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Uso de tratamentos hormonais para facilitar a detecção do cio de retorno em gado de corte

Neste artigo serão mostrados alguns resultados de um experimento ("Resynchronization of estrus in cattle of unknown pregnancy status using estrogen, progesterone, or both") que objetivou testar a eficiência de tratamentos hormonais utilizando progestágenos associados ou não à estrógenos para a re-synchronização do cio antes mesmo do diagnóstico de prenhez ser conhecido (Stevenson et al., 2003).

Neste artigo serão mostrados alguns resultados de um experimento (“Resynchronization of estrus in cattle of unknown pregnancy status using estrogen, progesterone, or both”) que objetivou testar a eficiência de tratamentos hormonais utilizando progestágenos associados ou não à estrógenos para a re-synchronização do cio antes mesmo do diagnóstico de prenhez ser conhecido (Stevenson et al., 2003).

O resultado de prenhez de bovinos sincronizados com protocolos de IATF (inseminação artificial em tempo fixo) só é possível quando as vacas vazias retornam em cio, em sua maioria, de 18 a 25 dias após a IA; ou quando a prenhez é diagnosticada, na melhor das hipóteses, aos 25 dias após a IA.

O referido artigo tentou diminuir a janela de retorno do cio em vacas e novilhas de corte e em novilhas de leite que ficaram vazias após a IATF e, assim, maximizar o uso da mão de obra e aumentar o número de animais detectados em cio no retorno. Desta forma os objetivos específicos foram testar se os tratamentos hormonais poderiam:

1) Diminuir a taxa de prenhez nos animais inseminados previamente;

2) Melhorar a porcentagem de animais detectados em cio no retorno da IATF;

3) Aumentar a taxa de prenhez no rebanho após 2 inseminações.

Para testar estes objetivos foram feitos 4 experimentos. Os tratamentos hormonais e as classes de animais trabalhadas foram:

Experimento 1) Utilizou novilhas Simental, Angus e Holandesas. Aos 13 dias após a IATF os animais receberam: Grupo 1 – Nenhum tratamento (Controle); Grupo 2 – 0.5 mg de ECP® no dia 13 e 20 associado à um implante intravaginal previamente utilizado (CIDR®); Grupo 3 – Somente um implante usado de CIDR entre os dia 13 a 20. Em seguida as novilhas foram detectadas em cio 3 vezes ao dia entre os dias 18 a 26 após a IATF.


Experimento 2) Utilizou somente novilhas de corte da raça Angus. E utilizou tratamentos similares ao expeimento 1, porém foi utilizado o MGA ao invés do dispositvo intravaginal de progesterona (CIDR).

Experimento 3) Utilizou vacas de corte da raça Angus, Hereford, Simental, e Devon. Os grupos experimentais foram (BE = Benzoato de estradiol):


Experimento 4) Utilizou vacas de corte da raça Angus, Hereford, Simental. Os grupos experimentais forma: Grupo 1 = similar ao grupo 1 do experimento 3; Grupo 2 = similar ao grupo 3 do experimento 3; Grupo 3 = receberam somente uma injeção de 0.5 mg de ECP no dia 13 (não receberam progesterona).

Os gráficos (adaptados – Stevenson et al., 2003) abaixo representam a distribuição da detecção do cio de retorno para os experimentos 1 a 4.




Nos experimentos citados, a associação de estradiol e progesterona no dia 13 tinham a finalidade de sincronizar a onda folicular; o tratamento com estradiol no dia 20 de causar um pico de LH e diminuir o intervalo para o aparecimento do cio. Sabe-se que altos níveis de estradiol associado ou não a progesterona durante o diestro podem ter ação luteolítica. Porém, baseados nos níveis de progesterona sanguíneos e nos diagnósticos de prenhez, os autores relatam que os tratamentos hormonais, nas referidas doses, não diminuiram a taxa de concepção dos animais previamente inseminados em nenhum dos experimentos.

Os autores também argumentaram que o MGA foi menos efetivo que os dispositivos intravaginais (CIDR) na sincronização do cio de retorno. Porém, ocorreu um efeito de localidade na eficiência da sincronização de cio de retorno com o uso do dispositovo intravaginal.

Além disso, os autores observaram que os tratamentos hormonais baseados em dispositivos de progesterona aumentaram a taxa de detecção de cio de retorno em rebanhos com baixa eficiência de detecção de cios. Portanto, a re-sincronização de cios por meio de tratamentos hormonais é mais uma ferramenta que está disponível para os fazendeiros e provavelmente pode facilitar o manejo do retorno dos cios em determinados casos em fazendas de corte de manejo extensivo.

Porém, estes resultados devem ser analizados com cautela, pois o número de animais em pelo menos dois dos experimentos não era muito grande o que dificulta conclusões sobre o impacto dos tratamentos hormonais na taxa de prenhez após duas inseminações. Além disso, estes experimentos não foram testados em rebanhos zebuínos em condições tropicais. Portanto, mais experimentos são necessários para adaptar estes protocolos hormonais para re-sincronização de cios (dosagens de hormônios utilizados, potencial aumento na perda embrionária, etc) para condições brasileiras.

Referência bibliográfica

Resynchronization of estrus in cattle of unknown pregnancy status using estrogen, progesterone, or both. 2003. Stevenson, J.S.; Johnson, S.K.; Medina-Britos, M.A.; Richardson-Adams, A.M.; and Lamb, G.C. Journal of Animal Science 81;1681-1692.

0 Comments

  1. Sérgio Félix Pessoa disse:

    O tema eficiência reprodutiva está em evidência e deve ser sempre buscado. O artigo é muito interessante porque concentra a manifestação de cios facilitando a observação do mesmo melhorando os índices reprodutivos. Gostaria de saber se há algum trabalho com vacas zebuínas?

    Resposta do autor:

    Caro Sérgio,

    Fiz uma busca nos sites científicos para tentar responder sua pergunta, mas encontrei nada com zebuínos. Acho a idéia de concentrar o cio de retorno bastante interessante, especialmente para produtores de gado elite que em geral tentam maximizar o número de bezerros nascidos de inseminação artificial.

    Um abraço,

    Alexandre

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