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Sincronização do estro com emprego do PRID – Parte 2

Ed Hoffmann Madureira

Experimento II: Sincronização do estro de vacas de corte mestiças zebuínas amamentando com emprego do prid ou cloprostenol

Objetivos

Os objetivos deste trabalho foram verificar, em vacas no pós-parto, os efeitos da sincronização do estro e da ovulação utilizando-se PRID associado a benzoato de estradiol, eCG e cloprostenol (com iseminação artificial em tempo fixo-IA), em comparação com um grupo controle, cujo estro foi sincronizado apenas com cloprostenol, verificando os efeitos no tratamento do anestro pós-parto e na taxa de prenhez, tanto do estro sincronizado como em uma estação de monta de quarenta e três dias. Adicionalmente, objetivou-se verificar o efeito do período pós parto sobre as taxas de prenhez.

Material e método

Setenta e quatro vacas de corte mestiças zebuínas, com bezerro ao pé, foram divididas em dois grupos, segundo dias decorridos após o parto e distribuídas em dois diferentes tratamentos, formando um arranjo fatorial de tratamentos 2 x 2. Avaliaram-se também os escores de condição corporal (1 = emaciada; 9 = obesa) que foram utilizados como covariável, e controlou-se para o número de parições. O experimento foi realizado no Campus da USP em Pirassununga, nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2000.

No grupo experimental, manteve-se um dispositivo intravaginal liberador de progesterona (PRID) contendo uma cápsula de 10 mg de benzoato de estradiol por nove dias. No momento da retirada, administraram-se 500ug de cloprostenol (Ciosin), um análogo sintético de prostaglandina F2a, mais 500 UI de gonadotrofina coriônica eqüina (eCG – Folligon). O grupo controle recebeu apenas uma dose de cloprostenol, no mesmo dia em que foram retirados os dispositivos PRID do grupo experimental.

Foram realizadas duas colheitas de sangue, espaçadas de onze dias, para se verificar a ciclicidade pela dosagem das concentrações plasmáticas de progesterona. A segunda colheita de sangue coincidiu com a colocação dos PRID. As amostras de sangue foram mantidas resfriadas por até quatro horas, sendo então centrifugadas para isolamento do plasma, que foi mantido congelado a -20oC até o momento das dosagens, por radioimunoensaio. Todas as vacas que apresentarem concentrações plasmáticas de progesterona maiores ou iguais a 1 ng/ml, em pelo menos uma das amostras serão consideradas ciclando.

As vacas foram mantidas acompanhadas de seus bezerros, durante todo o período experimental, em pastagens de Brachiaria decumbens, na fazenda do campus da USP em Pirassununga. Um rufião dotado de buçal marcador foi mantido junto às mesmas, para auxiliar na detecção dos estros.

Seis dias antes da administração de cloprostenol iniciou-se a observação do cio dos animais, em dois períodos, com duração mínima de 50 minutos em cada período, inseminando-se as fêmeas detectadas doze horas mais tarde. O sêmen utilizado foi de um touro da raça Brangus, fornecido por uma empresa idônea. Foram consideradas em estro as vacas que permaneceram paradas quando montadas por outras fêmeas ou pelo rufião, ou ainda as que se encontravam claramente marcadas pela tinta do buçal.

Todas as vacas do grupo experimental foram inseminadas cinqüenta e seis horas após a retirada dos dispostivos PRID, procedendo-se a re-inseminação daquelas que se apresentassem em estro posteriormente. Para determinação do período de sincronização, tanto para o grupo controle como para o grupo experimental, foram consideradas as cento e vinte horas que se seguiram à aplicação de PG.

O período de observação de cio e inseminação artificial foi de trinta e um dias. Posteriormente, as vacas foram mantidas com um touro Nelore por mais doze dias, perfazendo uma estação de monta de quarenta e três dias. Na data da remoção dos touros foi efetuado diagnóstico de gestação das inseminações que se seguiram à sincronização (inseminações em tempo fixo do grupo experimental e inseminações até cinco dias após a administração de prostaglandina no grupo controle) pela ultra-sonografia. Decorridos quarenta e cinco dias da retirada dos touros, todas as vacas foram palpadas para diagnóstico de gestação da estação de monta.

Análise estatística

Os dados foram analisados pelo programa computacional SAS. As variáveis-resposta prenhez no período de sincronização (PPS) e Prenhez na estação de monta (PEM), ambas do tipo tudo ou nada, foram submetidas à análise de variância pelo PROC GLM do SAS, que separou como causas de variação o efeito de tratamento, efeito de classe de período pós parto e efeito da interação tratamento e classe de período pós parto, adicionando-se ao modelo a covariável escore de condição corporal. O nível de significância adotado em todas as análises foi de 5%.

Resultados

Taxas de prenhez (%) ajustadas (LSM) em vacas mestiças zebuínas amamentando submetidas a tratamentos de sincronização do cio com PG ou PRID.

Tabela

1 Taxa de prenhez no período de sincronização: 120 h após a aplicação de PG.
2.Taxa de prenhez na estação de monta de 43 dias
a,b Valores sobrescritos por letras diferentes, dentro da mesma coluna, em cada sub-tabela, diferem significativamente entre si (P<0,05).

Comentários

A taxa de prenhez do grupo PRID foi significativamente superior à do grupo PG no período de sincronização. Ressalte-se que 48,1% das vacas tratadas tornaram-se prenhes no primeiro dia da estação de monta o que pode ser considerado um excelente resultado. É bastante provável que o tratamento PRID tenha sido eficaz para induzir ciclicidade em vacas que estavam em anestro.

As taxas de prenhez na estação de monta (PEM) não diferiram entre os tratamentos, de modo que não há efeito do tratamento PRID sobre a fertilidade futura.

Não houve efeito significativo de período pós-parto sobre as taxas de prenhez.

Conclusões

– O PRID foi eficaz na sincronização do estro possibilitando excelente taxa de prenhez quando uma IA em tempo fixo foi realizada.

– Vacas podem ser tratadas já a partir dos 48 dias pós-parto. A possibilidade do tratamento ser iniciado antes deste período merece atenção num próximo experimento.

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