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25 de março de 2002

Uso de leguminosas em sistemas de produção. 5 Estilosantes

Para encerrar o ciclo de artigos de leguminosas abordaremos algumas características sobre a estilosantes (Stylosanthes spp), em especial a Campo Grande. O recente lançamento deste novo cultivar de estilosantes trouxe novamente a consorciação gramínea-leguminosa como fonte de novas pesquisas e uso estratégico em sistemas de produção comerciais.

A origem do gênero Stylosanthes spp é o continente Americano (centro e sul), sendo que, por muitos anos, foi estudada e melhorada por técnicos na Austrália. No Brasil, a estilosantes Campo Grande, selecionada por grupo da EMBRAPA Gado de Corte, é uma mistura de S. Capitata e S. Macrocephala, que demonstraram ter elevada persistência à alta pressão de pastejo em solos de baixa fertilidade, e principalmente, resistência à doença fúngica antracnose.

O plantio da estilosantes pode ser feito de várias maneiras (lanço, plantio direto, etc.), dependendo do tipo de gramínea e do objetivo da técnica (formação, recuperação ou produção de semente). A profundidade de semeadura não deve ser superior a 2 cm, com uso de 2 a 3 kg sementes viáveis/ ha, devendo ser feita escarifição nas mesmas. Os estudos da EMBRAPA indicam a boa adaptabilidade da leguminosa aos solos ácidos dos cerrados, suportando saturação por bases de até 35%. Entretanto, a calagem e a adubação (P, K, S e micro) devem ser feitas para propiciar o estabelecimento da gramínea, e evitar futuras deficiências minerais na área.

Como todas as leguminosas, a estilosantes apresenta alta capacidade de fixação de nitrogênio no solo, através da simbiose com microorganismos, melhorando não só as características qualitativas como as quantitativas das pastagens (tabela 1).

Tabela 1: Produção de MS e teor de proteína de pastagens consorciadas ou não com estilosantes Campo Grande

A estilosantes Campo Grande pode ser utilizada estrategicamente na formação, ou ainda na recuperação de pastos degradados, possibilitando menores gastos com insumos. Isto se deve principalmente à reciclagem de nitrogênio para o solo, que pode chegar a níveis entre 50 e 70% maiores em pastagens consorciadas com estilosantes quando comparadas com pastagens exclusivamente de gramíneas.

Os autores relatam que taxas de lotação mais elevadas favorecem a estilosantes por diminuir a competição, pois, após três anos de pastejo, o número de plantas da leguminosa/m2 foi 16, 34 e 32, e a quantidade de sementes coletadas do solo (kg/ha) foi de 50, 74 e 93, para 0,6, 1,0 e 1,4 UA/ha, respectivamente. Desta forma o pastejo deve ser feito de modo a evitar o crescimento excessivo da gramínea, para não prejudicar o desenvolvimento da leguminosa.

Resultados de pesquisas com a estilosantes Campo Grande ainda são poucos, mas o grupo da EMBRAPA Campo Grande já evidenciou as vantagens da consorciação em desempenho animal durante 3 anos (média anual) de pastejo (tabela 2).

Tabela 2: Produção animal em pastagens consorciadas ou não com estilosantes Campo Grande

O uso de leguminosas, de modo geral, permite melhor desempenho animal por corrigir parcialmente as deficiências protéicas das pastagens, especialmente no período seco do ano, resultando em melhor desempenho animal individual e por unidade de área. Desta maneira, a estilosantes Campo Grande surge como uma planta promissora para pecuária, pois agrega as principais características desejáveis para leguminosas em sistemas de consorciação, que são resistência ao pastejo e a pragas, adaptabilidade ao clima e solos de baixa fertilidade e boa produção de sementes (Vide 1o artigo desta série).

Referências Consultadas:

Costa, N. M.; Curado, T. F. C. Leguminosas para pastagens Cultivadas em Minas Gerais. Informe Agropecuario, n. 71, p. 18, 1980.
Mitidieri, J. Manual de Gramíneas e leguminosas para pastos tropicais. Ed. Universidade de São Paulo. 1983. 198p.
Schunke, R. M.; Valle, L. C. S.; Zimmer, A. H.; Fernandes, C. D.; Macedo, M. C. M.; Valério, J. R.; Silva, J. M. Estilosantes Campo Grande: estabelecimento, manejo e produção animal. Comunicado Técnico, nº 61, outubro/2000. p.1-8.

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