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Uso de protocolos hormonais para indução de ciclicidade de novilhas Bos indicus

Um dos fatores determinantes para o sucesso da pecuária de corte é o inicio da puberdade de novilhas dentro do sistema de produção animal, principalmente em sistemas que utilizam animais Bos indicus - que normalmente são mais tardios se comparados a animais Bos taurus. Portanto, neste artigo apresentaremos alguns resultados de um resumo publicado no último congresso do Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (Sá Filho et al., CBRA 2009), no qual foram discutidos diferentes protocolos a base de progesterona e estradiol para a indução de puberdade em novilhas. Estes dados dão sequencia aos estudos de um desses mesmos autores na avaliação de diferentes tipos de estímulos ovulatórios no protocolo de indução de puberdade de novilhas Bos indicus.

Um dos fatores determinantes para o sucesso da pecuária de corte é o inicio da puberdade de novilhas dentro do sistema de produção animal, principalmente em sistemas que utilizam animais Bos indicus – que normalmente são mais tardios se comparados a animais Bos taurus. Portanto, neste artigo apresentaremos alguns resultados de um resumo publicado no último congresso do Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (Sá Filho et al., CBRA 2009), no qual foram discutidos diferentes protocolos a base de progesterona e estradiol para a indução de puberdade em novilhas. Estes dados dão sequencia aos estudos de um desses mesmos autores na avaliação de diferentes tipos de estímulos ovulatórios no protocolo de indução de puberdade de novilhas Bos indicus.

No estudo foram utilizadas 480 novilhas Nelore não cíclicas, ou seja, com útero atônico (sem contração) e ausência de corpo lúteo (CL) na avaliação por ultrasonografia 40 dias antes da estação de monta. As novilhas tiveram seu escore de condição corporal (ECC) registrado no início do tratamento e foram distribuidas em quatro grupos diferentes. Os animais do Grupo Controle não receberam nenhum tratamento. O Grupo P4 recebeu um dispositivo intravaginal de progesterona previamente utilizado por 24 dias e esse dispositivo foi mantido por 10 dias. Os Grupos P4-BE e P4-EC receberam o mesmo tratamento do Grupo P4, adicionando-se benzoato ou cipionato de estradiol, respectivamente, na retirada do dispositivo. No inicio da estação de monta (40 dias após o inicio do protocolo de indução), as fêmeas foram re-avaliadas para a verificação da presença de CL (indução de ciclicidade) e registro do ECC (ECC40).

Os autores analisaram os efeitos de: 1) utilização ou não do dispositivo de progesterona; 2) associação ou não de estrógeno ao tratamento (P4 vs. P4-BE + P4-ECP) e 3) tipo do estradiol utilizado (BE vs. EC). A resposta aos tratamentos foi analisada de acordo com a idade, o ECC no inicio do protocolo de indução e a mudança do ECC entre as duas avaliações (início do protocolo de indução e 40 dias após).

Os resultados do efeito dos tratamentos e da mudança do ECC na indução de ciclicidade estão apresentados nos Gráficos 1 e 2. Verificou-se também que as novilhas que apresentavam menor ECC ao inicio do protocolo de indução obtiveram menor resposta ao tratamento (P < 0,0001) que novilhas com maior escore [≤ 2,75: 55,5% (141/254) vs ≥ 3.00: 77.9% (102/131)]. Ainda, a idade das fêmeas alterou a resposta ao protocolo de indução à ciclicidade, sendo que novilhas mais velhas apresentaram maior resposta (P=0,03) que as mais jovens [> 24 meses: 72,6% (119/164) vs ≤ 24 meses: 56,1% (124/221)].

Gráfico 1. Efeito do protocolo na indução de ciclicidade

Gráfico 2. Efeito da mudança do escore de condição corporal entre o inicio do protocolo de indução de ciclicidade e 40 dias após

Os autores concluíram que o protocolo com dispositivo intravaginal de progesterona foi eficiente em induzir ciclicidade, sendo esta aumentada pela adição de estógeno ao protocolo. O ECC0, a mudança de ECC e a idade da novilha tratada influenciam na resposta.

Assim, pode-se verificar que o uso de dispositivos intravaginais (que contêm originalmente 1,9 g de progesterona) usados previamente por 24 dias podem induzir ciclicidade em novilhas Bos indicus. Esta observação é de extrema utilização prática, pois este dispositivo seria descartado. Sabe-se agora, que é possível reutilizá-lo mais uma vez antes de dispensá-lo. Outro ponto muito importante é que com o uso desta ferramenta pode-se obter maior número de animais aptos para serem inseminados no início da estação de monta das novilhas, levando assim à diminuição do tempo que esse animal permanece não gestante na propriedade e maximizando o seu retorno econômico para o produtor.

0 Comments

  1. JOSE CLAUDIO GOMES disse:

    Ola bom dia

    Se possivel gostaria de receber mais detalhes desta pesquisa, bem como os protocolos ultilizados.

  2. Henderson Ayres disse:

    Prezado JOSE CLAUDIO GOMES

    Mais detalhes sobre este experimentos estão publicados nos anais do CBRA 2009.

  3. Neimar Ferreira dos Santos disse:

    Ola, boa Tarde.

    Se possível gostaria de receber mais informações sobre esta pesquisa, por ex.: qual protocolo foi utlizado, se eu posso fazer IATF nessas novilhas neste 1° cio, qual a idade minima para se iniciar um trabalho deste tipo.

  4. Henderson Ayres disse:

    Prezado Neimar Ferreira dos Santos
    como respondido ao senhor JOSE CLAUDIO GOMES, mas detalhes sobre o protocolo estão publicados no trabalho original nos anais do CBRA, estamos utilizando este canal para divulgarmos as pesquisas existem no meio acadêmico, para que mais pessoas tenham acesso as informações geradas no Brasil e não apenas divulgar protocolos.
    Quanto a utilização deste primeiro ciclo, ele poderá ser utilizado, porém sabemos que ele terá um a fertilidade menor que os próximos ciclos.
    No tocante idade isso irá depender da precocidade ou não do seu gado. Isto poderá ser monitorador por índices zootécnicos como altura de cernelha (tamanho) e peso, lembrando que cada raça necessita de um mínimo destas medidas para começar a ciclar.

  5. gabriel nunes disse:

    excelente artigo. Gostaria de receber outros sobre o mesmo tema.
    Minha fazenda localiza-se no Sul da Bahia (Município de Santa Cruz da Vitória)sendo colonião o capim predominante.
    Gostaria de saber se a IATF deve ser feita inicialmente em novilhas (início da estação de monta) e nas primípares ele funciona efcazmente.

  6. Ronaldo Mendonça dos Santos disse:

    A utilização do protocolo com uso de dispositivos intravaginais (que contêm originalmente 1,9 g de progesterona) por 24 dias podem induzir ciclicidade em novilhas Bos indicus! Essa alta taxa de P4 não irá bloquear o eixo endocrinológico? Levando em consideração por ser Bos indicus.

    Att.,
    Ronaldo Mendonça dos Santos.

  7. Henderson Ayres disse:

    Prezado Ronaldo Mendonça dos Santos
    Os dispositivos utilizados neste estudo foram previamentes usados por 24 dias, ou seja, eram dispositivos de “4º uso”. Logo, assim acreditamos que esta concentração não seja tão elevada, porém suficiente para “reproduzir” uma fase progesterônica.

  8. Henderson Ayres disse:

    Prezado Gabriel Nunes,
    muito obrigado pelos comentarios. Iremos programar artigos sobre este tema para serem colocados nesta seção.

  9. luiz gustavo de castro pessoa disse:

    Existe algum trabalho com a utilização de dispositivo de 4ºuso em vacas solteiras em anestro ou ciclando?

  10. Henderson Ayres disse:

    Prezado Luiz Gustavo de Castro Pessoa,

    o nosso grupo de pesquisa ainda não desenvolveu estudos com estes dispositivos em vacas, entretanto, o grupo do Professor Zequinha de Botucatu estão desenvolvendo esta linha.

  11. Felipe Mai de Lima disse:

    Felipe Mai de Lima estudante de Medicina Veterinária pela UNICRUZ Universidade de Cruz Alta – RS.

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