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Uso do manejo racional para condução de grandes rebanhos

Em grande parte dos sistemas de produção de bovinos de corte no Brasil, o manejo de animais em grandes lotes é prática rotineira. A condução de grandes lotes para as áreas de manejo ou piquetes de pastejo podem se tornar difícil, gerando problemas e exigindo maior número de manejadores (custo de mão obra) e de tropas, além é claro do tempo despendido. Porém, o entendimento de alguns princípios do manejo racional nos permitem obter os mesmos benefícios em pequenos ou grandes lotes de bovinos em manejo.

Em grande parte dos sistemas de produção de bovinos de corte no Brasil, o manejo de animais em grandes lotes é prática rotineira. A condução de grandes lotes para as áreas de manejo ou piquetes de pastejo podem se tornar difícil, gerando problemas e exigindo maior número de manejadores (custo de mão obra) e de tropas, além é claro do tempo despendido.

Porém, o entendimento de alguns princípios do manejo racional nos permitem obter os mesmos benefícios em pequenos ou grandes lotes de bovinos em manejo. Por exemplo, utilizando a zona de fuga e o ponto de balanço dos bovinos (Fig. 01), que nada mais é do que um espaço que os bovinos mantêm como distância de segurança, em relação aos seus “predadores” (humanos, cavalos, cães, etc.), possibilitará o deslocamento do lote de maneira semelhante a um único animal. Utilizando os recursos básicos de bem estar animal podemos otimizar o manejo, diminuindo o tempo de execução do deslocamento, bem como perdas econômicas geradas por contusões, traumas e acidentes de trabalho. Lembrando que o estresse gerado por manejos inadequados e longos dos animais e a falta de conhecimento do comportamento bovino, são fatores determinantes na ocorrência de acidentes.

Figura 01. Posicionamento dos manejadores


A princípio os manejadores devem adquirir a confiança do lote, caminhando calmamente entre os animais sem gritar ou realizar barulhos agudos e/ou movimentos bruscos, para que seja visto com neutralidade, não representando fonte de perigo ou ameaça para os animais. Após o contato inicial, um dos manejadores deve se posicionar perto da porteira ou direção desejada para o movimento do lote (ponteiro), e através de vocalizações com sons graves ir chamando os animais para a direção desejada. Essas atitudes irão mostrar o caminho ao rebanho, promovendo um posicionamento adequado dos animais.

Após isso, um segundo manejador deverá iniciar movimentos de vai e vem atrás do lote, fazendo com que os animais se dirijam para frente. Ao se aproximar dos animais que estão de frente para o cavalo o manejador vai entrar na zona de fuga, na frente do ponto de balanço, fazendo com que estes animais se virem para frente, já os que estão de costas para o cavalo também irão se posicionar para frente, pois o manejador estará entrando na zona de fuga por trás do ponto de balanço, conforme ilustrado na figura 2. O deslocamento dos animais deve ser lento, sem gritarias, movendo-se sempre dentro da zona de fuga do animal, fazendo com que os animais se reúnam e se locomovam para a direção desejada.

Figura 02. Posicionamento dos animais durante o deslocamento dos manejadores


O animal que eventualmente se desgarrar do lote, deve ser ignorado, pois a tendência é que ele volte e se reúna ao grupo rapidamente por si só. Essa atitude é esperada pelo fato do bovino ser presa, ou seja, instintivamente não se sentirá seguro estando sozinho, e sim dentro do lote. Se por acaso o animal não voltar ao lote, o ponteiro deverá parar e, um outro manejador, voltar ao animal desgarrado, trazendo-o para dentro do lote novamente.

Figura 03. Demonstração do movimento de vai e vem e direcionamento do lote


Nas passagens de porteiras ou divisões entre piquetes, assim que o lote estiver reunido junto à porteira, ela deve ser aberta e o manejador ou ponteiro deve ser o primeiro a passar, andando lentamente, chamando os animais com calma, pois é um momento crítico e difícil já que são muitos animais para pouco espaço.

É bastante importante lembrarmos que todo animal possui memória, e que suas respostas ou ações são “montadas” utilizando também essas experiências. Ao se iniciar a utilizações de manejo racional com animais que tiveram experiências com manejos inadequados, é possível que alguns animais respondam de forma atípica num primeiro momento, porém os manejos adequados subseqüentes levarão a mudanças consideráveis de comportamento dos animais, diminuindo o estresse de manejo, custo de mão de obra e tempo de manejo dos animais.

Referências bibliográficas:

GRANDIN, T. Behavioural principles of cattle handling under extensive conditions. In: T. Grandin (ed). Livestock handling and transport, CABI International: Wallingford-UK, p. 43 – 85, 2000.

3 Comments

  1. Liodeir Rodrigues Carvalho disse:

    O manejo racional é uma ferramenta do desevolvimento da pecuária; em breve será indispensável e exigida dos profissionais da lida (inclusive técnicos).

    Como pecuarista fico satisfeito com o despertar de técnicos da área para a importância do manejo pecuário.

    Meus parabéns e cumprimentos.

  2. Márcio William Meira Gomes disse:

    Muito boas essas informações. Na lida diára do campo, o que observamos é uma gritaria total e muita agressividade de ambas as partes.

    É preciso rever o manejo com os animais e acima de tudo capacitar os vaqueiros.

  3. Walacy Carvalho disse:

    Muito bom.Estou fazendo TCC Sobre Manejo Racional no curso de Agropecuaria,sera que alguem pode me informa onde surgiu essa tecnica.

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