A suspensão temporária da carne bovina brasileira nos EUA não significa que o Uruguai venderá mais carne ao mercado americano, segundo várias fontes da indústria de carne uruguaia, incluindo o presidente do Instituto Nacional de Carnes (INAC), Federico Stanham.
“Se o embargo que o Brasil tem hoje para entrar nos Estados Unidos será de caráter permanente, além dos problemas com a União Europeia, o que seria mais grave pelos volumes que estão vendendo nesse mercado, essa carne será direcionada a outros mercados “, admitiu Stanham. E os mercados onde o Brasil tem a maior presença são Oriente Médio, África do Norte e China. “Essa carne poderia ir para estes lados.”
Stanham reconheceu que “a suspensão do Brasil nos EUA pode, pontualmente, dar a impressão de que ajudará o Uruguai, mas deve-se avaliar no contexto de mercados e como as peças serão reorganizadas.” Ele acrescentou que “um a menos é sempre bom, mas o Uruguai está muito bem posicionado nos EUA e não espera muitas mudanças.”
O chefe disse que no caso da carne bovina uruguaia “não há nenhuma situação em qualquer um dos mercados onde o produto está entrando hoje que gere preocupação por haver algum incidente ou alguma descoberta. Não há surpresas.”
O Brasil estava entrando nos Estados Unidos dentro da cota para terceiros, diferentemente do Uruguai, onde entra com uma cota de 20.000 toneladas sem tarifas, mas inclusive chega a exportar fora da cota, pagando uma tarifa de 26,4%.
O Brasil tinha enviado aos Estados Unidos até agora em 2017, cerca de 10.000 toneladas, mas começou a exportar no final do ano passado. “Essas 10.000 toneladas começaram com menos de 1.000 toneladas em janeiro e chegou a 3.800 toneladas em abril. Veio em uma tendência crescente.”
No mesmo período, o Uruguai exportou bem mais do que esse volume e com valores melhores. Por sua vez, fontes da indústria de carne uruguaia disseram que o país tem outros canais para vender carne e não apenas aos Estados Unidos.
“A carne uruguaia hoje tem melhores opções de negócios. Para essa cota – de 20.000 toneladas – com o Brasil ou sem o Brasil, nada se afeta”, afirmou uma fonte industrial.
Outro empresário da carne reconheceu que a saída do Brasil dos Estados Unidos “gera um movimento, mas os exportadores uruguaios não sabem qual é. Tanto a Austrália como os demais países seguem abastecendo os Estados Unidos, mas a suspensão do Brasil deixa um concorrente a menos no mercado e isso, em algum momento, deverá gerar. Não podemos analisar o que ainda.”
O Uruguai garante que a cota com os Estados Unidos está sendo cumprida normalmente e faltam seis meses (finaliza em 30 de dezembro) para terminar. No Uruguai, o abate de bovinos foi 14% maior que no ano anterior até agora nesse ano, segundo dados do INAC.
Fonte: El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.