Mercados Futuros – 25/06/08
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Semana agitada, BM&F recua e frigoríficos iniciam pressão baixista

Apesar dos recuos no preço do boi gordo apregoado pelos frigoríficos nos últimos dias, a variação na semana ainda é positiva. O indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista foi cotado a R$ 94,26/@, nesta quarta-feira. O indicador a prazo registrou alta de 0,63% na semana, sendo cotado a R$ 95,41/@.

Apesar do recuo no preço do boi gordo apregoado pelos frigoríficos nos últimos dias, a variação na semana ainda é positiva. O indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista foi cotado a R$ 94,26/@, nesta quarta-feira, valorização de 0,46% em relação ao último dia 18 (quarta-feira passada). O indicador a prazo registrou alta de 0,63% na semana, sendo cotado a R$ 95,41/@. Em relação ao mesmo período do ano passado, o preço atual está 61,90% mais alto, em 25 de junho de 2007 o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) divulgou a cotação de R$ 58,93/@.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio


Segundo o InfoMoney, o dólar comercial emendou a segunda sessão de queda nesta quarta-feira (25) e após testar muito, rompeu a barreira do R$ 1,60. O ritmo de recuperação nos mercados internacionais nesta sessão e a confirmação de que o juro norte-americano não foi alterado, preservando assim o largo diferencial em relação à taxa básica brasileira, contribuíram para a apreciação do real. A reunião do colegiado do Federal Reserve terminou com a decisão de manter a taxa básica de juro em 2% ao ano.

Durante a manhã, o real chegou a perder valor face ao dólar, mas a tendência não se sustentou. Sendo assim, a divisa norte-americana fechou na menor cotação desde 20 de janeiro de 1999, época em que o câmbio passou a ser flutuante. Também esteve no foco de investidores alguns dados que corroboram as pressões inflacionárias que rondam a economia e podem levar o Banco Central a endurecer ainda mais a política monetária no País.

Segundo o site, durante a sessão de ontem, foi divulgado o Relatório Trimestral de Inflação, que trouxe estimativas elevadas para IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), de 6,0% para o final de 2008. Além disso, a versão quinzenal do indicador (o IPCA-15) registrou a maior taxa dos últimos quatro anos, apontando inflação de 0,90% em junho.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F boi gordo em dólares x cotação do dólar


Em praticamente todas as regiões pecuárias do país os frigoríficos recuaram suas ordens de compra. Esse movimento se desencadeou com a soma de alguns fatores baixistas, como queda no preço da carne – influenciada pelo período do mês, onde tradicionalmente o consumo é menor e oferta maior de carne no mercado-, início do frio em algumas regiões produtoras e a notícia da suspensão das exportações originadas de Goiás para a Rússia.

Porém a oferta ainda não aumentou ao ponto de justificar fortes recuos. Muitas indústrias ainda trabalham com certa ociosidade e algumas plantas já decretaram férias coletivas, devido a dificuldade na compra do gado. Compradores informam que o mercado está parado com os pecuaristas não querendo entregar animais a preços mais baixos e frigoríficos aguardando maior definição do mercado de carnes. Com o mercado lento e poucos negócios sendo efetivados as escalas giram em torno de 5 dias e ainda não apresentam aumento efetivo.

Segundo a Terra Futuros Corretora, o fator “estomatite goiana” alterou o operacional do mercado por, aumentar a oferta de carne para o atacado, tirando momentaneamente a capacidade de giro dos frigoríficos de mercado interno, dando um tom mais negativo neste curto prazo, a queda no preço da arroba poderá trazer o importador de volta. Estruturalmente o mercado segue com fundamentos positivos, baseado no tamanho da oferta que sabidamente é restrita. O consumo interno é quem ditará o preço da arroba neste curto prazo ou seja, temos que ver o atacado enxugando até a próxima semana.

No mercado futuro a semana foi bastante agitada. No final da semana passada muitos agentes optaram pela realização de lucros e de lá para cá os contratos de boi gordo despencaram. O primeiro vencimento, junho/08, fechou a R$ 93,00/@, recuo de R$ 2,25 na semana. Nos contratos para outubro/08 a variação foi de -R$ 10,46, fechando a R$ 90,84/@.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 18/06/08 e 25/06/08

Na reposição, a oferta ainda é menor que a demanda fazendo os preços seguirem em alta. Muitos pecuarista reclamam que na situação atual é muito complicado fazer a reposição do rebanho, para os confinadores o problema é maior, pois não existe boi magro suficiente para alcançar os números, de animais confinados, planejados para esse ano.

O indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista foi cotado a R$ 743,44/cabeça, alta de 1,28% na semana. Com o boi gordo apresentando variação de preço menor do que o indicador de bezerro, a relação de troca caiu para 1:2,09.

A margem bruta na reposição também apresentou recuo, mas ainda continua interessante, este valor é o montante que sobra para o pecuarista após ele vender um boi gordo de 16,5@ e comprar um bezerro para repor o rebanho. Nesta quarta-feira a margem bruta na reposição estava em R$ 811,85, variação de +52,33% em um ano.

Segundo o boletim Intercarnes, no atacado de carne bovina a instabilidade dos preços se mantém, porém a procura é praticamente inexiste, e somente especulações acontecem de forma muito retraída. As ofertas seguem mais estáveis e avolumando-se.

O equivalente físico recuou 0,96%, sendo calculado em R$ 80,45/@. A cotação do traseiro permaneceu estável em R$ 6,00, enquanto os preços do dianteiro (R$ 4,90) e da ponta de agulha (R$ 4,40) recuaram R$ 0,10. Com esta desvalorização, o spread (diferença) entre preço do boi gordo e valor do equivalente físico voltou a subir, ficando em R$ 13,82/@, valor acima da média dos últimos 12 meses que é de R$ 6,72/@. Vale lembrar que quanto maior o spread menor será a margem bruta do frigorífico.

Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista x equivalente físico


Um foco de estomatite vesicular bovina foi confirmado ontem pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Cavalcante/GO. Segundo nota divulgada pelo Mapa, a propriedade onde foram detectados os focos da doença ficará interditada até 21 dias após a cura do último animal.

Por força do acordo sanitário vigente entre Brasil e Rússia, está suspensa a emissão de certificados de exportação de carne bovina oriunda de animais do estado de Goiás. Os frigoríficos de Goiás podem continuar a exportar para o mercado russo, desde que abatam animais de outras unidades federativas.

Para o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira, o foco não deve prejudicar as exportações.

Por US$ 680 milhões, o grupo Marfrig Frigoríficos e Comércio de Alimentos firmou compromisso de compra e venda que envolve oito empresas detentoras de 15 plantas do grupo americano OSI no Brasil e em diversos países da Europa. Todas atuam no segmento de produtos processados e industrializados de aves e outras proteínas animais, respondendo por um faturamento líquido anual da ordem de US$ 2 bilhões.

“Esses investimentos reforçam a estratégia do Marfrig de acessar diretamente os mercados internacionais, diversificando e ampliando sua atuação com um portfólio diversificado em proteínas animais. Ao mesmo tempo, vamos acelerar nosso crescimento no segmento de processados, industrializados e de produtos de valor adicionado. Além disso, fortaleceremos nossas marcas na América no Sul e atingiremos de forma eficiente os consumidores mais exigentes no mercado global”, enumerou o diretor de Relações com Investidores do Marfrig, Ricardo Florence.

As empresas do Grupo OSI no Brasil são: Braslo Produtos de Carnes, fornecedor de redes de fast food em produtos de valor adicionado de carne bovina e aves; a Penasul Alimentos (detentora da marca Pena Branca no Sul do país) que produz industrializados de frangos e suínos; e a Agrofrango Indústria e Comércio de Alimentos, que opera plantas de abate de frangos com produção vertical integrada.

O Marfrig expandirá seu potencial com alimentos processados no Brasil, ao mesmo tempo em que agregará uma via direta de acesso ao mercado europeu e ficará posicionado como quarto maior produtor de carne bovina e um dos dez maiores processadores de aves no mundo.

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