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The Economist reduz previsão de crescimento global

A previsão para a economia global é obscura. Uma combinação de fatores tem reduzido massivamente a confiança. Como resultado, a Unidade de Inteligência do Economist (EIU, sigla em inglês) nesse mês reduziu sua previsão de crescimento global.Como resultado, a Unidade de Inteligência do Economist (EIU, sigla em inglês) nesse mês reduziu sua previsão de crescimento global. A EIU também acha que os riscos de uma recessão double-dip global e de uma quebra da zona do euro aumentaram.

A previsão para a economia global é obscura. Uma combinação de fatores – entre eles, a redução na classificação de crédito dos Estados Unidos, aumento de dúvidas sobre a recuperação dos Estados Unidos e, acima de tudo, uma deterioração na crise de endividamento na zona do euro – tem reduzido massivamente a confiança. Como resultado, a Unidade de Inteligência do Economist (EIU, sigla em inglês) nesse mês reduziu sua previsão de crescimento global. A EIU também acha que os riscos de uma recessão double-dip global e de uma quebra da zona do euro aumentaram.

O Produto Interno Bruto (PIB) mundial crescerá em 3,6% na paridade do poder de compra em 2011 e em 3,5% em 2012. Isso marca uma redução significante comparado com a previsão global do mês passado, quando a EIU esperava um crescimento de pouco mais de 4% nos dois anos. Essa redução nas projeções de crescimento vale para todas as principais regiões do mundo. Isso reflete principalmente o fato de que a EIU se tornou mais pessimista sobre os Estados Unidos e a região da Europa, que terá efeito de reação em cadeia no crescimento no mundo em desenvolvimento.

O mês passado certamente marcou o pior período para a economia global desde o final de 2008. Os mercados de ações sofreram oscilações violentas à medida que os investidores compreenderam as implicações de vários desenvolvimentos perturbadores. As discussões políticas sobre o limite da dívida dos Estados Unidos levou a Standard & Poor´s, uma agência de classificação de créditos, a tomar um passo sem precedentes de cortar sua classificação AAA para o Governo dos Estados Unidos. Os mercados de ações receberam essas notícias potencialmente graves com calma; problemas em outros lugares parecem, ironicamente, ter aumentado o apelo de lugar seguro do Tesouro dos Estados Unidos.

A maior preocupação é que a política de fixação na redução de dívida de Washington quase exclui estímulos posteriores, aumentando o risco de que o crescimento dos Estados Unidos permanecerá fraco. Entretanto, no outro lado do Atlântico, existe um alarme crescente sobre o futuro da zona do euro, com a crise de dívidas agora ameaçando afundar a Itália e a Espanha. O desafio imediato é adotar políticas convincentes que satisfarão as preocupações de solvência do mercado e evitar que a rentabilidade de títulos do Governo – o custo de emitir novos débitos – aumente mais. Porém, a solução em longo prazo parece elusiva, considerando a contínua incapacidade dos membros europeus em concordar com mais ações conjuntas coordenadas.

As preocupações sobre o crescimento dos Estados Unidos e os tremores na zona do euro aumentaram substancialmente os riscos de uma contração ou, pelo menos, uma estagnação, na produção global. Os Governos têm poucas ferramentas políticas para lidar com uma nova recessão, comparado com o massivo estímulo fiscal e monetário que eles liberaram em 2008-09. A previsão central da EIU agora não contempla outra recessão, que seria definida como dois ou mais trimestres de contração no PIB dos Estados Unidos e da zona do euro e um crescimento global geral de 1,5% ou menos (a taxas de câmbio de mercado). Entretanto, a EIU acredita que uma double-dip está se tornando mais provável, com pelo menos 40% de chance de ocorrer nos próximos dois anos. A EIU também acha agora que existe um risco muito grande – novamente de pelo menos 40% – de a zona do euro se desmembrar durante o mesmo período.

Os últimos problemas estão misturados aos efeitos de outros choques da economia global, incluindo o tumulto político no mundo árabe, o terremoto e tsunami no Japão e a crescente inflação em muitos países. Até recentemente, a EIU pensava que a economia global estava em um período frágil temporário que declinaria na segunda metade desse ano, à medida que os preços do petróleo e outras commodities caíssem, que os problemas relacionados ao Japão diminuíssem e que as autoridades da zona do euro arcassem com a crise de endividamento. Algumas dessas coisas estão acontecendo, mas o efeito acumulado de alguns desses choques sem precedentes têm sido mais prejudiciais do que o esperado. Mesmo quando as condições econômicas fundamentais estão melhorando gradualmente, a falta de confiança pode forçar os negócios a reduzir seus serviços e os consumidores a escolher economizar e liquidar as dívidas ao invés de gastar. Isso começa um circulo vicioso que leva a uma menor demanda e até menos contratações de serviços e investimentos.

Mundo desenvolvido

A economia dos Estados Unidos tem cedido diante dos altos preços do petróleo, interrupções nas cadeias de fornecimento resultantes dos desastres naturais do Japão e as incertezas estimuladas por um grande debate sobre o limite da dívida federal. O perigo de uma inadimplência política foi adiado até 2013, mas o acordo que finalmente aumentava o limite da dívida falhou em resolver os problemas de longo prazo do Governo e levou a cortes orçamentários em um momento de enfraquecimento econômico. Os menores preços do petróleo suportarão a economia na segunda metade desse ano, mas a confiança econômica está baixa de uma forma preocupante. A EIU espera um crescimento real do PIB de 1,7% em 2011, menos que os 2,4% previstos anteriormente. O crescimento aumentará só um pouco no próximo ano, para 2%.

O Japão está começando a retornar a algo semelhante à normalidade após o terremoto e o tsunami que golpeou sua costa nordeste em março. O padrão geral de uma queda na atividade econômica em março e abril seguida por uma recuperação é evidente em muitos índices diferentes. A maior nuvem que ainda está presente no horizonte é a possibilidade de faltas de energia, à medida que as companhias tentam retornar aos níveis normais de produção. O aumento implacável no iene japonês também está prejudicando a recuperação.

Os rendimentos dos títulos a 10 anos dos Governos da Itália e da Espanha aumentaram mais de 6% no final de julho e começo de agosto, levando a crise da zona do euro a um novo nível. Enquanto Grécia, Irlanda e Portugal são economias pequenas, Espanha e Itália são muito maiores e, dessa forma, mais difíceis, e não impossíveis, de se resgatar. O Banco Central Europeu respondeu comprando títulos italianos e espanhóis, levando à queda em seus rendimentos, mas essa estratégia não é sustentável. Mesmo a França se tornou brevemente foco de preocupações de mercado, com medos de que seu Governo possa perder sua classificação AAA. As preocupações de endividamento foram compostas por dados de enfraquecimento econômico da área do euro, à medida que a austeridade fiscal e uma queda no comércio global estão começando a agir. A EIU cortou a previsão de crescimento da zona do euro para 2011 de 2% para 1,7% e, para 2012, de 1,4% para 1%.

Mercados emergentes

O superaquecimento não é mais a maior ameaça que enfrentam as economias asiáticas, considerando a deterioração da previsão para Estados Unidos e Europa. De fato, existe agora um perigo de que as economias asiáticas passarão por mais do que somente uma desaceleração benigna no próximo ano ou depois. Outra preocupação é que a liberação de uma política monetária em outros locais piorará as bolhas asiáticas de preços de ativos – especialmente se a Reserva Federal dos Estados Unidos fizer outra rodada do programa de compra de títulos conhecido como “Quantitative Easing”. Ainda, os fundamentos econômicos da região estão em boa forma. A emergência da China como um motor independente de crescimento regional mitigará o impacto dos problemas econômicos do Ocidente, garantindo que a Ásia permanecerá como a região de mais rápido crescimento do mundo. O crescimento na China enfraquecerá para 9% em 2011, menos que os de duplo-dígito do ano passado, enquanto a economia da Índia se expandirá em 7,9% em 2011. O ritmo de expansão econômica do sudeste da Ásia irá desacelerar acentuadamente nesse ano de quase 8% em 2010, apesar de ficar a uma taxa ainda saudável de 5,3%.

As economias da América Latina estão, de forma geral, tendo bom desempenho, mas o aumento dos preços das commodities e a forte demanda doméstica estão exigindo aumentos nas taxas de juros para evitar uma inflação maior. O enrijecimento monetário, combinado com o desaquecimento dos Estados Unidos, produzirá uma desaceleração no crescimento regional de 5,9% em 2010 para 4,2% nesse ano. Ao mesmo tempo, o padrão tradicional de duas velocidades da região está ressurgindo. Os exportadores de commodities, como o Brasil, o Peru e o Chile, terão forte desempenho nos próximos anos, graças à boa demanda da Ásia. Porém, grande parte do restante da região, especialmente aqueles países com ligações mais próximas à economia dos Estados Unidos, deverão crescer de forma mais fraca.

A recuperação no Leste Europeu continua, mas está perdendo impulso. A Polônia e a Rússia estão, ainda, apresentando desempenho relativamente forte, graças à demanda da Alemanha e aos altos preços do petróleo, respectivamente. Entretanto, o crescimento permanece fraco em outros locais, particularmente nos Bálcãs. Muitos países na região estão enfrentando uma combinação de uma maior inflação e uma demanda doméstica e externa mais fraca. O sentimento dos consumidores e dos negócios permanece frágil e o risco de um contágio financeiro da zona do euro parece cada vez mais sério. A região como um todo deverá ter um crescimento do PIB de 3,6% nesse ano.

A onda de desordens civis envolvendo o Oriente Médio e a África do Norte (MENA) está reduzindo as previsões econômicas em curto prazo. O risco político tem direcionado os preços do petróleo para cima, com efeitos divergentes. Os países que não são produtores de petróleo estão sofrendo à medida que a confiança dos consumidores enfraquece e o turismo declina. Porém, os países ricos em petróleo, como Arábia Saudita e Qatar, estão obtendo receitas maiores, o que os tem capacitado a reforçar os gastos públicos.

Juntos, o crescimento regional do grupo MENA declinará para 3,2% em 2011, antes de aumentar para 4,1% no próximo ano – considerando que as principais desordens políticas vão acalmar. Apesar da previsão global obscura, o crescimento econômico na África Subsaariana ficará em média em 4,6% nesse ano, antes de se fortalecer para 5,2% em 2012. A resistência dessa região está radicada nos fortes preços de commodities, reformas econômicas e saudáveis entradas de capital e investimentos – especialmente da Ásia.

Taxas de câmbio

O dólar dos Estados Unidos continua sendo comercializado a baixos níveis com relação ao euro, mesmo que a falência nos mercados de ações possa levar à expectativa de direcionar a demanda por dólares, com isso, levando a moeda dos Estados Unidos a valorizar. O dólar tem sido comercializado a uma variação de US$ 1,40-45:€ desde o começo de maio, sem mudanças fortes, sustentadas em qualquer direção. Os mercados de câmbio continuam a buscar uma direção à medida que os investidores tentam determinar o ritmo e a amplitude da desaceleração econômica global. A relação dólar:euro deverá continuar sendo afetada por uma série de forças opostas. Por um lado, diferenciais na taxa de juros devem dar suporte ao euro. Por outro, a aversão ao risco provavelmente sustentará o dólar. A EIU continua acreditando que o dólar se fortalecerá levemente com o avanço de 2011, principalmente à medida que os efeitos de lugar seguro se tornam mais pronunciados e a crise do euro piora, pesando mais que muitos negativos do dólar. O dólar aumentará para US$ 1,39:€1 ao final de 2011, antes de ficar em média em US$1,36:€1 em 2012.

Commodities

Os preços da maioria das commodities caíram bastante no começo de agosto, devido às preocupações dos investidores sobre a previsão de crescimento e da crise de endividamento da zona do euro. Considerando a volatilidade nos mercados de commodities nos últimos meses, os preços poderão se recuperar com relação à baixa do começo de agosto. Ainda, as recentes quedas suportam a idéia de que os preços em geral serão menores na segunda metade desse ano do que na primeira, refletindo o menor crescimento econômico em muitas partes do mundo desenvolvido e na China um importante consumidor de matérias-primas – em particular. Os preços cairão mais em 2012, devido ao fraco crescimento no consumo, provavelmente acompanhado por um menor apetite ao risco dos investidores. A previsão sobre o petróleo não mudou com relação ao mês passado. A EIU previu que o barril de petróleo (do tipo Brent) custará em média US$ 108,5 nesse ano, embora os preços devam permanecer voláteis. Os preços do Brent cairão mais para uma média de US$ 94,5/barril em 2012.

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