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Supermercado pode viver ‘nova onda’ de consumo

As vendas dos supermercados voltaram a crescer após uma desaceleração mais forte no começo desta semana, segundo dados publicados ontem pelo setor. Pode ser sinal de uma nova onda de consumo nas lojas, após o último pico de demanda verificado quando a quarentena foi anunciada no país. A Associação Paulista de Supermercados (Apas), que tem divulgado o levantamento, informou em nota que as redes estão abastecidas para atender uma eventual nova escalada nas vendas.

Algumas redes estão alertas ao fato de que, a partir da data de ontem, há pagamentos de salários (entre os dias 1º e 5), e os consumidores podem voltar a reabastecer suas casas, levando eventualmente a uma nova corrida às lojas. Segundo os dados da associação, referentes ao Estado de São Paulo, em março, coletados às terças-feiras, no dia 31, frente ao dia 3, a expansão foi de 10%, retomando o ritmo mais forte de vendas na semana passada.

No começo da semana, foi verificada uma desaceleração no ritmo de demanda. No dia 30 de março, em relação ao dia 2, houve queda de 2,9% nas vendas. Também no período relativo aos dias 27 a 29 de março, versus 28 de fevereiro a 1º de março, houve um recuo, e mais intenso, de 7,7%. Essa perda de vigor já era prevista pelos consultores. As vendas desaceleraram porque houve uma forte antecipação de compras nas lojas após decretado o isolamento, e o consumidor, depois de ter feito estoque, reduziu a ida aos pontos de venda. Até o momento, o pico foi em 19 de março, com alta de quase 50%.

“A expectativa já era que, depois da queda dias atrás, a venda voltasse a subir novamente, numa nova onda de consumo, porém, menor que a do pico visto dez dias atrás. Depois dessa alta agora, é provável que volte a cair na segunda semana do mês”, disse o sócio-diretor da consultoria Martinez de Araújo, Manoel de Araújo. “Quem vai sofrer mais é quem depende de Páscoa, que será muito ruim neste ano”. A gerente de atendimento ao varejo da Nielsen Brasil, Fernanda Vilhena, disse que março apresentou um
comportamento dentro da tendência histórica de consumo. “Houve um pico de vendas na primeira semana do mês, quando os brasileiros recebem os salários, e desaceleração na semana seguinte”, afirmou.

Levantamento da Nielsen com 150 redes de supermercados, hipermercados e atacarejos indicou queda de 3% nas vendas no país, na semana de 9 a 15 de março, em comparação com a primeira semana do mês. Mas houve aumento em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde a quarentena começou mais cedo. E, nacionalmente, cresceram as vendas de produtos de higiene pessoal e limpeza, com destaque para álcool em gel (214%), álcool de limpeza (101%) e lenços de papel (54%). “O que vimos em outros países é que na terceira semana cresce a procura por itens básicos culinários. Depois, os consumidores vão se adaptando e fazendo compras menores. A expectativa é que o Brasil siga essa tendência”, disse Fernanda.

As vendas do setor supermercadista em São Paulo chegaram a superar taxas de crescimento diárias de 40%, com alguns produtos triplicando de venda no mês. No dia 19 de março versus 20 de fevereiro (portanto, na semana em que se decretou quarentena), a venda subiu 48,5%. De sexta a domingo, a alta foi de 45,6%. A partir do dia 23, houve queda contínua. A McKinsey prevê queda no consumo no país. Segundo pesquisa feita pela consultoria, 7 entre cada 10 pessoas (72%) dizem que estão deixando de gastar nas últimas semanas. Para efeito de comparação, no começo de 2015, o percentual era de 51%, caindo para 44% em 2019.

“Os efeitos da epidemia foram sentidos de forma muito rápida e de forma muito tangível, com a quarentena”, disse Tracy Francis, sócia sênior da McKinsey. Durante a quarentena, segundo a McKinsey, os brasileiros pretendem aumentar em 25% os gastos com comida, com destaque para o aumento de 111% na compra de grãos como arroz, feijão e pipoca, em 8% os gastos com produtos para casa, 6% com entretenimento em casa e 1% com produtos de higiene pessoal. De acordo com Fernanda Hoefel, sócia da McKinsey, essa é uma característica única do brasileiro já que, em todo o mundo, os gastos com produtos de higiene apresentam queda.

De forma geral, os brasileiros estão pouco otimistas com as perspectivas de recuperação. Para mais da metade das pessoas (51%), a economia nacional sofrerá os efeitos da atual situação por 6 a 12 meses. Outros 24% dizem acreditar que o impacto será de longo prazo. Já para um quarto das pessoas que mantém o otimismo, a recuperação virá em dois a três meses. As compras on-line crescem no Brasil, mas não no ritmo necessário para compensar a queda no varejo físico, diz a McKinsey. Muita gente que deve ter seu primeiro contato com o mundo digital neste momento, tende a acelerar a adoção desse canal depois da crise, opina Fernanda.

Fonte: Valor Econômico.

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