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Segurança alimentar é foco do agronegócio

Habituadas a participar ativamente de ações de apoio em comunidades onde estão localizadas suas unidades de produção, agricultores, cooperativas e empresas de todos os portes ligadas ao agronegócio têm engendrado esforços para colaborar, em conjunto com outros setores, no combate à proliferação do novo coronavírus e aos reflexos negativos provocados pela doença em diversas regiões do país. Além de novas rotinas que restringiram o contato entre os funcionários em suas atividades, entre as medidas anunciadas nas últimas semanas estão a doação de recursos para a aquisição de equipamentos médicos e hospitalares e, claro, também de alimentos.

A americana Cargill, maior empresa de agronegócios do mundo, informou no fim de semana que tem trabalhado nesse sentido, em dezenas de países em que está presente, com parceiros sem fins lucrativos e organizações não governamentais. Por meio da Fundação Cargill, a multinacional informou que criou no Brasil um fundo emergencial de R$ 400 mil para a compra de alimentos e cestas básicas com o objetivo de manter a segurança alimentar e o atendimento ao público de 68 instituições, espalhadas por 15 Estados. A estimativa é que estejam sendo beneficiadas mais de 17 mil pessoas.

“Além disso, estão em curso, doações de diversos negócios da empresa. A Cargill destinou R$ 150 mil para o Banco de Alimentos de São Paulo, Organização das voluntárias de Goiás, Cidade + Recicleiros e para a Unas – ONG que atua na comunidade de Heliópolis, em São Paulo. Mais R$ 50 mil estão sendo doados para cinco outras organizações de São Paulo, Santa Catarina e Bahia manterem seus projetos sociais”, informou a companhia, que, na frente alimentar, também tem fornecido refeições a caminhoneiros com dificuldades em encontrar estabelecimentos abertos nas estradas.

Outra grande empresa global do agronegócio com forte presença no Brasil, a Bunge, também com sede nos EUA, informou ao Valor “que está finalizando o mapeamento de iniciativas e entidades com as quais possa colaborar para mitigar situações de fome relacionadas à pandemia do coronavírus nas regiões do país onde possui operações. Entre as ações em estruturação estão a doação de produtos alimentícios de fabricação própria (como óleo, farinha de trigo, atomatados), além de recursos financeiros para compra de equipamentos hospitalares”.

A Bunge já anunciou um plano mundial de doação de cerca de US$ 2,5 milhões que contempla alimentos, inclusive no Brasil, e a americana ADM também incluiu o Brasil em um plano mundial de US$ 1 milhão.

Uma das maiores empresas de fertilizantes do mundo, a Mosaic, que tem no Brasil uma de suas principais fronteiras de negócios, anunciou na semana passada que a doação de cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade social faz parte do pacote de investimentos R$ 4,5 milhões em ações preventivas e de combate à pandemia de covid-19 em nove Estados do país. Para ajudar comércios locais, os produtos estão sendo adquiridos de pequenos comerciantes nos próprios locais de assistência. Outras empresas dessa área, como a Yara, também têm empreendido ações desse gênero.

Na área de agrotóxicos, a Corteva Agriscience, fruto da união dos negócios das americanas Dow e DuPont no segmento, está entre as que já puseram a mão na massa solidária. A múlti informou que doará mais de US$ 1,5 milhão para organizações de segurança alimentar em todo o mundo, e que, no Brasil trabalhará com a Associação Prato Cheio, instituição sem fins lucrativos que promove há 19 anos o acesso a alimentos de alto valor nutricional para pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social em São Paulo, além de colaborar com secretarias da Agricultura em outros Estados onde em fábricas.

Com esse tipo de ações, essas e outras multinacionais – a Nestlé é mais uma de uma lista crescente -, reforçam uma onda iniciada por empresas brasileiras do setor de agronegócios como os grandes frigoríficos, firmes em resposta à crise desde que começou a ficar clara a profundidade do problema. Como informou o Valor, em 1º de abril a BRF anunciou a doação de R$ 50 milhões em alimentos, insumos médicos e apoio a fundos de pesquisa e desenvolvimento social. “Somente nas instituições hospitalares, as doações deverão favorecer mais de 15 mil pessoas por dia, por meio de cerca de 2,5 milhões de refeições pelos próximos três meses”, anunciou a empresa. A dona das marcas Sadia e Perdigão estendeu a iniciativa para países onde conta com unidades produtivas, como Turquia e Emirados Árabes Unidos.

Em meio a doações de equipamentos para prefeituras, produtos de higiene para idosos e comunicadas indígenas, a JBS, maior empresa de proteínas animais do mundo, também tem promovido ações com sua especialidade, a carne. Chamou a atenção, por exemplo, a doação de 20 toneladas de picanha para a Central Única das Favelas (Cufa), ONG com lideranças em 5 mil favelas do país, sendo 250 em São Paulo e outras 250 no Rio de Janeiro. A empresa estabeleceu uma parceria com a Cufa que, entre outras ações, contemplou doação de alimentos e arrecadação de produtos que já compuseram as 470 mil cestas básicas entregues a famílias de comunidades.

Como BRF e a própria JBS, a Marfrig, outra multinacional brasileira da área de proteínas, também tem procurado estender suas medidas de apoio aos demais países em que atua. No Uruguai, a Marfrig doou 48 mil latas de carne ao Ministério do Desenvolvimento Social, e está distribuindo 3,5 mil refeições com carne bovina em cinco cidades do país onde mantém operações. No segmento de carnes, a Pif Paf é outra que já anunciou doações de alimentos, da mesma forma que laticínios como a Piracanjuba tem seguido o mesmo caminho.

É notória, nesse movimento, a participação das cooperativas agropecuárias. E, nessa frente, bons exemplos não faltam no Paraná. Com sede em Maringá, a Cocamar intensificou uma lista de 40 projetos permanentes de apoio e está doando a hospitais e asilos em municípios nos quais atua, emergencialmente, produtos como suco e óleos comestíveis, além de materiais médicos e hospitalares.

A Cocari, com sede em Mandaguari, está promovendo ações que somam quase R$ 300 mil em 26 municípios paranaenses e no Cerrado, inclusive a entrega de sacas de soja. LAR, Integrada, Cotriguaçu e Coopavel são outras cooperativas com ações de solidariedade em curso, com doações de alimentos entre elas.

Fonte: Valor Econômico.

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