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Uruguai: crise européia reduz demanda de carne, mas menor oferta compensa

A carne uruguaia tem mercados suficientes para se defender frente à crise econômica da União Européia (UE). Atualmente, não há problemas de demanda e a crise encontra a indústria com poucos volumes para exportar.

A carne uruguaia tem mercados suficientes para se defender frente à crise econômica da União Européia (UE). Atualmente, não há problemas de demanda e a crise encontra a indústria com poucos volumes para exportar.

A crise atual parece ser diferente da de 2008, quando havia problemas de demanda, mas não de oferta. Agora, devido à volatilidade das moedas e às mudanças em seu comportamento, os importadores europeus baixaram conjunturalmente sua demanda, mas a vantagem é que o Uruguai tem muito pouca oferta.

O volume exportado pelos frigoríficos uruguaios à UE caiu 16,25% – segundo dados do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC), parciais até outubro -, porque foram enviadas 46.533 toneladas de peso com osso, frente às 55.567 toneladas exportadas no mesmo período do ano anterior.

Os importadores europeus compram as melhores partes da carcaça, um grupo de cortes conhecido como rump & loin. Nesses cortes, que são os mais macios, a qualidade está de acordo com o preço.

“Nos países da UE, baixou o consumo de carne e também a demanda, mas essa menor demanda é compensada com uma oferta muito baixa. Isso faz com que os preços para rump & loin resfriado tenham subido durante os últimos dois meses, mas, no caso do congelado, o mercado está pesadíssimo e os valores baixaram sensivelmente”, disse o operador de mercado e gerente da All Meat Trading, Patrick Long.

Nesse destino, tudo depende de qual moeda está mais forte, se o euro ou o dólar. “Se o euro se valorizar frente ao dólar, o panorama de preços pode mudar rapidamente. Se o euro se desvalorizar e ficar abaixo de US$ 1,30, também começará a afetar os valores da carne resfriada”. Para ele, a situação não se resolverá nem em curto nem em médio prazo.

“Poderá existir uma pequena manutenção da demanda antes das festas de fim de ano – que sempre são um pico alto de vendas -, mas penso que, no começo de 2012, ocorrerá uma baixa demanda e valores baixos”.

Os preços dos cortes de rump & loin uruguaio já baixaram entre 3% e 5% em uma semana. No caso da carne uruguaia, esses cortes valem cerca de US$ 16.500 por tonelada.

O gerente da United Breeders y Packers, Alejandro Berruti, também acha esse mercado complicado. “Os importadores dizem que hoje a volatilidade das moedas é tão alta que, ao comprar carne da América do Sul, têm maior risco. Se compram carne no Uruguai para colocar na Rússia – o principal mercado -, desde que o negócio se concretize até o embarque do produto e chegada ao destino passam entre 45 e 60 dias. Preferem não tomar esse risco e comprar a carne em algum país europeu, de onde sobem em um caminhão e está no destino nos próximos sete ou 10 dias”.

“Os operadores europeus, ao baixar o nível de risco, também estão baixando a demanda e a que se vê hoje do exterior é bastante limitada. Por outro lado, os frigoríficos não querem ajustar os valores para baixo, porque compraram o gado a um preço alto e sabem que repor essa carne que vão vender no futuro poderá custar mais caro a eles”, explicou Berruti.

No Uruguai, segue muito reduzida a oferta de gado gordo, sendo que nas semanas anteriores havia cinco frigoríficos fechados, mas a indústria continua tendo uma alta capacidade ociosa. Os frigoríficos se preparam para abater entre 2,3 e 2,5 milhões de cabeças por ano, mas a oferta se reduziu e será difícil superar os 2 milhões de bovinos.

O vice-presidente do INAC, Fernando Pérez Abella, disse que não há problemas com a demanda. “Atualmente, a carne bovina uruguaia tem mercados suficientes para se cobrir diante de qualquer problema no mercado europeu”. Ele disse que os frigoríficos não estão exportando carnes ao México, porque existem outros destinos que pagam melhor pela produção.

Fonte: jornal espanhol El País, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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