Buscando não ficar fora do mercado diante da cota adicional que a Europa outorgará aos Estados Unidos, o Uruguai esclarecerá nessa semana em Bruxelas que também pode produzir maior quantidade de carne de alta qualidade fora da cota nacional.
A nova cota que a União Europeia (UE) pretende fornecer aos EUA está condicionada a novilhos de 30 meses, confinados, com uma determinada porcentagem de gordura intramuscular. Por isso, o Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC) informou à Chancelaria sobre o interesse da cadeia de abastecer com carne bovina de alta qualidade – segundo os requisitos estabelecidos no acordo entre EUA e a UE -, conseguindo “uma cota aparte do contingente autônomo”.
A cota país do Uruguai é de 6.300 toneladas para carne de animais criados a pasto e para um produto de alta qualidade, mas independentemente disso, o país produz carne de animais confinados, que cumpre com as especificações estabelecidas no entendimento.
Em uma carta enviada ao chanceler Gonzalo Fernández, o trabalho do INAC também demonstra que a decisão da UE “provoca um alto dano e deixará a carne bovina uruguaia fora do mercado, porque fora da cota de 6.300 toneladas, tem que pagar uma tarifa de 3.000 euros (US$ 4183,59) por tonelada e de 12% mais (é uma tarifa de quase 100%)”, disse o vice-presidente do INAC, Fernando Pérez Abella.
Além da solicitação, na negociação, o Uruguai busca se adiantar a demonstrar o dano, levando o problema ante ao Órgão de Solução de Controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Por outro lado, o ex-embaixador junto à OMC, Calos Pérez del Castillo, disse que é necessário ser realista, porque não se deve pensar que a UE está disposta a abrir a cota de 20.000 toneladas que outorgará aos EUA para outros países. “O que temos que fazer é seguir os planos pertinentes de que o mecanismo é contrário e discriminatório, mas ao mesmo tempo, ter uma boa dose de realismo e saber que há um débito pendente que se deve aproveitar em algum outro momento”. Um bom momento poderia ser quando, no marco da rodada de Doha da OMC, abra-se outra cota de carnes, após o órgão ter declarado o produto como “sensível”.
Por outro lado, o Uruguai não abandonou a ideia de ampliar a cota país de 6.300 toneladas de Hilton, uma aspiração que não tem nada a ver com a disputa entre EUA e UE. Vários países estão buscando o mesmo, como é o caso do Brasil e da Argentina. No entanto, para ele, o caminho do Uruguai é outro. O país terá que esperar que “se abra o contingente de 320 mil toneladas, após a carne ter sido considerada como um produto sensível, que será ao final da Rodada de Doha, que ainda não se sabe quando terminará”. Após a abertura dessa cota, o Uruguai conseguiria 10% do total, com a atual cota de 6.300 toneladas se multiplicando várias vezes.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.