Como crescer na pecuária, sem capital
23 de julho de 2018
Selo vai identificar no exterior produtos do agro de origem brasileira
24 de julho de 2018

TOP 100 Os Maiores Vendedores de Touros – Zebuínos

As duas últimas edições do Top 100 – Zebuínos, um projeto sem igual no País, uma parceria da Revista AG, portal Beef Point e Brasil com Z, revelaram que a maioria dos vendedores de reprodutores zebuínos trabalha com programas de melhoramento genético. Logo, no ranking deste ano, a situação não foi diferente, contudo, só esse aspecto não basta para os criatórios seguirem firme com suas ofertas de animais melhoradores.

“É fato que 89% dos participantes fazem parte de pelo menos um programa de melhoramento genético, resultando no crescimento de grandes projetos de seleção e comercialização de reprodutores. Nos dias de hoje, participar de um programa de melhoramento genético é essencial para se agregar valor ao produto, mas só isso não garante resultados, pois boa nutrição – apresentação – e criar um relacionamento com cliente são fundamentais para fidelização”, avalia o zootecnista William Koury Filho, um dos organizadores do Top 100.

Outro detalhe apontado pelo zootecnista é sobre o estado de São Paulo, que participou com maior número de rebanhos no Top 100, com 14 fazendas e 4.638 touros. Embora o estado com maior número de animais seja Mato Grosso, com 5.720 reprodutores pertencentes a 12 rebanhos. “A cada ano, temos acompanhado a evolução do zebu brasileiro, gado que possui muita variabilidade e permite seleção para cumprir objetivos específicos nos diferentes ambientes tropicais e subtropicais do planeta”.

Já com relação às raças zebuínas ofertadas pelos criatórios, em 2017, destaque para o Nelore padrão, com 16.949 touros vendidos. Em seguida, está o Nelore mocho, com 1.750 animais, logo à frente do Tabapuã, com 1.079 reprodutores. A raça Brahman registrou 305 produtos negociados, enquanto o Guzerá teve a comercialização de 283 exemplares, finalizando com os animais Sindi (68) e Gir Corte (38), totalizando 20.472 reprodutores comercializados.

OS TOP5

A palavra competitividade, muito além de ser um mero substantivo, define bem o Top 100 deste ano, com disputas acirradas de ponta a ponta, reviravoltas e surpresas. Mas antes de apresentar as novidades, é preciso destacar também a tricampeã de vendas de touros, a AgroPecuária CFM, de São José do Rio Preto/SP, que vendeu 1.358 reprodutores Nelore Ceip, registrando um pequeno recuo em comparação ao último levantamento, quando ofertou 1.515 animais.

“Trabalhamos na CFM com três atividades principais: a pecuária, a produção de cana-de-açúcar e de eucalipto. Buscando a melhor utilização da terra, de acordo com sua vocação e, assim, otimizar a rentabilidade da empresa, a área dedicada a cada atividade sofre mudanças ao longo do tempo. A pecuária da CFM passou recentemente por uma redução de área, que resultou no aumento da pressão de seleção do rebanho, para que o projeto fosse ajustado à área disponível. Em todo rebanho, quando diminuímos a quantidade de matrizes, isso é refletido no potencial de produção de touros e, na seleção com Ceip, esse impacto é ainda mais relevante, já que selecionamos como reprodutores, no máximo, 30% dos machos avaliados”, explica o gerente da fazenda, Tamires Miranda Neto.

Segundo o gerente do criatório paulista, a propriedade tem como principal forma de comercialização os leilões e, portanto, quem dita os preços é o mercado. Tradicionalmente, abre as vendas no Megaleilão CFM, ofertando os touros de mais alto índice genético, ou seja, os melhores da safra. O preço médio pelos exemplares negociados no Megaleilão 2017 ficou em R$ 9,6 mil.

“A fidelidade de nossos clientes é a principal razão para as vendas expressivas que a CFM registra ano após ano, tanto que cerca de 60% delas ocorrem para clientes antigos. São os ganhos observados pelos nossos clientes que possibilitaram à CFM produzir mais de 40 mil reprodutores ao longo de sua história. Assim como os agricultores procuram as melhores sementes a cada safra, os pecuaristas buscam a genética mais adequada para obter alta produtividade por hectare, que é exatamente o que os touros Nelore CFM proporcionam”, revela Neto. Para citar um exemplo, uma das melhorias mais reportadas é em relação à taxa de prenhez das fêmeas jovens. Filhas de touros Nelore CFM, segundo Neto, são mais precoces sexualmente, o que permite que entrem cada vez mais cedo em reprodução, tornando o rebanho, como um todo, muito mais eficiente e produtivo.

Na segunda colocação aconteceu uma guinada, onde a Agropecuária Terra Grande, do selecionador André Curado, do município de Bernardo Sayão/TO, aumentou suas ofertas, em 2017, com 1.124 touros Nelore PO disponibilizados. “Aumentamos o nosso volume de vendas em quase 10% e mantivemos a mesma média de 2016, R$ 8.300. Na minha avaliação, é o mercado que dita o valor, não podemos comercializar um touro por um valor alto se as receitas das fazendas de cria estão em baixa. Entretanto, esperamos que 2018 possa ser melhor. Lembrando também que os exemplares negociados foram para 13 estados da federação: AL, BA, ES, GO, MA, MS, MT, PA, PR, RO, RS, SP e TO”, destaca Curado.

O criador do extremo Oeste do Tocantins ressalta que a Agropecuária Terra Grande tem buscado todas as tecnologias possíveis para produzir sempre animais melhores. Em 2015, iniciaram-se as avaliações de ultrassonografia de carcaça, com o objetivo de produzir bovinos mais precoces e com uma carne de melhor qualidade. E, para coroar todo esse pacote tecnológico, a propriedade trabalha com o programa Geneplus/Embrapa desde 1998. Para Curado, essa ferramenta é responsável por todo avanço genético do plantel Terra Grande.

“Os Programas de Melhoramento Genético são essenciais para o crescimento da pecuária brasileira. Veja que praticamente todos os participantes desta edição participam de algum programa, seja PO ou Ceip. Não podemos mais aceitar que um touro tenha apenas embalagem (fenótipo). Ele tem de ter rótulo (avaliações genéticas) para dar uma maior segurança aos clientes que adquirem esses animais. As margens da pecuária de corte reduziram muito e temos de ser mais profissionais em nossa atividade. Devemos adquirir touros que sejam cada dia mais precoces e que atinjam peso adulto mais cedo”, analisa o proprietário da Agropecuária Terra Grande.

Sempre entre os maiores vendedores, a Agropecuária Grendene, do pecuarista Pedro Grendene, com propriedades em Cárceres/MT e Andradina/SP, alcançou a terceira colocação no levantamento quando negociou no seu 5o mega leilão, realizado ano passado, 1.040 reprodutores Nelore PO avaliados pela ANCP e PMGZ, da Associação Brasileira de Criadores de Zebu. A média dos animais comercializados em 2017 foi de R$ 9.380, bem parecido com os últimos dois remates.

“Nós vendemos um volume grande de animais para os estados do Acre, Rondônia, sendo Mato Grosso o nosso maior comprador. Depois um volume menor para Goiás, Maranhão, São Paulo e Paraná. Aliás, abrimos, em 2017, um mercado muito forte na Bolívia, negociando um bom número de touros para aquele país. O perfil desses produtores bolivianos é similar ao dos criadores brasileiros, que valorizam o trabalho genético que a Nelore Grendene desenvolve. São pecuaristas mais esclarecidos, que buscam adquirir genética produtiva para seu rebanho”, descreve Ilson Corrêa, diretor de Pecuária da Agropecuária Grendene.

Apesar dos resultados apresentados, o diretor da Nelore Grendene está insatisfeito com a média de preços, especialmente ao comparar a seis anos atrás. No primeiro mega evento realizado pelo criatório, em que os touros saíram à média de R$ 14 mil, ou seja, houve um deságio enorme. Por isso, a empresa está analisando o que está ocorrendo no mercado para conduzir os projetos da fazenda de maneira balanceada, e com lucratividade.

“O grande problema é que não podemos deixar de investir na propriedade, todavia, podemos tirar o pé do acelerador, investindo com menos intensidade, embora seja impossível deixar totalmente de lado os investimentos, tanto em genética, quanto na parte física da fazenda, que exige reformas, porque se o criatório deixar de aplicar recursos nesses setores, certamente, em três anos, está fora da atividade. Assim sendo, a nossa melhor estratégia é a qualidade genética dos animais, o pós-venda e a dedicação de toda a equipe da Nelore Grendene para enfrentar os desafios de um setor cada vez mais retraído e competitivo”, avalia Corrêa.

Ciente dessa pressão é a quarta colocada no ranking, com 1.025 animais Nelore PO vendidos, a Agropecuária Rodrigues da Cunha, de Porto Esperidião/MT, na qual o produtor Antônio Ronaldo Rodrigues da Cunha e sua equipe têm adotado uma estratégia comercial embasada nos seguintes pilares: adequação às condições de pagamento, frete conforme a necessidade dos compradores; os lotes são feitos de forma democrática e estratégica, para formação de carga, permitindo que o pequeno, o médio e o grande compradores comprem. Isso porque disponibilizam lotes individuais, duplos, quíntuplos e a “prata da casa”, o “Mega Lote”, composto por 30 reprodutores, além de condições especiais de pagamento.

“Estamos em nossa 12a edição do Mega Touros Aliança, a satisfação dos clientes e a liquidez indicam que estamos no caminho certo para atender os mais exigentes compradores. Com relação ao preço médio alcançado no último leilão, consideramos satisfatório o valor de R$ 10.070, em virtude de enfrentarmos uma fase de mercado complicada, e mesmo assim alcançarmos um preço médio superior aos anos anteriores. Embarcamos exemplares rumo à grande parte do Brasil, com maior concentração no Centro-Oeste, Norte, presença forte dos parceiros do Acre, Mato Grosso, Rondônia, Goiás e Pará”, comemora o médico veterinário da Agropecuária Rodrigues da Cunha, Rodolfo Rodrigues da Cunha Machado Borges.

Para ele, também é crucial o investimento no processo de seleção, pois o melhoramento genético permite regular com maior ou menor investimento de acordo com mercado. A fazenda mato-grossense utiliza a melhor genética com auxílio técnico do PMGZ, para continuarem entre os maiores vendedores.

“É imprescindível disponibilizar animais aptos para desempenharem suas funções reprodutivas. Isso exige um cuidado maior com manejo sanitário (vacinas preventivas e exames andrológicos) e suplementação (bovinos bem nutridos, porém, adaptados às adversidades de cada sistema produtivo). Aliás, inovamos neste ano ao preparar touros, exclusivamente, com suplementação a pasto. Isso permitirá que o touro ofertado pela Agropecuária Rodrigues da Cunha possa ser utilizado imediatamente após a aquisição”, diz o médico veterinário do criatório.

Por falar em novidades, a quinta colocada no Top 100, o Nelore Machadinho, do selecionador Limírio Antônio da Costa, participou pela primeira vez do levantamento e já figura entre os maiores vendedores de touros do País, com a marca de 940 animais comercializados, avaliados pelo PMGZ. Com várias décadas dedicadas à criação e ao aprimoramento genético de seu rebanho, a propriedade é referência na criação de gado Nelore PO e POI, na região de São Miguel do Araguaia/GO.

“Mesmo a bovinocultura passando por períodos difíceis, temos produtos vendidos para todos os estados do Brasil, claro que com maior volume para o Centro-Oeste, contudo, nós conseguimos vender os nossos reprodutores sempre em um valor acima da média de mercado, R$ 8.500, o que nos mostra que estamos no caminho correto. Portanto, gostaríamos de agradecer a todos os nossos clientes e, principalmente, nos colocarmos à disposição para sempre prestarmos um serviço de pós-venda que atenda a todas as demandas”, diz o pecuarista, Romildo da Costa, filho do titular da fazenda.

De acordo com Costa, a Nelore Machadinho utiliza todas as ferramentas de seleção para agregar valor aos produtos disponibilizados a cada safra. “Atualmente, utilizamos a FIV em larga escala, buscamos também genética em outros criatórios, visando ampliar a qualidade do nosso plantel; utilizamos o PMGZ, programa de avaliação genética da ABCZ, que nos dá uma maior segurança sobre as tomadas de decisões; realizamos a clonagem como ferramenta de preservação de animais que se destacam, participamos de provas de desempenho, pistas de julgamento e grandes leilões e, acima de tudo, estamos sempre abertos para utilização de novas tecnologias disponíveis em prol da excelência”.

Fonte: AG – A Revista do Criador com a colaboração da BrasilcomZ-Zootecnia Tropical, Assessoria Agropecuária FFVelloso & Dimas Rocha e BeefPoint.

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress