Trabalhem mais, reclamem menos, produzam mais qualidade e se associem – José Luiz Destefani

Com objetivo de divulgar e dar destaque ao trabalho inovador que a Associação Sul-mato-grossense de produtores, Novilho Precoce, vem desenvolvendo, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas com alguns pecuaristas da Associação, uma vez que este trabalho merece ser mais conhecido e difundido, pois com certeza poderá inspirar aqueles que buscam a evolução na pecuária.

Confira a entrevista com José Luiz Destefani, irmão de Sandra Maria Destefani, proprietários da Fazenda Bonanza

BeefPoint: O que você tem feito desde que entrou na associação que pode servir de exemplo para os demais pecuaristas brasileiros?

José Luiz Destefani: Sou do ramo do supermercado, portanto já tenho a cultura de ter muito controle e qualidade no que faço, com a minha entrada na associação fortifiquei ainda mais esta cultura, pois a associação nos fortalece a produzir cada vez mais qualidade e é claro somos remunerados por este diferencial.

BeefPoint: O que mais tem te motivado a continuar associado?

José Luiz Destefani: Justamente esta busca por maior qualidade no que fazemos, recebo orientações sem segundas intenções vindas de técnicos altamente qualificados, eles nos dão respostas bastante objetivas. Tudo isso nos envolve cada vez mais, nos motiva a procurar mais associados para sermos cada vez mais fortes.

BeefPoint: Quais ações você tem feito para melhorar sua relação com o frigorífico?

José Luiz Destefani: Devemos antes de mais nada, parar de reclamar, produzir mais qualidade, ou seja, produzir animais mais jovens para abate, com bom acabamento, menos contusões durante o manejo e transporte dos animais da fazenda ao frigorífico e a partir de então buscar uma melhor remuneração para o nosso produto.

BeefPoint: O que você tem  feito para formar/buscar novos líderes para sua propriedade?

José Luiz Destefani: Estou implantando na fazenda um sistema de incentivo salarial, semelhante ao que já funciona em meu supermercado, em que o funcionário terá um diferencial de salário se de fato ele produzir este diferencial no trabalho, caso ele fique somente no salário e hora extra, ele já tem consciência que não irá trabalhar mais pra mim.

Na minha concepção , um fator que vai limitar muito o nosso crescimento nos próximos anos será a qualidade da mão de obra que tivermos.

Temos que ter em mente que se quisermos de fato crescer, o nosso funcionário terá que crescer juntamente conosco, pois assim teremos uma ferramenta muito forte de cobrança, pois pagando somente salário e hora extra ele se sentirá um funcionário comum.

O funcionário deve ter vontade de crescer, não basta ser bonzinho, honesto e tudo mais, precisamos de pessoas com energia ao nosso lado.

BeefPoint: O que você implementou de diferente em 2013?

José Luiz Destefani: Consegui iniciar um acompanhamento e fechamento anual no controle de despesas e ganho de quilo por cabeça e por hectare, da chegada do animal na fazenda até o embarque.

BeefPoint: Quais os seus principais planos para 2014?

José Luiz Destefani: Pretendo implantar um controle ainda mais rígido de rebanho, lotação, despesas, ganho de quilos por cabeça, por hectare, enfim tudo o que envolve a operação na pecuária, pois este ano já tenho muito mais experiência no ramo, e a associação está nos ajudando com o acompanhamento da Exagro, pois eles nos trarão o que de fato devemos analisar na atividade e só assim saberemos o que acontece da porteira para dentro da nossa fazenda .

BeefPoint: Sabendo que aprendemos mais com os erros, do que com acertos, você poderia compartilhar um erro que cometeu durante a atividade?

José Luiz Destefani: O sistema que trabalho na pecuária é recria e engorda, então o que tenho a compartilhar com vocês para que jamais façam é que nem a preço barato adquiram um animal ruim , pois este é um barato que custa muito caro, pois consome a mesma mão de obra, o mesmo sal mineral, o mesmo pasto e na hora do embarque quando você faz o ganho de peso é que você fica sabendo o quanto ele te custou caro.

BeefPoint: Qual sua mensagem para os pecuaristas?

José Luiz Destefani: Trabalhem mais, reclamem menos, produzam mais qualidade, se associem, pois só a assim teremos condições de buscarmos alguma remuneração melhor para o nosso produto.

Na minha concepção o que recebemos atualmente de diferencial por @ para produzir animais de qualidade ainda é pouco, porém o meu foco é no futuro ou seja, produzir melhor ainda, para depois reivindicarmos uma melhor remuneração.

O pecuarista vive em uma queda de braço com o frigorífico, só que o frigorífico sabe minuciosamente todos os seus custos de produção, enquanto a maior parte dos nossos pecuaristas não sabe com exatidão nem o número de rebanho.

Veja bem, você conversa com um agricultor, ele te diz na hora o que custa produzir 1 saco de milho, 1 saco de soja, você conversa com o produtor de frango ele sabe o quanto custa produzir 1 kg de frango, o produtor de suíno a mesma coisa, todos eles investem na maior produção, maior qualidade, enquanto o nosso pecuarista tradicional, vive comparando o preço do sal mineral sem nem saber o que vem em cada saco, remunera o menos possível seus funcionários, gosta de adquirir animal barato para dizer que tem um rebanho maior.

O pecuarista que sabe de fato o quanto custa produzir 1 arroba de animal para abate tem condições de dizer ao frigorífico: “Neste preço eu não posso vender, pois estou perdendo dinheiro e posso falir”, porém o que está acontecendo hoje é que os frigoríficos estão cada vez mais fortes e a maioria dos pecuaristas cada vez mais fracos.