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3 de abril de 2006

Uso de subprodutos da produção de lisina na nutrição de bovinos de corte

A produção de lisina, ingrediente utilizado em formulações nas indústrias de ração animal, gera um subproduto concentrado denominado “subproduto concentrado da produção de lisina” (SPL). Esse processo, consiste basicamente na fermentação do caldo da cana-de-açucar mais aditivos, com bactérias do gênero Brevibacterium, gerando um subproduto líquido grosso de cor marrom com aproximadamente 40% de matéria seca.

Esse subproduto apresenta como características principais altos níveis de proteína bruta, porém com predominância de nitrogênio não protéico em relação à proteína verdadeira (Tabela 1).

Como a maioria dos subprodutos agroindustriais, há variações na composição química do SPL de diferentes indústrias. Oliveira et al., (2000) citados por Henrique et al. (2005) encontraram os seguintes valores para o SPL de origem brasileira: 38,2% de matéria seca; 75,6% de proteína bruta, 10,8% de nitrogênio não protéico; 12,1% de nitrogênio total e 9,6% de matéria mineral.

Alguns autores encontraram aumentos em ganhos de peso de aproximadamente 30%, com a utilização de até 600 ml de SPL/cab/dia. Porém, em outros trabalhos não foram confirmadas essas respostas, com algumas descrições de perdas de peso devido à inclusão do SPL na dieta de bovinos.

Tabela 1. Composição química do subproduto da produção de lisina (SPL).


Henrique et al. (2005) avaliaram a inclusão de diferentes quantidades de SPL na dieta de bovinos de corte confinados. As quantidades foram de 0, 4,5 e 9% da matéria seca da dieta, em substituição à uréia, sulfato de amônio e parte do farelo de soja, conforme descrito na tabela 2. Foram utilizados bovinos machos inteiros com aproximadamente 10 meses de idade e 240 kg de peso vivo.

Tabela 2. Composição química das dietas experimentais em porcentagem da matéria seca.


O período experimental foi de 171 dias, com abate e avaliação de rendimento de carcaça, área de olho de lombo, espessura de gordura e pesos de fígado e rim. Os autores observaram queda na porcentagem de proteína do SPL durante armazenamento, provavelmente devido à volatilização desse nutriente. Foi observado efeito quadrático da inclusão de SPL na dieta em relação ao ganho de peso. Já em relação à eficiência alimentar, os autores observaram efeito linear negativo (Tabela 3).

Considerando somente o ganho de peso, a máxima quantidade de SPL a ser fornecida para bovinos confinados é de 3,72% em relação à matéria seca da dieta, sendo que valores acima disso levam à queda no ganho de peso.

Outros autores, como Ulbrich et al. (1993), encontraram valores de até 5% de inclusão de SPL sem afetar o ganho de peso, porém com resíduos da fermentação de farelo de soja para produção de lisina.

Tabela 3. Desempenho de bovinos confinados com diferentes quantidades de SPL.


Em relação às características de carcaça, houve efeito quadrático dos níveis de SPL na matéria seca sobre o peso de carcaça e, redução linear sobre o rendimento (Tabela 4). O maior peso de carcaça observado no tratamento com 4,5% de SPL, resultou do maior ganho de peso e, portanto do maior peso final dos animais.

Porém, o menor rendimento de carcaça mostrou que o SPL pode levar ao aumento das porções “não carcaça”, como o peso de fígado por exemplo.

Tabela 4. Características de carcaça de bovinos confinados com diferentes quantidades de SPL.


Outro fator de grande importância destacado pelos autores se refere à qualidade da dieta, devendo-se utilizar níveis mais altos de energia e volumoso de boa qualidade, quando da inclusão de SPL na dieta.

De acordo com esses resultados, a utilização do SPL para bovinos confinados deve ser de até 3,7% da matéria seca da dieta, havendo queda no desempenho para níveis maiores.

Referências bibliográfcias

HENRIQUE, W.; LEME, P.R.; LANNA, D.P.D.; ALLEONI, G.; SAMPAIO, A.A.M. Níveis do subproduto concentrado da produção de lisina em dietas com alto concentrado para tourinhos Santa Gertrudes em terminação. Rev. Bras. Zootec., v. 34, n. 6, p. 2457-2465, 2005.

HANON, K.; TRENCLE, A. Evaluation of condensed molasses fermentation solubles as a nonprotein nitrogen source for ruminants. J. Anim. Sci., v. 68, n. 9, p. 2634-2641, 1990.

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