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Tendências do agronegócio brasileiro para 2011

O agronegócio brasileiro vai registrar expansão acima da média em 2011. A estimativa é da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que atribui aos altos preços das commodities, à forte demanda interna e externa e à redução dos custos de produção a projeção de um avanço mais acelerado no campo neste ano. Outro aspecto positivo para o setor apontado pela CNA foi a queda dos custos de produção ao longo de 2010.

O agronegócio brasileiro vai registrar expansão acima da média em 2011. A estimativa é da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que atribui aos altos preços das commodities, à forte demanda interna e externa e à redução dos custos de produção a projeção de um avanço mais acelerado no campo neste ano. Com isso, o faturamento dos 25 produtos agropecuários vai crescer 3,65% e atingirá 261 bilhões de reais no período. “Os estoques de grãos estão em baixos níveis, e o consumo deve continuar aquecido. O Brasil, maior produtor de alimentos do mundo, será favorecido nessa conjuntura”, diz a senadora Kátia Abreu, presidente da CNA.

Outro aspecto positivo para o setor apontado pela CNA foi a queda dos custos de produção ao longo de 2010. No período, o gasto médio por hectare foi de 936 reais, em comparação com os 1.160 reais gastos em 2009. “Esse cenário compõe um quadro de rentabilidade para o agricultor brasileiro”, avalia André Pessoa, diretor da Agroconsult, empresa de consultoria agrícola.

“O agricultor não pode arcar sozinho com o abastecimento do país. O governo precisa garantir preços mínimos sem burocracia” comentou Kátia Abreu.

Para Roberto Rodrigues, ex-ministro da agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio da Faculdade Getúlio Vargas (GV-Agro), 2011 será um ano emblemático para a agricultura e o Brasil não será somente favorecido pela conjuntura internacional. Rodrigues afirma que o país será o protagonista do aumento da produção de alimentos no mundo. “Teremos um novo governo e a oportunidade de grandes revisões do processo produtivo no momento em que nos foi imposto o desafio de crescer acima da taxa mundial”,afirma o ex-ministro.

Rodrigues se refere a um levantamento realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que aponta que a produção de alimentos terá de crescer 20% nos próximos dez anos a fim de atender à demanda mundial. Nesse panorama, a União Europeia vai contribuir com um aumento de 4%; a Austrália com 7%; os Estados Unidos e o Canadá com 15%; a Rússia e a China com 26%; e o Brasil com 40%. “Teremos de avançar o dobro do crescimento mundial, e isso implica numa expectativa muito grande sobre nossa produção, em função da disponibilidade de terras e de nossa competitividade”, diz Rodrigues.

Ele acrescenta que a projeção de crescimento da área de energia será ainda maior que a de alimentos. “A China comprou mais carros que qualquer outro país neste ano. Lá a estatística é de três carros para cada 100 habitantes – em comparação, os Estados Unidos têm 60 carros para cada 100 habitantes. Portanto, a demanda crescerá ainda mais nos próximos anos, e a pressão ambiental vai impulsionar o consumo de combustível limpo”, avalia o ex-ministro.

A presidente da CNA também vê a China como motor da economia mundial. “Projeções mostram que o país deve crescer entre 8% e 9,5% neste ano, mas, se o desempenho do gigante asiático for inferior a 8%, o quadro será de preocupação, uma vez que o crescimento menor reduzirá a demanda por alimentos, importados principalmente do Brasil”, avalia a senadora. A volta da inflação e uma desaceleração econômica mundial também poderiam afetar as boas previsões da CNA para o setor em 2011. A entidade estima que as exportações do agronegócio atinjam novo recorde histórico, de 77,8 bilhões de dólares, com saldo positivo de 66,5 bilhões de dólares.
No entendimento de Rodrigues, existem seis pilares que são considerados fundamentais para a consolidação do agronegócio brasileiro. O primeiro é a renda, com o seguro rural, o crédito e os preços de garantia ao produtor. O segundo é a logística, com priorização das estradas, ferrovias e portos. Em terceiro, destaca-se a tecnologia, com a continuidade dos investimentos no campo. O quarto pilar refere-se ao comércio exterior, com a adoção de uma política mais agressiva. O quinto trata da defesa sanitária, por meio da criação de um programa eficaz. E finalmente o sexto pilar trata de uma revisão ampla do aparato legal sobre o campo, que inclua as discussões sobre o direito de propriedade, questões trabalhistas e ambientais.

“O cenário é promissor para o Brasil, porém, se quisermos aproveitar essa oportunidade, temos de priorizar esses seis pilares”, afirma Rodrigues. As estimativas para 2011 são otimistas para a maioria das commodities. O comércio de grãos, que surpreendeu em 2010 em função das altas cotações, deve se apresentar ainda mais aquecido em 2011, em função dos baixos estoques mundiais e da tendência de elevação no consumo das famílias.

A matéria é da Revista Globo Rural, adaptada pela Equipe AgriPoint.

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