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Tecnologia pode levar pecuária à neutralidade em gases de efeitos estufa, reforça Embrapa

O chefe-geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Alexandre Berndt, afirmou que é possível alcançar a neutralidade da emissão de gases de efeito estufa na pecuária brasileira com a ampliação da adoção de tecnologias nos sistemas produtivos. Sem conseguir evitar a fermentação entérica dos bovinos, principal causa das emissões de metano do país, a estratégia deverá ser reduzir, diluir e compensar o lançamento dos poluentes na atmosfera com técnicas consolidadas e viáveis para os bolsos de todos os pecuaristas.

“Vamos ter que usar todas as tecnologias disponíveis para mitigar as emissões”, disse ele, ao comentar a adesão do Brasil ao Acordo do Metano na COP26. “A neutralidade é possível e não temos nada a dever. Sabemos quanto a pecuária emite e como reduzir, diluir ou compensar. Tem tecnologia para todos os bolsos”, completou.

Berndt elencou três formas de enfrentar o desafio da redução da emissão do metano no setor. A primeira é intervir diretamente na fermentação, com a inclusão de aditivos alimentares, dietas específicas e moduladores. Segundo ele, já existem produtos em uso e outros em estudo.

A segunda forma é diluir as emissões, com o bom manejo de pasto e gestão do rebanho para evitar o “efeito sanfona” no gado e alcançar o peso de abate mais cedo. “Se encurtar o ciclo de produção em um ano, reduz as emissões. Nessa frente há mais tecnologias disponíveis, desde a reprodução, nutrição eficiente e boas práticas de produção para reduzir de 48 para 36 meses o tempo de abate”, afirmou o pesquisador.

Compensação de emissões

A compensação das emissões é outra frente a se trabalhar, diz Berndt, e na qual o Brasil já se destaca. “Não tem como ter emissão zero, não conseguimos interromper a fermentação entérica, mas há formas para compensar, com sequestro de carbono no pasto bem manejado e nos troncos das árvores no sistema de integração lavoura-pecuária-floresta”, disse.

Segundo ele, um dos pontos importantes a serem definidos é a metodologia de aferição dos gases emitidos e removidos. No caso do metano, uma unidade emitida é compensada com 28 unidades de carbono sequestrados.

“Existem tecnologias consolidadas com ganho duplo, como o bom manejo de pastagem. O pasto de melhor qualidade emite menos, a fermentação no rúmen é melhor, traz mais nutriente para o animal que vai ganhar mais peso e encurtar o ciclo de vida”, exemplificou Alexandre Berndt.

Outra dúvida com o acordo ainda recente é como será feita a distribuição entre os países da meta de redução de 30% do metano até 2030 no planeta e entre os setores em cada país. A falta de dados pode ser um dificultador.

As informações mais recentes do Brasil são de 2016, quando a agropecuária do país emitiu 487 milhões de toneladas de CO2 equivalente de metano, segundo o 4º Inventário Nacional do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). As principais fontes foram a fermentação entérica dos bovinos de corte e leite, o manejo de solos e as emissões indiretas, como a aplicação de fertilizantes sintéticos e esterco. Naquele ano, o país foi responsável por 3% das emissões globais de gases do efeito estufa; a agropecuária nacional respondeu por 1% de tudo que foi emitido no planeta.

Para o cumprimento do acordo, o ano base é 2020, mas ainda existem apenas estimativas sobre as emissões no período.

Fonte: Valor Econômico.

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