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Sisbov: entenda as dificuldades na transição para a IN 17

Com a transição do sistema antigo para o novo Sisbov, regulamentado pela IN 17 do Mapa, os problemas decorrentes da implementação no banco de dados deixaram o setor sem poder fazer inclusões de animais na BND por 60 dias. Este período se inicia em 02/12/06, quando, de acordo com a IN 17, novas inclusões somente poderiam ser realizadas pelo sistema novo, até 31/01/07, quando efetivamente o sistema ficou liberado para cadastramento de novas ERAS.

Com a transição do sistema antigo para o “novo Sisbov”, regulamentado pela Instrução Normativa (IN) nº 17 do Mapa, os problemas decorrentes da implementação no banco de dados deixaram o setor sem poder fazer inclusões de animais na BND por 60 dias. Este período se inicia em 02/12/06, quando, de acordo com a IN 17 do Sisbov, novas inclusões somente poderiam ser realizadas pelo sistema novo, até 31/01/07, quando efetivamente o sistema ficou liberado para cadastramento de novas ERA.

De acordo com o Secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Mapa, Márcio Antonio Portocarrero, o novo sistema foi ao ar somente em 29/01 e, segundo o presidente da Associação das Empresas de Certificação e Rastreabilidade da Agropecuária (ACERTA), Vantuil Carneiro Sobrinho, no dia em 31 de janeiro já era possível realizar novos cadastros. Em 1º de fevereiro, de acordo com Vantuil, já havia 190 Estabelecimentos Rurais Aprovados no Sisbov (ERA) cadastradas e uma propriedade com visita efetivada pela certificadora e autorizada para novas inclusões de animais.

O Mapa enfrentou, de fato, algumas dificuldades na transição entre o sistema antigo e o sistema novo. Vantuil explica que, diante da complexidade e das irregularidades com o antigo banco de dados, optou-se por começar um novo sistema do “zero”. De acordo com o Secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Mapa, Márcio Antonio Portocarrero, as dificuldades inerentes ao período de transição ao novo sistema, foram agravadas por um período de mudanças de toda a estrutura de informática do Mapa. Segundo Portocarrero, a equipe de TI que era terceirizada e responsável pelo sistema operacional do Sisbov, passou a ser interna, com a alocação de recursos humanos dessa área provenientes da Embrapa.

As primeiras dificuldades, entretanto, decorriam do fato de que, apesar dos conhecimentos em TI pela equipe responsável pela implementação, a inexperiência com documentos e manejo envolvidos no trânsito animal prejudicava o processo. “Técnicos de alto gabarito, mas que não conheciam os requisitos do Sisbov, para que servia um DIA, a GTA, o número do NIRF”, conforme Vantuil. Segundo Portocarrero, a equipe antiga já tinha o aprendizado dos anos anteriores, desafio que teria que ser enfrentado pela nova equipe. Além disso, o secretário explicou que a transição coincidiu com o surgimento de problemas físicos na estrutura de informática do Mapa, o que agravou o problema e que teria incorrido em dificuldades em sua operacionalização.

O presidente da Acerta explica que a entidade identificou as dificuldades enfrentadas pelo Mapa e já entre outubro e novembro do ano passado, ressaltava diante do Ministério a necessidade de intervenção no desenvolvimento do sistema. “O Mapa não considerou necessário, até que em dezembro, vendo a situação caótica, a Acerta apelou para que interviéssemos com urgência no sistema”, afirma Vantuil. De 3 a 15 de janeiro, por solicitação do Mapa, a equipe de TI da Acerta trabalhou conjuntamente com o governo no sentido de apressar a liberação do sistema para a operacionalização do Sisbov. “As certificadoras ajudaram muito, porque vieram com os problemas, os gargalos, os entraves e tudo o que acontecia lá na ponta para corrigir aqui na origem”, afirmou Portocarrero.

O secretário explicou que o Mapa, buscando evitar novos problemas decorrentes de imprevistos, tem feito verificações no sistemas com maior freqüência. Segundo explicou, acontecerá uma reunião no Mapa para se discutir estratégias para, ao menos, minimizar os problemas decorrentes de uma eventual falha no sistema. “A questão de máquinas está superada, agora é gente que esteja presente caso ocorrer algum problema”, afirma.

Foi necessário que as certificadoras adaptassem seu sistema interno de tecnologia de dados para realizar a interface com a BND. “Ficamos 10 dias testado e arrumando. No dia 31 finalmente funcionou. Agora retiramos a Acerta e está na mão deles”, afirma. Vantuil apontou para a importância de as certificadoras manterem um bom sistema de programação e tecnologia para não enfrentarem problemas futuramente. “O que temos avaliado junto ao setor produtivo, salvo tais dificuldades que são decorrentes da mudança, é que ninguém pode dizer que teve algum prejuízo real em função disso”, afirmou Portocarrero.

Além disso, ressaltou Vantuil, o Mapa deve assegurar que as certificadoras tenham estrutura física, financeira e de gestão para que possam certificar o processo com confiabilidade, dentro dos padrões internacionais de acreditação. Segundo ele, em gestões anteriores o Ministério fez um grande esforço para que, buscando fomentar a concorrência entre as empresas, o maior número de certificadoras fosse inserido no sistema, “e acabaram descuidando deste problema de importância enorme”.

Portocarreiro argumenta que as novas regras devem garantir que tais preocupações seja abarcadas, como a única certificadora por propriedade, a obrigatoriedade de vistorias a cada 180 dias e os escritórios regionais para atuação nos estados. Além disso, houve preocupação do Mapa em atualizar os técnicos das certificadoras. Portocarrero explicou que as superintendências do Mapa nos estados devem auditar, por amostragem, as certificadoras, checando o processo de certificação nos dois sentidos: do frigorífico à fazenda, que deverá ter cumprido os requisitos, que incluem os procedimentos de registro de manejo e vistoria das certificadoras; e da fazenda ao frigorífico.

Nesse sentido, Vantuil alerta que o Mapa será extremamente rigoroso com o cumprimento dos procedimentos. “Agora não vai ter perdão, nem para certificadora, para o produtor e, principalmente, para o técnico que fez a supervisão da propriedade e disse que ela poderia entrar em ERAS” concluiu.

Fonte: Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Augusto Camarero Rancan disse:

    Até que enfim estão tentando tornar o Sisbov em uma coisa séria, parabéns para todos vocês. Se conseguirem realizar isso, estou com vocês para colaborar no que for necessário para o Sisbov vencer,vamos em frente doa a quem doer.

  2. Luciano Abrão Fagundes disse:

    Acho que o Mapa não levou a coisa a sério durante esse período de paralisia.

    Tomara que não falte animal rastreado.

    E vai uma opinião minha como, pecuarista, Médico Veterinário e inspetor de campo para rastreabilidade.

    Os técnicos do SISBOV deveriam sentir na pele o que é trabalhar com a rastreabilidade no nível do campo. Ver como é apartar uma boiada rastreada e localizar os DIAs quando o lote é grande,

    Viver a dificuldade da má qualidade dos brincos existentes hoje no mercado, pois a maioria não fica na orelha do animal e de que vale a segunda identificação sendo que o frigorífico não aceita um animal ir para o abate apenas com a segunda identificação.

    Veja um exemplo: identifico um bezerro e este fica com suas identificações até uma semana antes de ser abatido, sua segunda identificação serve apenas para pedir a reimpressão do brinco que se perdeu, este processo é moroso e meu boi não pode ir dessa forma para o abate pois será desclassificado de 4% a 10% menos sobre o preço normal negociado com o frigorífico, quando não falam em devolver o animal. Isso existe, e ocorre todos os dias em nosso país.

    Se formos citar todas as falhas do sistema ficaríamos aqui o dia todo, e sempre quem paga o pato é o produtor.

    Enfim, os formuladores das normativas devem ver o sistema funcionar na prática, ou seja, fora de suas salas com ar condicionado e sim em um curral.

  3. Marcio Cristiano Aparecido da Rocha disse:

    Bom, parece que agora as coisas começam a entrar no eixo, agora no meu ponto de vista acho que na criação de um sistema dessa relevância, deveriam ter ouvido a classe pecuarista mais de perto, e não simplesmente ir criando regras sem saber as dificuldades que se teriam para cumprí-las, é como disse o amigo Luciano lá de GO, tem que sentir na pele os problemas diários de uma fazenda pra depois estar elaborando leis, por isso repito que talvez devessem ouvir mais quem está no dia-a-dia, quem vive la no curral, talvez assim as coisas correriam de maneira mais tranquila e organizada.

  4. Vantuil Caneiro Sobrinho disse:

    Os leitores Márcio Cristiano e Luciano Fagundes estão cheios de razão quando reclamam do Sistema.

    Realmente existe uma necessidade imperiosa do MAPA fiscalizar também a qualidade dos brincos postos no Mercado.

    Vejam que não se trata mais de colocar brincos em animais que estão escalados para serem abatidos em 90 dias, mas sim, de iniciar a identificação dos animais numa fazenda ERA, logo após a desmama.

    O produtor não tem como saber se a qualidade do brinco é boa ou não, uma vez que todas as Fábricas que colocam este produto à venda estão credenciada pelo MAPA. Ora se o produto for de qualidade inferior, o produtor somente vai perceber quando os brincos começarem a cair…

    Não temos conhecimento de auditoria por parte do MAPA em fábricas de brincos, e estamos como Presidente da ACERTA, instando o MAPA para este tipo de fiscalização.

    Somente faço uma ressalva no sentido que o produtor está sendo representado em todos os trabalhos pela CNA. Restaria então ao produtor verificar se os seus representantes de classe, sejam eles Federações, sindicatos rurais, Associações de raça estão fazendo o dever de casa e municiando a CNA para que seus preitos sejam atendidos.

  5. Bernardo de Araujo e Souza disse:

    Senhores,

    Há um erro de informação quando foi afirmado ” …já haviam 190 estabelecimentos rurais aprovados no ERAS…”

    Acredito que várias propriedade já devam ter sido cadastradas nos sistemas internos das certificadoras, ou seja, aprovadas em auditorias feita em campo mas que não foram lançadas nos sistemas nacionais SISBOV, pois ainda há problemas no acesso das mesmas à base “aprovada” de dados ou seja, “base de produção”.

    A base a ser usada para inserção de dados, de animais e de propriedade aprovadas ainda está em testes e seu desenvolvimento está em pleno vapor. Não há como prever sua finalização já que todos os técnicos em informática de todas as certificadoras estão acessando o sistema de testes chamado “homologação” para, então, depois de vários testes e verificação de erros, dar-se como APROVADO o novo sistema.

    Acredito que poderemos afirmar que realmente há cadastros feitos no Novo Sisbov quando realmente a base estiver funcionando. O prejuízo é para todas as partes; produtores, certificadoras e frigoríficos que já estão fechando as portas por estarem faltando gado rastreado!

  6. Augusto de Castro Rocha disse:

    Companheiros, interessado no assunto, mas não trabalhando na área, vejo algumas coisas que me deixam sempre intrigado e o sr. Vantuil ressaltou muito bem no final de suas declarações.

    Falta muitas vezes o desempenho regional no sentido das reivindicações necessárias para classe rural. O produtor muitas vezes reclama das normas, reclama dos procedimentos que vem de cima, mas só se dá conta disso quando já está feito. Quando tudo está bem, ele não se antecipa nas mudanças e as reivindicam com antecedência. O produtor tem que intensificar sua atuação fora das porteiras.

    Como acompanho por gostar da área, desculpem se declarei algo que não condiz a realidade. Mas pelas pessoas e lideranças rurais que conheço, acabo sempre vendo essa situação vir a tona.

  7. Jose Sergio Garcia disse:

    Caro Luciano,

    Rastreabilidade é a maior mentira realizada nesse país, feita por pessoas com total desconhecimento da lida do gado e mais uma vez assistimos passivos esta barbaridade.

  8. Maria Emilia Coimbra Bueno Pereira disse:

    Caro Luciano,

    Concordo plenamente que as pessoas que lidam com as normas, nem sempre estão no curral aplicando-as. Doce ilusão do empresário que acredita que a dificuldade de lidar com o brinco do Sisbov esbarra apenas na leitura ou aplicação deste. Doce ilusão que os produtores não buscam formas de facilitar o seu trabalho.

    Não estamos falando de 20 cabeças em estábulos de primeiro mundo, comendo em cochos. Acredito que os nossos empresários sabem que a maioria do nosso rebanho é criado à pasto. Tive e tenho vários animais que rejeitaram o brinco, fora os que caíram. Que delícia é ter que passar todo o rebanho no curral para descobrir: qual o brinco do Sisbov havia caído?

    Acredito também que nossos dirigentes sabem que o rebanho nacional é altamente adestrado, ele entra no curral, coloca a cabeça na nossa frente com toda a delicadeza e pede para a gente ler e conferir os seis dígitos do Sisbov, e claro nós estamos no curral com o nosso laptop ou palm só anotando, dentro de um ambiente silencioso e refrigerado, e no final de passarem 500 cabeças, nós estamos zen, adorando o Sisbov, todo o serviço, só no curral pois os papéis vem depois, e como todos somos máquinas e formados em informática, e nossa leitura e vista são das melhores, não cometeremos nenhum erro, na leitura, nos preenchimentos dos formulários, nem mesmo na digitação, e neste manejo e trabalho bucólico, sem estresse, nosso rebanho só tende a engordar.

  9. Roberto Ferreira da Silva disse:

    Prezados companheiros, de nada adianta criticarmos os governos, haja visto que eles não estão lá por conta deles, fomos nós que votamos neles e os colocamos onde estão.

    Devo ressaltar que se fizermos a nossa parte o sistema funciona.

    De nada adianta falarmos uma coisa e fazermos outra.

    Vamos fazer o dever de casa.

    Roberto Ferreira da Silva – Certificadora OXXEN.

  10. Ricardo Cesar Andrighetti disse:

    Todos nós temos críticas. No entanto, considero importante ressaltar a importância deste sistema. Sem ele não há negócio com União Européia, por exemplo.

    O mesmo ocorre na questão de resíduos e contaminantes em alimentos. Essa é a próxima exigência.

    O MAPA o possível para cumprir as constantes exigências dos mercados externos para garantir a continuidade das exportações.

    É exagero ficar martelando no tal do “ar condicionado”!

  11. Ariovaldo Antunes Siqueira Mello disse:

    Concordo com o Ricardo Cesar, mas colocar brinco em boi e depois vir apartando um por um com aqueles certificados, não tem como não, é como você me pedir para atravessar uma parede de concreto no peito…ou seja: é impossivel!

    E olha não estou brincando não! Isso é fato em 99% das fazendas, tem uns que conseguem, mas esses são outra historia, afinal esses nem vivem de pecuária mesmo…

    Mas como disse no inicio, não discordo do Ricardo Cesar, afinal tem que ter para exportar, mas se por acaso começar a fiscalizar, não vamos ter mais boi para exportar porque todo mundo vai ser pego! Afinal seguir a lei como esta escrita, não conheço um…e muitos que estão aqui comentando o artigo sabem o que eu estou falando, não sejamos hipocritas.

    Vamos continuar como está: os europeus fingindo que estão acreditando (porque não tem carne barata como a nossa) e a gente fingindo que está fazendo(porque o Sisbov como é exigido é impraticável), quando falo a gente falo de todos nós.

  12. Rodrigo Martins Ferreira disse:

    Eu discordo do Ariovaldo,pois os europeus não estão fingindo e depois que eles embargarem as exportações, coisas vão piorar por aqui vamos fazer o certo para não afundar no futuro. Já pensou nós perdermos esse mercado para nossos vizinhos,Paraguai,Argentina,Uruguai,eles estão de olho na nossa fatia. E os pecuaristas que adotem um manejo adequado e mão de obra especializada que dá para fazer o serviço bem feito sim, é só querer. Se fingirmos que
    estamos fazendo certo é ai que a pecuária vai ficar impraticável.

    Rodrigo

  13. José Leonardo Montes disse:

    Trabalho com certificações desde de 2003, no inicio do Sisbov, e tenho hoje uma visão que se nâo fizermos o dever de casa nunca vamos atingir nosso ideal de exportar 50% de nossa produção, pois os mercados externos estão cada vez mais exigentes, e nós cada vez mais desorganizados. Tenho sim um certo receio em termos dos DIAS é muito difícil embarcar bois e separar DIAS, porém uma idéia com o Sisbov novo é que acabem com os DIAS, assim agradaria a todos. Estamos trabalhando para isso, junto ao ministério para que todos saiam ganhando, porém continuo com o pensamento que na área de sanidade animal estamos muito atrasados.

  14. Ramiro Fogiatto disse:

    Contesto rastrear animal por animal. Rastrear deveria ser por propriedade, se assim for preciso. eu acho que estes países estão exigindo demais. Eles sabem que nós, principalmente aqui em Rondônia temos o melhor boi do mundo.
    Grato,
    Ramiro

  15. Frederico José Souto de Freitas disse:

    Concordo com muitos e discordo de outros tantos. Também trabalho com Sisbov desde o início, em 2002 e já vi muita coisa mudar nesse tempo todo.
    O que eu acho é que um sistema de certificação não pode ser mudado de uma hora para outra e tantas vezes como é mudado esse Sisbov. Não conheço sistema de rastreabilidade e certificação que, a cada 2 anos no máximo, mudam suas regras. Isso porque a implantação de um sistema é trabalhoso e muito oneroso para o participante. Vejam como exemplo as certificações de café para exportação ao mesmo mercado comum europeu, são feitas exigências ao produtor, que as cumpre com a certeza de que não serão alteradas a toda hora. Isso porque é muito caro implantar tais alterações e mudanças.

    Agora, no SISBOV, tudo pode. Afinal, o pecuarista é visto pela grande maioria da população urbana como magnatas que podem torrar dinheiro a torto e a direito, que criar um boi é a coisa mais fácil do mundo, etc. Essa mentalidade passa também aos tecnocratas de plantão que trabalham num Sisbov da vida, mas que poderiam, muito bem, estar trabalhando em outro órgão governamental, impondo regras sem o conhecimento real do fato. Até escutar que funcionários do Sisbov já responderam a donos de certificadoras que eles, tecnocratas, não são produtores rurais, ou seja, que se danem os produtores rurais e que, se não existe pasto numa fazenda, o fazendeiro que arrende um e coloque lá o seu rebanho, eu já escutei. Graças a Deus poder escutar e não ter nascido surdo, mas, sinceramente, é difícil engolir essas coisas.

    Agora, quanto ao fato de perdermos terreno no mercado mundial, eu sinceramente não acredito. Eu queria é ver onde é que eles vão encontrar animais saudáveis como os nossos e, principalmente, onde eles vão achar uma turma tão boba, que tem o controle sobre a produção de proteína vegetal no mundo, que se sujeitem a regras absurdas como as que eles impõem?

    E, de mais a mais, onde eles vão achar carne tão barata? Onde mesmo? Na Argentina? No Uruguai?

    Tenham a santa paciência.

  16. Frederico Fick disse:

    Amigos, estando do outro lado do mundo e sendo importador de carnes do Brasil e Uruguai, gostaria de comentar:

    1) A Implantação do Sisbov deve ser um trabalho gigante. Tentar rastrear o maior rabanho comercial do mundo e um pais de dimensões continentais não é um projeto que se implanta da noite pro dia.

    2) Fica claro que o grande problema do Sisbov é gestão. O MAPA sendo o “líder” desse projeto deveria se organizar melhor. Como foi comentado acima, a constante mudança de regras e estrutura do sistema só podem ser justificadas por mal planejamento e gestão do projeto (o grande problema da máquina pública brasileira). Ou seja o MAPA iniciou esse projeto sem mapear exatamente os pontos críticos do mesmo. Não conheço a estrutura do MAPA, mas como tudo no Brasil, os processos decisórios devem ser extremamente centralizados e burocráticos (ninguém pode ou quer tomar decisão). Um projeto dessa envergadura deve ter um mandato claro e com objetivos a serem alcançados. O que me espanta é o que foi escrito no artigo principal que a equipe de TI mudada, sem ter treinamento e ou preparação – sinal claro de que o planejamento não é bom.

    2) Vejo muitos comentarem sobre as exigências da UE (e medos e receios sobre sanções). Pois bem, sendo o Brasil o maior exportador de carnes do mundo, até quando continuaremos seguindo padrões de qualidade e processos implementados pelos outros? Porque não tomar a dianteira e criarmos sistemas melhores que os da UE, EUA e Japão? Sanidade animal deve ser a prioridade de todos e a conscientização do pecuarista o ponto de partida. Pioneirismo, capacitação e pesquisa na área deve ser uma prioridade para tornar nosso país independente de sanções extra tarifárias.

    4) Custos, custos e custos – Ao contrario da UE, temos um mercado de boi liberalizado e regulado pelo mercado. O sistema de rastreabilidade da UE foi implementado à base de pesados subsídios ao pecuarista. Como solucionar esse desafio no Brasil? A cadeia deve se unir e cobrar esse custo do consumidor – que afinal quer a garantia de qualidade do produto que consome.

  17. João Adalberto Ayub Ferraz disse:

    Estou de acordo realmente com o que o Sr. Frederico Fick diz no seu comentário, pois não fazemos regras, elas nos são impostas por pessoas, grupos ou organizações que muitas vezes nada tem a ver com o agronegócio, mas sim com o negócio.

    Temos o caso das propriedades peripantaneiras, aquelas proriedades que ficam no Pantanal ou próximas a ele. Somos credenciados a fazer a rastreabilidade, mas os frigoríficos aceitam o produto, porém pagam um preço menor, alegando que a carne não é para exportação. Então para que rastrear?

    Só para se ter um trabalho maior. E também não há explicação, se sendo rastreado, não serve para consumo externo, pelo menos oficialmente, quem está lucrando com isto? É muito fácil mudar regras e fazer cortesia com o chapéu alheio, porém quem paga a conta é o produtor.

    Atenciosamente,

    João Adalberto Ayub Ferraz

  18. Rodrigo Martins Giansante Ribeiro disse:

    Aqui no Brasil não funciona esse tipo de coisa muito complicada, porque se for muito complicado o pessoal tenta o jeitinho brasileiro de fazer as coisas ou desiste logo. Do jeito que está não pode ficar, está muito difícil fazer valer as regras, principalmente, quando se tem uma grande quantidade de animais. Praticamente impossível!

    Prefiro vender mais barato e para o mercado interno mesmo se continuar assim.

  19. Feliciano Benedetti de Freitas disse:

    Uma coisa é fato, rastreabilidade é para o mercado externo. Então, vamos faze-la funcionar. A rastreabilidade tem um lado bom, com certeza, vamos aproveita-lo então. Ficar reclamando, criticando, não vai nos levar a sucesso algum. Eu nunca ouvi falar que seria fácil rastrear, da trabalho mesmo, mas tudo da trabalho. O que eu ouvi falar, é que não é obrigado a rastrear, então, quem quiser vender seu animal por um preço um pouco melhor, tem que trabalhar um pouco a mais mesmo. Vamos fazer a rastreabilidade funcionar, vamos mostrar ao mundo que no Brasil, a classe que produz proteína de qualidade animal é unida e não tem preguiça para trabalhar.

    Abraço a todos, e bastante sucesso sempre.

  20. claudio dabus figueiredo disse:

    O problema não é o que a UE exige, não é a dificuldade que a gente tem no curral, e nem é a qualidade dos brincos. O problema somos nós. Um país com esse ridículo índice de crescimento, com péssima distribuição de renda.

    Precisamos dos consumidores internos, gente que adora carne e não pode comprar, pois seu dinheiro está com os valérios e os outros 500. Se o brasileiro pudesse comer todos os bifes que desejasse, madame Europa deixaria de tantas frescuras.

    Como foi dito aí para cima , os caras estão lá no governo, por nossa culpa. Ou não?

  21. Marco Antônio Guimarães Marcondes disse:

    Entendo que o momento de transição é muito importante para os atores da cadeia da carne, mas observo que tem sido muito desgastante para todos. Como a proposta iniciou em 2002, foram cinco anos desde o início do processo de rastreabilidade, desenvolvimento e evolução e precisamos realizar muitos “ajustes finos” ainda.

    O produtor continua desinteressado pelo sistema, visto que existem situações conflitantes de interesses, muitas dúvidas da IN17 e dificuldades de implantação, mão-de-obra desqualificada, falta de estrutra física, falta de recursos financeiros para investimentos iniciais na identificação de todo o rebanho,etc.

    Todos devem assumir os seus papéis, frigoríficos são responsáveis pela realização da triagem de 100% dos animais, independente de quem for o cliente. Aqueles que não exportam, mas que possuem SIF, precisam controlar os animais que são abatidos e participar do processo.

    Os orgãos de defesa estaduais ainda não participam do processo, enfrentam várias dificuldades de ordem estrutural, por outro lado vejo produtores que não entederam que o sistema é voluntário, simplesmente participando para auferir as bonificações sem assumir a rastreabilidade como uma ferramenta de integração na cadeia e perceber que o processo inicia no sistema de cria e que é de grande importância para aos seus controles internos de produtividade.

    Da mesma forma o Sisbov com dificuldades de padronização perante a atuação das certificadoras, cada uma trabalhando com um check list diferente, o modelo do livro de registro, cada um de uma forma. A padronização de procedimentos é obrigatória.

    Acredito que para o sistema funcionar bem, chegou o momento de separar o que é área comercial da área técnica. quem vende e ou implanta a rastreabilidade, não pode ser o mesmo que supervisiona e assina o check list, existe conflito de interesses, uma das não conformidades mais importantes para a certificação. Por outro lado vejo profissionais de campo despreparados para atuarem na área de certificação, a maioria deles não sabem o que é uma lista de verificação com pontos de controle.

    Uma não conformidade? O que é isto? A atividade pecuária necessita de responsabilidade técnica na propriedade, como co-responsáveis pela qualidade do alimento pois só a rastreabilidade não garante isto. Chegou a hora da valorização do técnico de campo. Ele auxilia nos controles e na elaboração dos registros para iniciar um trabalho que está fundamentado na tal famosa segurança alimentar que nós e os compradores exigimos.

    A “coisa “é muito mais complexa do que discutir se faz rastreabilidade ou não, ela é inerente ao processo de produção. Acho que estamos no caminho mas ainda falta um bom trajeto para evoluirmos. Vejo que o programa de Boas Práticas Agropecuárias ajudaria muito para o nivelamento mínimo daqueles produtores que almejam atender o mercado de exportações. Não adianta “querer fazer se não pode fazer”, essa atitude é cultural, necessita de mudança de comportamento, isso leva tempo.

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