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Sem avermectinas, produtividade da pecuária recua três décadas. Por Paulo de Castro Marques

Por Paulo de Castro Marques, presidente da Associação Brasileira de Angus

Não deveria, mas pelo jeito é pra valer a decisão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de proibir o uso das avermectinas para animais no Brasil. Passadas mais de duas semanas da publicação da Instrução Normativa 13, que oficializou a decisão, eu esperava que tudo não passasse de um equívoco do MAPA e um pedido de desculpas à pecuária brasileira bastaria para voltar à normalidade.

Afinal, há exatos 31 anos, chegava ao mercado brasileiro a primeira ivermectina de longa ação para combater endo e ectoparasitas em bovinos. Iniciava-se uma era de ganhos impressionantes em sanidade. Os especialistas dizem que os parasitas são responsáveis por prejuízos de até 40% na produção de carne e de leite.

Trazendo para números, podemos imaginar que sem as avermectinas a produtividade da pecuária despencaria consistentemente. Levando os números ao rigor, a oferta de carne bovina cairia de 9,5 milhões de toneladas/ano para 5,7  milhões de toneladas/ano  e a produção anual de leite sairia do patamar de 35 bilhões de litros/ano para 21 bilhões de litros. É quase voltar atrás as três décadas do uso de endectocidas de longa ação.

Obviamente que essa matemática é utópica, mas dá uma ideia de quanto as cadeias da carne bovina e do leite devem aos antiparasitários internos e externos à base de avermectinas.

No entanto, aparentemente essa conta não foi feita pelos responsáveis pela defesa agropecuária no momento em que assinaram a IN 13, em 29.05.2014.

Pelo contrário, preferiram satisfazer uma exigência sem sentido dos Estados Unidos, que compram uma ínfima parcela das 1,5 milhão de toneladas de carne bovina que o Brasil exporta por ano. Ah, claro, pesou – e muito – o fato de os EUA estarem ‘analisando’ a abertura do seu mercado para a carne brasileira in natura.

Claro que esse cenário seria positivo, pois motivaria outros mercados importantes, como Japão, México, Canadá e Coreia do Sul, a também considerarem a compra da carne brasileira. Mas, por favor, basta de ingenuidade. Não se pode abrir mão de uma realidade e apostar em um projeto (ou sonho) de longo prazo.

Senhores dirigentes do MAPA, sejamos realistas. A pecuária brasileira é o que é hoje por conta do trabalho sério dos produtores, dos técnicos e da indústria. Comprometendo a existência da indústria de saúde animal o governo brasileiro está comprometendo toda a atividade produtiva.

Por Paulo de Castro Marques, presidente da Associação Brasileira de Angus

 

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