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Suspeita de ‘vaca louca’ gera apreensão

A descoberta de um caso suspeito de “vaca louca” em Minas Gerais, que está sendo apurado pelo Ministério da Agricultura, acendeu um alerta entre pecuaristas e frigoríficos do país. Na B3, os contratos futuros do boi gordo para outubro caíram 4,38% ontem, a R$ 296,95 por arroba, e a baixa poderá se aprofundar enquanto não forem divulgados resultados da contraprova no animal – que já foi abatido – pedida pela equipe técnica da Pasta.

De acordo com fontes ouvidas pelo Valor, sintomas da doença foram observados em uma vaca de idade avançada. A expectativa, assim, é que seja um caso classificado como “atípico”, normalmente sem riscos de gerar barreiras duradouras para as exportações de carne bovina do país. A última ocorrência do gênero no país se deu em Mato Grosso, em 2019.

O mal da “vaca louca” – encefalopatia espongiforme bovina (BSE, na sigla em inglês) – é uma doença neurodegenerativa que tem como agente patogênico uma forma de proteína chamada príon. Ela pode ser transmitida ao homem e provocar a Doença de Creutzfeldt-Jakob, também neurodegerativa.

Em episódios atípicos, a doença é desenvolvida espontaneamente e o risco de contaminação é mínimo. Os casos graves são os que ocorrem por meio da ingestão de farinha de carne e ossos, proibidos na alimentação dos animais do Brasil. Nunca houve um caso clássico da doença da “vaca louca” no país.

O analista Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, afirma que o Ministério da Agricultura precisa esclarecer a situação para tranquilizar o mercado. “Não teve frigorífico operando normalmente ontem”, diz ele. Outras fontes ouvidas pelo Valor disseram que grandes frigoríficos que vendem para a China interromperam a produção voltada ao país. Após o caso de 2019, os chineses suspenderam as compras por 15 dias, e isso pode se repetir agora, até que a investigação seja concluída.

Ter a China fora das compras, mesmo que temporariamente, pode ser prejudicial para o mercado, lembra o analista da Safras & Mercado. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), de janeiro a julho deste ano, o gigante asiático e a província independente de Hong Kong responderam por mais de 60% da receita gerada pelas exportações brasileiras.

As mesmas fontes afirmaram que os resultados da contraprova deverão ser divulgados em alguns dias. O Valor apurou que o ministério prefere esperar esses laudos para dar mais detalhes sobre o caso. Em nota, a Pasta limitou-se a informar que adotou “os procedimentos de investigação recomendados pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE)” para casos como esse.

Fonte: Valor Econômico.

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