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Startup propõe usar ‘digital’ do gado para rastreamento

A startup DataBoi propõe utilizar “impressões digitais” presentes nos focinhos dos bovinos para rastreá-los durante toda a vida. A novidade pode ajudar companhias de proteína animal a garantir que a carne bovina que chega ao prato do consumidor final não seja proveniente de rebanho criado em áreas desmatadas ilegalmente ou com outros problemas socioambientais.

Um dos maiores desafios no combate ao desmatamento na pecuária é identificar de quem os produtores responsáveis pela engorda compraram seus bezerros e bois magros. Muitas vezes, as informações sobre os fornecedores indiretos perdem-se no meio do caminho – um animal pode passar por três donos até o abate.

O trabalho da DataBoi baseia-se na premissa de que, assim, como no caso das digitais humanas, as impressões presentes no focinho dos bovinos é única e não muda ao longo dos anos. Isso permite que se saiba, em todas as etapas da cadeia, qual animal está sendo comprado e qual sua procedência.

Hoje, o rastreamento é feito principalmente com os brincos de identificação, que, além de representarem custo para os pecuaristas, estão sujeitos a perdas e adulterações. A solução que a startup criou é digital. O produtor só vai precisar instalar um aplicativo no celular, tirar foto do focinho do animal e deixar que o algoritmo de inteligência artificial processe a imagem para fazer a identificação.

“Entendemos que a grande maioria dos criadores já poderia rastrear e digitalizar sem nenhum custo”, diz o CEO da empresa, Floriano de Siqueira Varejão. “A imagem que a gente usa não precisa ser de alta qualidade. Fazemos vários processamentos e conseguimos um modelo biométrico com 4.097 pontos que dizem qual animal aparece na foto. A maioria dos celulares consegue uma qualidade até superior à que é necessária”.

Segundo Varejão, com uma base de dados auditável, os pecuaristas podem conseguir receber mais pela arroba sustentável. A agtech também pretende criar uma plataforma de venda de gado rastreado com os usuários da ferramenta.

O empresário afirma que a tecnologia é inédita na América Latina. Ela foi desenvolvida com aporte do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), via Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). O algoritmo ficou pronto há dois meses.

Agora, a DataBoi negocia com potenciais interessados. A tecnologia pode ser utilizada, por exemplo, por bancos e seguradoras para verificar onde estão os animais oferecidos como garantia em um empréstimo ou se bois mortos por um raio são os mesmos que estavam segurados. A tecnologia reduz em até 80% o custo de processos de auditorias, afirma Varejão.

No futuro, a startup pretende colocar os bovinos em uma espécie de mercado de capitais digital. “Com a identidade única, cada animal será um token, e os investidores poderão comprar uma fração do animal e retirar depois de valorizado”, diz. A DataBoi projeta faturamento de R$ 1,2 milhão no ano que vem.

Fonte: Valor Econômico.

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