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Silagem: Uma Breve História

A primeira origem de uma gestão racional no processo de ensilagem ocorreu na Alemanha e na Áustria por volta de 1830, onde eram usadas fossas na conservação das forragens. Após a fermentação, a massa ensilada alcançava determinada acidez, a qual estimulava o apetite dos animais, relatavam os produtores da época.

As primeiras fontes seguras sobre a ensilagem das forragens provêm de papiros egípcios, os quais relatam o processo entre os anos de 1500 – 1000 anos a.C., usando a planta inteira de cereais (Foto 1). Silos tipo torre, parcialmente enterrados, da época de 1200 a.C. foram encontrados em escavamentos arqueológicos próximo da cidade de Cartago (Tunísia – norte da África).

Na época dos romanos (234 – 149 a.C.) houve a utilização de fossas para a conservação de forragens verdes, as quais eram cobertas com terra onde se encontrava tribos germânicas originadas da Dinamarca e da península Escandinava.
Fontes medievais indicam que a ensilagem de forragens pré-secadas era algo corriqueiro na península itálica e que o uso de silagem na alimentação dos animais durante o inverno em barris (vinho) foi uma prática usada até 1700.

A primeira origem de uma gestão racional no processo de ensilagem ocorreu na Alemanha e na Áustria por volta de 1830, onde eram usadas fossas na conservação das forragens. Após a fermentação, a massa ensilada alcançava determinada acidez, a qual estimulava o apetite dos animais, relatavam os produtores da época.

As primeiras notícias sobre o uso de silagem de milho ocorreram por volta de 1860 na Hungria e, em poucos anos a técnica se difundiu pela Alemanha e pela França. Um grande impulso ocorreu em 1875 com a publicação da obra de Auguste Goffart, um produtor francês, que após alguns anos de experimentação da silagem de milho na sua fazenda escreveu “Sur la culture du mais-fourrage”, com 61 páginas.

Esse livro foi traduzido para a língua inglesa em 1879, o que alavancou a prática da ensilagem na América do Norte. Em 1888, em Nova Iorque, já ocorria o 5º Congresso de Silagem devido ao sucesso do processo nos Estados Unidos, ligado à praticidade e economicidade do sistema. O Dr. Smith de St. Albans declarou que: “…mediante a ensilagem as nossas fazendas são capazes de quadruplicar a produção delas…, …a manteiga de qualidade superior pode ser preparada quando for conveniente…, os nossos bois podem ser mantidos pelo ano inteiro, em maior número por unidade de superfície, gastando-se menos…”

No Brasil, a prática da ensilagem teve seu início no final do século 19. Esta notícia está em um artigo da primeira edição da Revista Agrícola, de junho de 1875, escrita por Luiz de Queiroz, que seria o fundador da Escola Superior de Agricultura (ESALQ/USP), o qual relatou que os melhores fazendeiros do Brasil já usavam silagem de milho na alimentação do rebanho leiteiro, como Carlos Botelho, em sua estância situada no Jardim da Aclimação, hoje um dos bairros centrais da cidade de São Paulo.

Eduardo Cotrim, em 1913, lançou A Fazenda Moderna: Guia do Criador de Gado Bovino no Brasil, obra com apenas 12 exemplares, as quais foram numeradas e assinadas pelo autor. Em seu livro, ele relata a experiência Norte Americana no processo de ensilagem e descreve brevemente como ocorre a fermentação da massa, quais as culturas que podem ser ensiladas e como deve ser construído um silo torre (principal modelo da época).

Em 1915, os missionários do Instituto Gammon, fundadores da Escola Agrícola de Lavras (hoje Universidade Federal de Lavras) decidiram introduzir a técnica na Escola e construíram o primeiro silo torre de alvenaria do Estado de Minas Gerais, quiçá do Brasil, uma estrutura com 7,5 metros de altura (Foto 2). Abastecia-se o silo usando máquina movida por trator e esvaziava-se por meio de grandes janelas ao longo perfil.

Foto 2. Silo tipo torre, construído em 1915 nas imediações da Escola Agrícola de Lavras

A partir de 1920, quando a importação de máquinas e tratores criou força no nosso país a técnica se difundiu ao longo dos anos, inicialmente com milho, como foi relatado, e, posteriormente, com o sorgo e o capim-Elefante (década de 60).

Nos últimos anos, outras forragens foram ganhando destaque, como outros capins de clima tropical (Tanzânia, Mombaça, Braquiarão, Tifton e Coastcross), as gramíneas de clima temperado (aveia, azevém e triticale), a cana-de-açúcar e os grãos de cereais. Infelizmente, não há estatísticas que mostram quantas toneladas de silagem são produzidas e utilizadas anualmente no nosso país, mas, seguramente, essa técnica permite aos nossos produtores que o custo da dieta seja reduzido e que a arte de se produzir animais possa ser competitiva com outras alternativas de uso do solo.

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