momento de emergência folicular para contagem do número de folículos maiores que 2 a 3mm pode ajudar a predizer a resposta superovulatória de vacas de corte. Este tipo de procedimento pode ser utilizado para filtrar os melhores animais e, assim, melhorar a resposta superovulatória de bovinos de corte.

Referências bibliográfica:

Singh, J., Dominzes, M., Jaiswal, R., Adams, G.P. 2007. A simple ultrasound test to predict the superstimulatory response in cattle. Theriogenology 62 (2004) 227-243.

Ireland, J.J., Ward, F., Jimenez-Krassel, F., Ireland, J.L.H; Smith, G.W.; Lonergan, P; Evans, A.C.O. 2007. Follicle numbers are highly repeatable within individual animals but are inversely correlated with FSH concentrations and the proportion of good-quality embryos after ovarian stimulation in cattle. Human Reproduction Vol.22, No.6 pp. 1687-1695, 2007.

Martins, C.M. et al., 2007. Tese de Mestrado em Reprodução Animal, FMVZ-USP.

0 Comments

  1. Carlos Antônio de Carvalho Fernandes disse:

    Caro Alexandre,

    Importante e oportuno seu artigo!

    Apenas algumas considerações:
     Para que o exposto possa ser utilizado como um instrumento de triagem, é necessário comparar os animais num mesmo status de onda. Para isto é imprescindível utilizar um protocolo de sincronização que realmente funcione (nenhum é 100% eficiente), pois caso contrário poderíamos penalizar alguns animais.
     Deve sempre se indicar que a avaliação deve ser feita num momento específico. A simples presença de folículos não indica que os mesmo podem responder.
     Existem outros trabalhos que mostram que folículos abaixo do limiar de detecção do US podem responder ao estímulo do FSH. Me desculpe, mas me permita discordar da sua conclusão: “este tipo de procedimento pode ser utilizado para filtrar os melhores animais e, assim, melhorar a resposta superovulatória de bovinos de corte”, não melhora a resposta superovulatória dos bovinos de corte (ou Leite), apenas é uma ferramenta de triagem que pode melhorar os resultados do programa.

    Parabéns! Um abraço!

    Carlos Fernandes

    Resposta do autor:

    Caro Carlos Fernandes,

    Concordo plenamente com seus comentários.

    Um abraço,
    Alexandre Souza

  2. Rubens Cesar Pinto da Silva disse:

    Bom dia Alexandre,

    Parábens pelo trabalho, realmente em todos estes anos temos utlizado o ultrasom para avaliar doadoras e realmente temos minimizados os custos dos embriões produzidos.

    Você utilizou dosagens de FSH diferenciadas de acordo com a população folicular? Pois certas vacas zebu com alta população folicular normalmente tem uma alta resposta a superovulação.

    Abraço

plugins premium WordPress