Projetos levam conexão ao campo
11 de dezembro de 2018
Novo estudo aponta possível ligação entre vegetarianismo e depressão
11 de dezembro de 2018

Suíça quer zerar tarifa de importação industrial

Os preços de bens e serviços na Suíça são em média 54% mais caros que em boa parte dos países da vizinha União Europeia (UE). Com essa constatação, o governo suíço anunciou plano para cortar a zero todas as tarifas de importação de produtos industriais, visando reduzir preços internos e reforçar a competitividade internacional de sua economia.

O governo submeteu a consulta popular seu projeto de abertura unilateral. As respostas devem vir de empresas e consumidores nos próximos meses. Mas a ambição liberalizadora tem seus limites. As tarifas de importação de produtos agrícolas, que tornam o país um dos mais protecionistas nesse segmento, não serão alteradas.

A Suíça, um dos países mais ricos do mundo, tem apenas 8,5 milhões de habitantes, mas seu comércio exterior supera o do Brasil. Em 2017, foi o 17o maior importador com US$ 269 bilhões e fatia de 1,5% das importações globais. Em comparação, o Brasil foi o 29o com US$ 157 bilhões e fatia de 0,9%.

Nas exportações, a Suíça fica na 19a posição com US$ 300 bilhões e fatia de 1,7% das exportações globais. O Brasil ficou na 26a posição, com exportações de US$ 218 bilhões e fatia de 1,2%.

As tarifas de importação de produtos industriais na Suíça já são muito baixas, ficando em 1,8% na média ‒ comparado a 35,2% na importação agrícola na média. Alguns produtos, como têxteis e confecções, têm alíquotas entre 4% e 5,6%. Quando zerar as alíquotas, o governo perderá receita de US$ 1,2 bilhão por ano.

A decisão de liberalizar é em todo caso importante, ainda mais quando a maior economia do mundo, os Estados Unidos, toma o rumo contrário e restringe certas importações. Uma abertura unilateral de comércio, sem esperar por barganha com parceiros, foi estudada pelos suíços em parceiros como o Canadá, Nova Zelândia e Noruega. Ou seja, alguns países decidem abrir seu mercado por achar que tem realmente a ganhar com isso.

Os preços de bens e serviços na Suíça são mais caros em razão de salários e custos internos altos, além de uma série de obstáculos tarifários e não tarifários que ajudam as empresas a manter o mercado fechado e cobrar mais dos consumidores.

A indústria suíça é especializada em etapas de produção com forte valor agregado no fim da cadeia de valor, e as companhias precisam importar matérias-primas ou produtos semiacabados. Uma eliminação das tarifas de importação terá assim o efeito de, por sua vez, promover exportações com a melhora da competitividade.

Para o governo, o contexto internacional, com o recrudescimento de protecionismo, coloca em perigo a ordem econômica liberal que se estendeu progressivamente a todas as regiões do mundo desde a Segunda Guerra Mundial. Por conta de seu mercado interno pequeno e sua forte internacionalização, a economia suíça depende bem mais das trocas internacionais do que outros países importantes. Assim é penalizada pelo protecionismo mesmo quando não é visada diretamente.

Com a abertura unilateral, o governo prevê um óbvio aumento de importações. E acha que sua posição em negociações de acordos comerciais não vai ser realmente afetada, já que os parceiros, inclusive do Mercosul, focam mais no acesso de produtos agrícolas, medidas não tarifárias e outros temas.

Já uma liberalização no comércio agrícola continua a ser um tema sensível na política helvética. A importação agrícola representa 10% do total comprado no exterior. Alíquota para carnes fica em 120% na média; produtos lácteos, em 144%; oleaginosos, 58%; açúcar, 26,7%.

Cerca de 60% da renda do agricultor vem de subsídios. Alguns analistas ironizam, dizendo que o agricultor helvético é, na verdade, um funcionário do governo.

Fonte: Valor Econômico.

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress