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Totó Porto fala sobre a raça Wagyu, novas tecnologias e seu projeto de carnes especiais

O selecionador de bovinos da raça japonesa Wagyu, Totó Porto, conversa com Miguel da Rocha Cavalcanti sobre novas tecnologias de melhoramento genético e seu projeto de carnes especiais.

O selecionador de bovinos da raça japonesa Wagyu, Totó Porto, conversa com Miguel da Rocha Cavalcanti sobre novas tecnologias de melhoramento genético e seu projeto de carnes especiais.

“Durante muitos anos trabalhei com pecuária leiteira, chegando a produzir leite A e a tirar mais ou menos 12.000 litros de leite por dia, com um plantel de vacas holandesas maravilhoso. Em uma visita ao Canadá cheguei a conclusão que produção de leite com Holandês no Brasil, para ser sincero em qualquer lugar do mundo, sem ser subsidiado não funciona”.

“Em 2002, ao voltar dessa viagem, fizemos um leilão para vender todo o rebanho e de forma pioneira começamos a investir em fertilização in vitro, técnica que na época estava começando a ser utilizada aqui no Brasil”.

“Para começar uma coisa pioneira, você precisa que alguém acredite em você. Então procurei alguns grandes amigos que me mandaram algumas doadoras para trabalharmos em sistema de parceria”.

“Assim o negócio começou a dar certo e começaram a vir outros clientes, nesse momento o trabalho estava mais focado em Nelore Elite”.

“Depois de uns 4 anos, eu tinha umas 500 cabeças de Nelore na fazenda, todas de excelente qualidade. Eu não sou um grande comerciante de gado e nem muito dedicado à exposição, mas vi que era uma judiação vender aquele plantel no açougue. Também comecei a perceber a dificuldade que o mercado tinha para conseguir carne de alta qualidade e que existe um nicho na alta gastronomia para esse tipo de produto”.

“Pensando nisso, vendi todo esse rebanho Nelore para um criador amigo meu. Fui ao Rio Grande do Sul comprar fêmeas Aberdeen. Trouxe 50 embriões de Wagyu dos EUA e dei início ao projeto Carne de Elite”.

“Fizemos a transferência dos embriões e esse ano levamos os animais à Feicorte só para mostrar a genética que a gente tem – apesar de não ser esta a finalidade do criatório, ganhamos diversos prêmios na exposição – e agora estamos cruzando os Wagyu com as vacas Aberdeen”.

“Estamos copiando o que é feito nos EUA, onde os criadores de Wagyu alugam os touros para os criadores de Aberdeen, porque com este cruzamento aumenta o índice de marmoreio e carne é mais valorizada”.

“A ideia inicial é destinar 100% desses animais meio sangue Aberdeen x Wagyu para o abate para atender churrascarias que valorizam uma carne de alta qualidade”.

“Sou sócio da In Vitro Brasil e ao mesmo tempo um grande cliente da empresa. A In Vitro Brasil é uma empresa que está crescendo bastante, estamos com uma equipe na África do Sul, no Panamá, México e em diversos Estados brasileiros. Hoje não estamos mais só focados em Nelore Elite, mas também temos trabalhado com gado Girolando, Aberdeen e várias outras raças. Estamos trabalhando com grandes criadores, que pegam suas melhores vacas e fazem um trabalho de multiplicação dessa genética de alta qualidade”.

“Essa é uma ferramenta de multiplicação que tem um enorme potencial de crescimento no Brasil”.

“Fizemos um projeto com a Parmalat, onde em um ano nasceram 8 mil animais Girolando. Nesse projeto, nós fizemos as aspirações aqui em São Paulo e transferimos os embriões no Pará. Um negócio sensacional”.

“Além disso, nós ficamos sócios de uma empresa americana chamada Cyagra e estamos fazendo clones no Brasil. Já entregamos mais de 60 clones e alguns já estão coletas de sêmen. É um negócio que já está funcionando muito bem”.

“Voltando para o Wagyu, essa é uma raça japonesa que tem um marmoreio muito alto, que nenhum outro gado tem”.

“O consumo dessa carne no Brasil ainda está no início, então acredito que a carne de Wagyu puro ainda vai demorar um pouco para “pegar”, mas o cruzamento com Aberdeen com certeza vai ser um sucesso”.

“Não estou inventando nada. Nos EUA essa carne já é muito consumida e é um sucesso”.

“Esse projeto [Wagyu] ainda está sendo desenhado, ainda não sei se vou vender sêmen desses animais. Estou testando esse cruzamento na fazenda e vou fazer uma experiência maior com umas 1000 vacas. Mas não tenho dúvida que este modelo vai funcionar”.

“O concorrente desse produto seria uma carne Australiana ou Argentina”.

“Esse produto não é para todo mundo, mas acho que esse mercado tente a crescer com o tempo, já que cada vez mais as pessoas gostam de comer melhor, beber vinhos melhores, etc. O Brasil está crescendo, o poder aquisitivo está crescendo e eu acredito muito nesse crescimento, então eu acho que a gente está nessa onda e tem que surfar em cima dela”.

“Na seleção feita com o Wagyu, o foco é melhorar o marmoreio. Melhorar a qualidade da carne. A ideia é começar melhorando a maciez da carne”.

“O futuro da pecuária já chegou. Nós já somos os maiores exportadores de carne bovina do mundo e não tenho dúvida de que vamos continuar sendo. Temos um potencial tremendo, condições climáticas e produtivas que não existem em lugar nenhum do mundo e temos a Embrapa que viabilizou a produção no cerrado brasileiro”.

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