Mapa publica IN sobre trânsito de animais e produtos do MS e PR
1 de novembro de 2005
Síntese agropecuária BM&F – 01/11/2005
4 de novembro de 2005

Sanidade animal: um assunto estratégico

Por Louis Pascal de Geer1

Cada dia fica mais claro que a sanidade animal se tornou um assunto estratégico da primeira ordem porque as ameaças ao bem-estar humano estão aumentando e se agravando numa velocidade assustadora.

Aprendemos a duras penas a reconhecer que a natureza está em constante movimento e que ela fornece de modo cada vez mais rápido e fulminante as respostas à ação do homem.

Mutações de vírus dificultam o combate eficaz e prolongam o tempo necessário para desenvolver métodos de controle e a chance de um vírus, até então considerado somente importante para os animas, se transformar em uma ameaça letal para o homem. Isso já é uma realidade e hoje ninguém poderá afirmar de que não poderá ocorrer também com o vírus da febre aftosa. Pode ser altamente improvável, mas não impossível.

As experiências com a gripe aviária, ebola e outros verdadeiros perigos letais mostram que somente uma ação internacional sem fronteiras ou ideologias é capaz de enfrentar este perigo a altura.

Neste aspecto, o Brasil tem uma posição natural de liderança na América do Sul e uma agência para o controle e amparo à sanidade, conforme a sugestão do meu amigo Dr. Pedro Eduardo de Felício, poderá agilizar os trabalhos de coordenação, normatização e fiscalização.

As redes de ensino superior pública e privada devem ser utilizadas ao máximo para trabalhos de pesquisa, análises e controles, como também o desenvolvimento de vacinas.

Atualmente a questão de sanidade animal, vegetal, ambiental e humana são totalmente interdependentes e fazem parte da segurança nacional e internacional, portanto merece a devida prioridade no orçamento federal.

Somente uma visão holística consegue fazer frente aos desafios que temos.

__________________
1 Louis Pascal de Geer atualmente é consultor, trabalhou durante 28 anos para Agropecuária CFM Ltda, se aposentando como vice-presidente da empresa

0 Comments

  1. José Roberto Pires Weber disse:

    É um prazer voltar a comentar um artigo do Dr. Louis Pascal de Geer.

    Concordo integralmente com suas considerações, bem mais profundas do que se possa perceber a primeira vista. Além disto, aduziria que considero absolutamente impossível qualquer controle efetivo e confiável da febre aftosa, sem que haja um programa único em toda América do Sul, com rigoroso sistema de controle e fiscalização. Veja-se que nos focos ocorridos aqui no Rio Grande do Sul, em 2000 e 2001, a doença chegou em nosso Estado, vinda da Argentina e passando pelo Uruguai.

    Obrigado pela oportunidade.

  2. Nagato Nakashima disse:

    Sr. Luiz Pascoal de Geer,

    Um país como o nosso, com rebanho de quase 200 milhões de cabeças, que se vangloria de ter o maior rebanho comercial do mundo que ainda vive com mentalidade do tempo do Brasil colônia infelizmente tem que passar por despreparado como foi estampado em imprensas.

    Não é somente o movimento da natureza, a evolução tecnológica, agilidade do sistema de comunicação em massa contribui, enquanto, o sistema de sanidade animal e de produção carece profissionalismo com ética e respeito ao consumidor (ressalvada as exceções).

    A mutação do vírus é a arma de defesa para sobrevivência e perpetuação da espécie, cabe melhorar a estrutura de vigilância sanitária buscar agilidade nas ações com profissionais públicos ou privados mais pela dimensão do território nacional e do tamanho da agropecuária brasileira. Não privatizar as ações de polícia, mas sim buscar mecanismo e meios de financiar as atividades dos profissionais liberais para que estes possam contribuir nas ações de vigilância sanitária e epidemiológica de interesse nacional e humano.

    Basta ver o sistema de comprovação das vacinações contra febre aftosa ainda se usa o método implantado há mais de 30 anos, que consiste em apresentação da nota fiscal da compra de vacina, o que nada prova tecnicamente de que os animais foram vacinados. Por que não fazer com que o Médico Veterinário Responsável Técnico dos revendedores de vacinas emitam atestado de vacinação dos animais para que se possa comprovar a vacinação repassado diretamente aos órgão de defesa? Pode até encarecer a operação, mas nada que justifique um prejuízo de 1 bi de dólares.

    Outro aspecto que precisa ser implementado com mais honestidade e ética é o bem dito SISBOV. Porque sistema bem feito de rastreamento não custa mais do que R$ 0,10 (dez centavos) por kg de carne, não adianta querer fazer com que os frigoríficos remunerem o produtor, se quem cobra do consumidor é o varejista, que sempre cobrou embutido no preço final sem o devido repasse ao produtor. É preciso criar mecanismo capaz de remunerar o produtor que identifica, certifica e disponibilize para rastreamento por profissionais habilitado e não por meios de picaretagem como vem ocorrendo atualmente.

plugins premium WordPress