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Soja e gado no Brasil são decisivos para combater desmate global, diz estudo

O avanço dos compromissos ambientais no cultivo de soja e na criação de gado, sobretudo no Brasil, é decisivo para o combate ao desmatamento no mundo, de acordo com o relatório “Deforestation & Conversion Free Supply Chains”, divulgado hoje (26/10) no país pelo Boston Consulting Group (BCG) e WWF. 

Sete commodities agrícolas contribuíram para o desmatamento global de 123 milhões de hectares de florestas, segundo o levantamento. São elas carne (37%), óleo de palma (9%), soja (7%), cacau (2%), café (2%), borracha (2%) e madeira (1%). 

Entre 2001 e 2015, o Brasil foi responsável por 48% do desmatamento global causado pela produção de carne. No país, a atividade desponta como a principal causa histórica do problema. Segundo os pesquisadores, o setor é o mais atrasado em comprometimentos ambientais e o mais incipiente na certificação da origem de seu produto em comparação com outras commodities. Já o plantio de soja no país durante o mesmo período avaliado foi responsável por 61% do desmatamento causado pela cultura no mundo.

O relatório afirma, ainda, que, para reverter o impacto de suas atividades sobre os ecossistemas, as empresas que são líderes em seus segmentos no país precisam fomentar uma mudança sustentável em seus setores. Fazem parte desses esforços a promoção da transparência e da rastreabilidade e a verificação de toda a cadeia de suprimentos.

Segundo o relatório, as companhias devem ir além do papel de “compradoras de commodities sustentáveis”, assumindo o de “promotores de sustentabilidade além de suas operações”, com ações executadas de forma colaborativa para que haja impacto relevante. 

O relatório reconheceu que há boas práticas tomando essa direção e citou dois exemplos brasileiros. Em um deles, três produtores de ração para piscicultura adotaram o compromisso de comercializar produtos livres de desmatamento. A iniciativa gerou repercussão ao garantir que os fornecedores adotassem melhores práticas contra o desmatamento em todos os níveis da cadeia. 

A “Moratória da Soja”, pacto ambiental assinado em 2006 por produtores de soja, ONGs e governo, foi a outra iniciativa mencionada. Com ela, lembra o estudo, assumiu-se o compromisso para impedir que haja conversão de floresta para plantio do grão na Amazônia. 

O relatório acrescenta que “é crítico reportar o avanço dos compromissos de sustentabilidade assumidos, prática de apenas entre 41% a 46% das grandes empresas em todo o mundo”. Além disso, diz, é essencial que as organizações apoiem esforços para o fortalecimento da legislação ambiental e de sua execução. Também é necessário que as instituições financeiras tenham papel mais ativo na questão, afirma o estudo, para evitar o financiamento de empresas e atividades que podem estar – direta ou indiretamente – ligadas ao desmatamento. 

“As grandes empresas de cada setor devem trabalhar juntas, com apoio dos governos, mercado financeiro e ONGs, para assumir compromissos maiores e implementar ações cada vez mais efetivas contra o desmatamento”, avalia Jorge Hargrave, diretor do BCG e colíder da prática de Mudanças Climáticas no Brasil. “No Brasil, uma das medidas mais importantes seria a melhoria da rastreabilidade dos produtos desde a sua origem, garantindo a sustentabilidade em todas as etapas produtivas. A tecnologia de blockchain já é adotada com esse objetivo, mas ainda há grande margem para melhora”.

Em 2019, WWF e BCG lançaram a plataforma OpenSC, que usa o blockchain e outras tecnologias para rastrear alimentos e produtos. A ação ajuda pessoas e empresas a evitarem mercadorias ilegais, prejudiciais ao meio ambiente ou antiéticas.

Fonte: Valor Econômico.

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