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Um boi e duas medidas: 51%, isto é um roubo… Este produtor é um +#*-&*+*! – André Bartocci, Fazenda Nossa Senhora das Graças

Para complementar os esclarecimentos sobre dúvidas relacionadas à comercialização de bovinos de corte e consequente satisfação dos pecuaristas – quanto ao relacionamento entre produtores e frigoríficos – o BeefPoint reuniu diversas opiniões de profissionais relacionados à pecuária de corte, desde profissionais da indústria frigorífica, da carne, insumos e sanidade à produtores; de forma a esclarecer o seguinte questionamento:

Adoção do critério de peso vivo para comercialização dos animais

 Confira artigo enviado por nosso parceiro André Bartocci:

Por André Bartoccipecuarista e formado em Direito. Realiza recria e engorda com Integração Lavoura e Pecuária na Fazenda Nossa Senhora das Graças, em Caarapó – MS.

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Por traz da discussão que começa quando o pecuarista recebe o romaneio e vocifera:

51%, isto é um roubo… Este frigorífico é um +#*-&*+*!  

Existe todo um sistema de comercialização, desenvolvido tacitamente através dos anos, que precisa de ajustes para um melhor entendimento entre a indústria e o produtor e para a felicidade geral da cadeia da carne.

O rendimento de carcaça, apesar de chamar mais a atenção do produtor, é um número subjetivo. Alguns fatores de grande influência não são consenso, sequer entre produtores, como: horário de pesagem, variações genética, peso de entrada e hidratação no frigorífico, tempo de jejum antes do abate e as grandes variantes dentro da linha de abate.

Sem entrar em méritos de ordem moral (literalmente acusação de furto), existe uma grande falta de entendimento nacional com relação a quanto deve ser pago por 30 quilos de um animal vivo.

Porém, as divergências sobre o peso do boi são somente a ponta do iceberg. O local de pesagem do animal (ou da sua carcaça) fará pouca diferença se estas divergências não forem equalizadas.

Cito alguns fatores que influenciam ou agravam a forma respeitosa e amável pela qual a indústria é tratada por produtores:

  1. Quando vende um lote de animais, mesmo à vista, o produtor fica vulnerável financeiramente do momento do embarque (quando entrega o animal com nota fiscal e documento de trânsito, em um veículo da indústria) até o recebimento. Este lapso de tempo não é coberto com uma caução pela indústria. É parte do sistema: levo primeiro, pago depois. O sistema P.P.C. (pesa, paga, carrega) resolveria isto.
  2. Grande parte das contusões na carcaça e dos defeitos no couro do animal é causada no transporte e nos currais frigoríficos. Estes problemas são solucionados na esteira de abate antes da balança, e debitados somente para o produtor!
  3. No último dia de vida do bovino, a indústria coloca este animal em contato com carretas histéricas, com asfalto e motoristas agitados, “energia elétrica sob a cauda”, com o cimento e as ferragens dos frios currais e com dóceis condutores de boi na rampa de abate. Todo este estresse gera um grande “mal estar animal” que contribui para modificar o pH do produto final. Em geral a indústria sugere que esta alteração de pH é resultado somente da não castração dos animais.
  4. A indústria exige uma cobertura de gordura, que é excessivamente cara para a produção que muitas vezes não é exigida pelo mercado. Nestes casos a cobertura funciona como proteção para processos industriais. Este ponto poderia ser solucionado com pesquisa e tecnologia desonerando a cadeia e beneficiando o produto final.
  5. A cisticercose é uma zoonose, portanto é um problema social nacional. Todos os elos da cadeia juntamente com o governo deveriam se envolver na solução desta grave ameaça a saúde publica. Atualmente a indústria resolve o problema (pelo menos a sua parte) condenando carcaças contaminadas e destina o ônus somente ao produtor. Mais um mérito da balança na indústria!
  6. O Sistema Peneirão de Compra de Boi: este foi o meio criado pela indústria para solucionar um problema de velocidade: o boi é construído em 4 anos e desmontado em 4 dias. A indústria compra toda qualidade de animais e após o abate classifica e paga de acordo com esta classificação. Com isto ela nivela os preços por baixo, pois consegue garimpar boas carcaças mesmo em lotes de qualidades variáveis. Este sistema é um grande entrave nas consolidações de parcerias produtor-indústria e um retrocesso por não pagar por qualidade. Ele é mais difícil com a balança na fazenda.
  7. Apesar de já existir um complexo sistema de pagar – na realidade de desclassificar – de acordo com a qualidade das carcaças, a indústria não abre mão de uma segunda classificação, a de lotes vivos variando a tabela conforme: sexo, raça, inteiros e confinados. Então mesmo que se produza uma excelente carcaça de sexo feminino, ela terá preço de referência inferior. A pré-classificação de animais vivos só é justa se o peso for vivo (na fazenda). Neste ponto vale lembrar que o consumidor não se beneficia desta pré-classificação, pois ele pagará o mesmo preço por um bom corte independente do gênero que o originou!
  8.  O frete de longe subsidia o frete de perto. A indústria não beneficia produções próximas de suas plantas, assim, não estimula uma produção local.
  9. Sistema Telemarketing de Compra Bovina. O setor de compra da indústria é formado por uma complexa e preparada equipe de 4 pessoas, mais 8 linhas telefônicas. O amplamente instalado Sistema Penerão só exige do comprador 4 palavras: Cem reais, embarca amanhã! Em alguns casos o comprador não conhece nenhuma fazenda produtora da região onde trabalha. Lembrando que o comprador é, na maioria dos casos, o único contato entre os elos. Isto é grave.
  10. A alegação de que o peso vivo na fazenda demandaria de “altos custos” em logística de profissionais pesadores por parte da indústria, no mínimo, fere a Constituição Federal do Brasil no quesito de igualdade das partes! Será que a indústria acha que o produtor tem algum subsídio para equipes de acompanhamento de abate nos frigoríficos? Ou ela imagina que a maioria dos fazendeiros adora sentir o ar puro dos abates, trajado de perfumadas botas brancas e capacetes?

Logicamente todos os fatores descritos acima estão acordados claramente entre as partes, a produção endossou, aceita e pratica esta forma de comercialização pacificamente durante anos. A indústria não teria meios de impor um sistema.

Porém, o mercado é soberano e ele está dando sinais claros que esta relação precisa mudar. Existem sim insatisfações de ambas as partes. E elas definitivamente não se limitam ao rendimento de carcaça. A indústria pede qualidade, padronização, etc. Os produtores transparência,  parceria, etc.

Reclamar em rodas de fazendeiros ou gritar no calejado ouvido dos compradores dos frigoríficos definitivamente não tem poder de alterar a realidade.

Este novo ciclo de alta da pecuária que se inicia em 2014 é um bom momento para os elos da cadeia, incluindo o varejo, sentarem e começarem a traçar um caminho para uma maior transparência e futuro melhor para a carne brasileira.

Mesmo porque se somente trocarmos a balança de lugar, o que conseguiremos será uma indústria vociferando:

        51%, isto é um roubo… Este produtor é um +#*-&*+*!   

Gado_Fazenda Cabeceira do Prata

Caso você, leitor BeefPoint, também queira participar desta série, envie seu artigo e foto para mercado@beefpoint.com.br!

Confira os artigos da série, já publicados:

Adoção do critério de peso vivo para comercialização dos animais – Veja a opinião de Renato Galindo, do Marfrig

Adoção do critério de peso vivo para comercialização dos animais – Veja a opinião de Renato Galindo, do Marfrig

Retrocessos na forma de comercialização, como a negociação no peso vivo, não são bem-vindos – Fabiano Tito, Minerva Foods

Para a conta fechar, o frigorífico teria que nivelar por baixo, e pagar um rendimento abaixo da média para não correr riscos – Marcelo Pimenta, Exagro

O manejo pré-abate é de responsabilidade de ambos, do produtor e do frigorífico – Mateus Paranhos e Fernanda Macitelli, Grupo ETCO

Essa é uma série de artigos idealizada pela Equipe de Conteúdo do BeefPoint, Flaviane Afonso e Gustavo Freitas.

24 Comments

  1. Hugo Lorenzetti disse:

    Melhor artigo sobre a venda no peso vivo que achei.

  2. Henrique de Souza Anselmo disse:

    Muito oportuno! Concordo 100%!!!!

    Parabéns!

  3. wanildo maldi disse:

    Gostei muito dos comentarios

  4. Marcus Buso disse:

    Que ótima explanação e visão!!

  5. Marcelo disse:

    Parabéns André! É exatamente isso, toda a responsabilidade cai sobre o produtor. Porém porque ele vai fazer algo diferenciado se pagam o mesmo sempre dividindo-a em dezenas de classificações que apenas o frigorífico têm conhecimento.

  6. Marco Antonio Hughes Ferreira disse:

    Foram de grande valia os comentarios de nosso amigo Andre. Urge a necessidade de que os pecuaristas pressionem a industria nos quesitos mencionados. Sou produtor em Goias, uso processo de Integracao Agricultura e Pecuaria, tenho terminado bois em sistema de pastejo rotacionado via semi confinamento, alcancei um rendimento de carcaca de 54%. Pressionei a industria de forma a me pagarem o peso da balanca antes de embarcar. Pesam, me pagam rendimento de 52% antes de carregarem, o restante do rendimento e’ pago apos o abate. Solucionei um dos quesitos. Carregar e nao pagar deixa o pecuarista vulneravel por demais. Realmente esta na hora de mudar esse panorama! Aproveitemos que nosso produto esta valorizado!

  7. Silvia Morgulis disse:

    Excelente, André!

  8. lucas césar Carvalho de Lacerda disse:

    Excelente artigo,mostra a realidade no momento da relação pecuarista-industria.O que tenho feito é trocar com frequência de frigorifico,pois os 2 primeiros abates(para adoçar o freguês) apresenta rendimento melhor,tenho propriedade em Minas Gerais(centro oeste)onde tenho grande problema com a industria.Em outra propriedade no estado do Pará não tenho este problema, excelente parceria(11 anos vendo para mesmo frigorifico),recebo email com peso de entrada do gado no frigorífco e fotos no curral de espera,rendimentos compatíveis com os lotes enviados,discussão de rendimento com diretor e comprador da industria,isto não existe em Minas Gerais.

  9. luiz henrique leite nogueira disse:

    Parabéns pelo artigo Andre Bartocci
    Por si só, neste artigo existe material suficiente para se estabelecer um modelo de contrato entre o produtor e a indústria, com simetria, com equilibrio de direitos e deveres para as partes, princípio tão cuidadosamente avaliado quando consulto advogados na elaboração de contrato de qualquer natureza .
    Seu artigo expõe o risco da atividade que o produtor está sujeito neste país, e consequentemente não existe estimulo para referencias de indicadores qualitativos na fase atual da pecuaria de corte, e sim simplesmente indicadores quantitativos, salvo honrosas excessões, das quais não me lembro de nehuma .
    A terminação de animais para o abate me parece a etapa de maior risco para o produtor .
    Sugiro iniciarmos um movimento para equilibrar o mercado, elaborando um contrato para colocar a indústria “dentro do negócio”, a partir do momento do embarque, com o motor do caminhão desligado dentro da fazenda.
    Que nossos representantes políticos se interessem em nível de Senado e Camara de Deputados Federais, elaborando algo que seja constitucionalmente voltado para o interesse da cadeia produtora.
    Se conseguirmos, partiremos para a segunda etapa que é a formalização de contrato de compra e venda, até que tenhamos assegurados um equilíbrio justo no compromisso entre produtores e indústria da bovinocultura de corte.
    O modelo atual existe desde o descobrimento do Brasil , penso ser hora de melhorar este modelo
    Abraços , espero ler mais artigos seus
    Luiz Henrique

  10. Sergio Barrantes Astúa disse:

    Exelente, acho, sería interesante saber si existem produtores de gado unidos que tambem tenham um frigorífico,e, qual o comportamento deles como donos de frigorífico para com eles mesmos como produtores, neste sentido que o Lic.André Bartocci faz o comentario.

  11. Rafael Becker Momm disse:

    Parabéns, bela e real explanação…

  12. Hugo Orrico disse:

    Muito Bom o artigo do André Bartocci sobre peso vivo dos animais para abate.
    Creio que seria de muita utilidade uma pesquisa do BeefPoint em outros dez ou doze países grandes abatedores de bovinos para que o produtor brasileiro conhecesse a forma como os frigoríficos pagam os bois em outras partes.

  13. Arlindo Inácio dos Santos Jr disse:

    Nos Estados Unidos na Australia no Uruguai Canadá e outros mais existe esta divergência ? Para não dizer roubo. No Brasil tudo pode, cada ato praticado pelos frigoríficos é apenas caso isolado, porque prejudica um só produtor , se um lote de 800 ou 500 bois fosse de 20 pecuaristas ai sim seria considerado fraude ou manipulação porque são varios pecuaristas prejudicados em um só ato.

  14. EDUARDO PICCOLI MACHADO disse:

    Parabéns pelo artigo André.

    Além de pecuarista também sou Advogado e tenho formação profissional dentro de frigoríficos.Alguns anos atrás foi publicado aqui no Beefpoint uma pequena análise minha, a respeito dos aspectos jurídicos da venda a rendimento. O que posso colaborar com seu artigo é a experiência e a história que temos aqui no RS.
    Inicialmente a venda aqui era feita pelos lotes. Os Tropeiros (espécie de consignatários) levavam as tropas até as charqueadas e os proprietários pagavam pela qualidade do lote.
    Com a frigorificação, seguindo o modelo que vigia nos EUA, Wilson, Swft, Anglo , começaram a comprar o boi na balança, sempre na presença de um preposto do frigorífico. O produtor local até hoje está habituado a este tipo de comercialização, sendo que aqui, sempre um comprador acompanha o embarque e pesagem do gado. Embora exista a venda à rendimento, principalmente para frigoríficos com matriz fora do estado, eles tem dificuldades de escala, já que os abusos por parte dos frigoríficos são constantes.
    Quanto a penalização por cistocercose, isto é uma piada, pois é exigido que carcaça contaminada sofra tratamento de frio (TF),isto é, vai ao congelamento e depois está pronta para ser comercializada normalmente. Ai pergunto? Alguém já comprou alguma carne mais barata, porque foi congelada no frigorífico? Existe alguma indicação nos açougues?

  15. renato dos santos disse:

    André, sempre sábio, parabéns. Um assunto polêmico este de relacionamento pecuarista e frigorífico. Tenho a visão de que o cliente do pecuarista é o consumidor, falo disto, para que o pecuarista se posicione no mercado e não num intermediário que faz de tudo para manter seu negócio, seja licito ou ilícito. Enxergar solução efetiva, só na possibilidade dos pecuaristas se organizarem para realmente terminar o boi. Assumir estas industrias, estes intermediários, agregando valor a sua matéria prima. O pessoal do leite tem feito isto com sucesso, seja no formato de cooperativismo, associativismo ou companheirismo. O importante é enxergar como um negócio e com assessorias boas, que não faltam, cuidar realmente da fazenda ao prato do consumidor. Abraço amigo.

  16. Carmen Neusa Cortada disse:

    Parabéns Andre!
    Como de costume suas colocações sao claras e, com concisão e correção, abrangem todo o assunto!

  17. marcus roberto castellani disse:

    Muito bom o artigo, principalmente qdo se refere aos cuidados no transporte e nas mangas do frigorífico .Tenho quarenta anos nesta lida ,pesquisei muito, acompanhei por muitos anos abates em diversas plantas frigoríficas ,inclusive muitas brigas com recebimento de bois na bolsa (tempo de entrega física) .Existem ainda perdas não relatadas no seu artigo referentes ao tempo de mangueira, tempo de viagem ,chuvas prejudicando transporte .Um dos grandes problemas é o manejo nas mangas do frigorífico com choque e o piso molhado .O animal prancheia arrebenta costela e os hematomas são debitados ao produtor .Geralmente qdo a carne empaca e o boi está comprado o rendimento piora qdo sobe é mais fácil negociar . Um grande fornecedor é tratado de forma diferente da sempre um acerto . Um grande abatedor já falecido quando inquirido por mim sobre um rendimento de abate de uma boiada apartada ao meio e enviada a dois de seus frigoríficos ,disse :meu caro o gerente está com problemas nesta planta depois nós vemos isto ,é tudo nosso calma . Assim hoje penso com meus cabelos brancos em trinta anos não evoluiu nada só piorou o rendimento ,não acredito que vá mudar .É muito prático para a indústria pagar pelo que está limpo e pesado na sua câmara fria .Só tem um jeito todos só venderem na fazenda e se unir neste propósito. Você já viu cooperativa de pecuarista …. Saudações a todos que como eu insistem em não largar o rabo do bicho. Marcus Castellani(eng agr)

  18. paulo disse:

    Parabéns André pelo seu artigo!

  19. Eduardo Scannavino disse:

    Muito bem escrito, parabens!

  20. Márcia Gomes disse:

    Excelente artigo! Parabéns!

  21. Elineu Portugal disse:

    Gostei muito deste artigo do André Bartocci, pois demonstra desde sempre a grande realidade da comercialização e inter relação da cadeia produtiva da carne em nosso país. Grandes verdades, ditas com muita responsabilidade e veracidade pelo autor.
    Fica somente a indagação em forma de indignação: Quando será que tudo isso vai mudar?
    No meu singelo entender a resposta é clara: Quando deixarmos de reclamar individualmente e nos unirmos como pecuaristas de verdade, seja em forma de cooperativa ou corporativa.
    Parabéns ao autor e aos responsáveis por este site, grande veículo de informações da pecuária nacional.

  22. Felipe Kleiman disse:

    Parabéns ao André Bartocci pelo ponto de vista amplo, consistente e afiado. Mandou muito bem!

  23. Juliano Resende disse:

    Excelente colocações. Isso tem que ser enviado para os pecuaristas, publicado em alguma revista. Acordem.

  24. Ruy Armelin disse:

    Muito bom o artigo, André. A relação entre as partes muda qdo deixarmos de eleger o PT. Mas, a sério, lembrem-se que no quesito união da classe, profissionais liberais, comerciantes e outros que tenham outra atividade, são tb. pecuaristas por terem gado, mas estão bem pouco preocupados com a realidade de quem vive de pecuária.
    De resto sorte a nossa termos os preços no nível atual; a falta de informação sobre o tamanho do rebanho brasileiro, a falta de bezerros, o total de abate de vacas ano passado e a “caixa preta” com as margens de preços obtidos na exportação, fazem a diferença na avaliação de tendências do nosso mercado.
    Abrs.

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