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Saiba mais sobre as causas e consequências da alta do dólar frente a economia brasileira – com ênfase na pecuária

Diante de diferentes apostas sobre o comportamento futuro do dólar, há apenas uma certeza por parte dos economistas: a moeda americana não deve voltar tão cedo à casa dos R$ 2,00, valor em que era negociado no início do ano; sendo que este ciclo de alta teve início em meados de maio/junho deste ano.

Gráfico 1. Evolução do valor médio do dólar dos meses de janeiro a agosto/13

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Fonte: Esalq/BM&F, Bacen, elaboração BeefPoint.

Desde então, o governo vem tentando frear o avanço da moeda americana. Prova disto, é quem em junho, o Ministério da Fazenda zerou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investimentos estrangeiros em renda fixa e derivativos na esperança de atrair dólares. O tributo vinha funcionando como uma espécie de “barreira” à entrada de dólares no país.

Simultaneamente, o Banco Central vem realizando leilões da moeda americana no mercado futuro (chamados de “swap cambial”), com o objetivo de puxar a cotação do dólar para baixo.

Para tal, a BBC Brasil ouviu especialistas para entender o que há por trás da recente valorização do dólar e seus principais reflexos para a economia brasileira. 

Assim sendo, a principal explicação para a alta do dólar vem dos Estados Unidos. Há a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) possa, em breve, reduzir os estímulos à economia do país.

A aposta é baseada em dados que sinalizam uma recuperação da atividade econômica dos EUA, como a expansão maior do que prevista do PIB no segundo trimestre (de 1,7%) e a queda do desemprego, que atingiu o menor nível em quatro anos.

Desde 2009, o Fed recompra mensalmente cerca de US$ 85 bilhões (R$ 190 bilhões) em títulos do Tesouro americano numa operação conhecida como “quantitative easing”, ou simplesmente QE.

Os títulos públicos são usados pelos governos como forma de captar o dinheiro que necessitam para financiar os gastos públicos não cobertos pela arrecadação de impostos. Em linhas gerais, o investidor “empresta” dinheiro ao Tesouro para recebê-lo depois, acrescido de juros.

Ao decidir recomprar esses títulos, o Fed injeta dinheiro no sistema, aumentando a liquidez da economia. Um banco que se desfaça desse ativo pode, por exemplo, usar o dinheiro da venda para conceder empréstimos ao consumidor, estimulando a economia.

Parte desse súbito excedente de dinheiro tem sido usado por investidores para aplicar em mercados onde pudessem obter maiores retornos, como é o caso do Brasil que pratica uma das taxas de juros mais elevadas do mundo.

Na medida em que o BC americano reduz os estímulos à economia, sobram menos recursos para essas aplicações, ou seja, menos dólares devem sair dos Estados Unidos em direção a outros países. A escassez da moeda americana provoca invariavelmente alta da cotação, afirma à BBC Brasil Márcio Salvato, professor de economia do Ibmec-MG.

Além disso, o mercado prevê que, encerrado o programa de compra de títulos (QE) pelo Fed, o próximo passo será a elevação da taxa de juros nos Estados Unidos, hoje próxima a zero.

Nesse cenário, os títulos americanos tendem a ficar mais atraentes do que aplicações de maior risco em países emergentes, por exemplo.

Segundo Pedro Rossi, professor de economia da Unicamp, com menos dólares no mercado, a tendência da moeda americana é se valorizar.

Já em relação ao Brasil, para economistas, outro fator que explica a trajetória recente de alta do dólar é, em menor grau, a perspectiva negativa para a economia brasileira.

Com espaço limitado para políticas de estímulo à economia e juros mais altos, o mercado já prevê um crescimento mais baixo para o Brasil este ano.

Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, salienta que a piora na avaliação dos investidores em relação à economia brasileira deprecia o câmbio. As estatísticas mostram que o Brasil está descolado de outros emergentes. Isso aumenta o risco do país e afugenta investidores.

Aqui, mais uma vez, com maior desconfiança externa, menos dólares entram no Brasil, e a tendência é de valorização da moeda americana.

A nota de crédito é concedida por agências de classificação de risco (rating), como Standard & Poor’s e Fitch, e serve, em linhas gerais, como um termômetro para medir a capacidade de um país honrar suas dívidas (ou seja, não dar calote).

Assim sendo o aumento do dólar apresenta uma série de consequências, sendo que uma das maiores preocupações em relação à valorização da moeda é a inflação. Nos últimos 12 meses encerrados em julho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial medida pelo IBGE, foi de 6,27%, abaixo dos 6,7% registrados no período anterior, porém acima do centro da meta.

Desde 1999, o Brasil trabalha com um sistema de metas de inflação anual. O centro da meta para 2013, estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4,5% , mas o BC admite, ainda dentro da meta, uma variação de dois pontos percentuais para cima e para baixo.

Segundo Márcio Salvato, professor de economia do Ibmec-MG, com o dólar apreciado, os produtos importados ficam mais caros. Em paralelo, em alguns casos, a exportação passa a se tornar mais atraente para o produtor, que passa a vender para outros países (pois ele passa a receber mais reais pelo mesmo produto vendido ao exterior em dólar). A menor oferta (no mercado interno) tende a elevar o preço nas prateleiras.

Segundo o IBGE, os reflexos da alta do dólar ainda não puderam ser observados claramente na inflação do mês passado.

No entanto, o preço do pão francês, cuja matéria-prima, o trigo, é importada em sua maioria, saiu de uma deflação de 0,05% para uma alta de 0,68% de junho para julho.

Adicionalmente, o dólar mais alto tende a frear os gastos brasileiros no exterior que, no primeiro semestre deste ano, somaram US$ 12,3 bilhões (R$ 28 bilhões), recorde para o período.

Em linhas gerais, a alta do dólar prejudica as importações, ao passo que beneficia as exportações.

Na avaliação dos economistas, o impacto será negativo na balança comercial (registro do que país vende e compra do exterior), que registra as importações e as exportações do país.

No acumulado do ano, o saldo está negativo em US$ 5 bilhões, um recorde histórico.

Segundo Ribeiro, da Tendências Consultoria, grande parte do déficit (saldo negativo) em nossa balança comercial se deve às importações de combustíveis pela Petrobras. A perspectiva de alta nos preços do petróleo pode piorar ainda mais essa situação.

Do lado das exportações, os economistas afirmam, por outro lado, que ainda é cedo para avaliar o impacto positivo da alta da moeda americana, especialmente para a indústria, uma vez que há muitas empresas que precisam importar componentes para depois vender seus produtos para o exterior. Além de que o benefício obtido pelo exportador com a valorização do dólar pode não se refletir em um aumento das vendas.

Assim sendo, Ribeiro ressalta que pode haver um ganho nominal de renda, devido à valorização do dólar ante ao real, mas isso não significa que as vendas de fato vão aumentar. Além disso, a demanda mundial está fraca e os produtos brasileiros, mesmo com o real mais barato, ainda são menos competitivos do que os de muitos outros países emergentes.

Afinal, como que a alta do dólar provavelmente irá influenciar na pecuária brasileira?

O setor pecuário é um dos poucos setores que talvez não seja influenciado de forma negativa com esta alta, visto que o nosso produto se torna mais competitivo no mercado externo, por apresentar um preço favorável à compra.

Sendo este aumento de competitividade um forte estímulo para a estabilidade, e quem sabe, crescimento da pecuária brasileira. Além do mais, os custos de produção continuam praticamente os mesmos, apresentando uma variação mínima. 

Gráfico 2. Comparação entre os valores médios do dólar, Boi Gordo em reais e em dólares/@ dos meses de janeiro a agosto/13

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Fonte: Esalq/BM&F, Bacen, elaboração BeefPoint.

Assim sendo, este aumento do dólar acarreta em um impacto positivo nas exportações, além de gerar expectativas positivas para o aumento do valor da arroba do boi gordo, visto que a tendência da demanda, pelos países importadores de nossa carne é aumentar, e como temos apenas 20% do total de carne bovina produzida no Brasil apropriada para exportar, nossa oferta é relativamente pequena.

Fonte: G1.com, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

1 Comment

  1. Claudio Varella disse:

    Excelente matéria, retrata fielmente a situação em que o Brasil foi colocado. Faltaram as reformas estruturais, além de um controle rígido nas despesas do governo – com as eleições, creio, que a situação deverá se aprofundar, pois o governo não tomará medidas amargas.

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