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Safra recorde de milho não alivia oferta e indústria já reduz produção de carne no Brasil

A valorização do milho, cujos indicador Esalq/BM&FBovespa atingiu o recorde histórico de R$ 81,48 pela saca de 60 quilos de milho nesta semana, deve se manter em alta mesmo após a colheita da safra 2020/2021. A perspectiva já faz a indústria de carne reduzir a produção diante do aumento no custo para alimentar os animais.

A previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de produção recorde de 105,2 milhões de toneladas, 2,6% acima do que em 2019/2020. “Temos uma previsão de oferta muito próxima ao consumo e isso confere menos espaço para os preços caírem mesmo com a entrada da 1ª safra”, diz a analista de grãos da Stonex, Ana Luiza Lodi.

A consultoria estima uma produção de 26 milhões a 27 milhões de toneladas na safra de verão, a ser colhida no início de 2021 – volume considerado pequeno para uma demanda estimada em mais de 70 milhões de toneladas. “A nossa demanda interna é muito grande, e a oferta vai estar muito próxima do consumo. Com isso, a gente não deve ter uma folga de oferta”, completa a analista.

Para o milho safrinha, colhido no segundo semestre, as perspectivas também são pouco animadoras. Com o atraso no plantio da soja, a janela de semeadura está cada vez menor, o que aumenta o risco climático desta temporada.

Além das questões climáticas, a venda antecipada da safra 2020/2021 também deve reduzir a disponibilidade interna de grãos no próximo ano, a exemplo do que ocorreu no ciclo 2019/2020.

Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), 54,7 % da safra 2020/2021 de milho no Estado já havia sido vendida até o último dia 13 de outubro, índice 30,5% superior ao registrado em igual momento do ano passado, quando a comercialização da commodity já estava 76% acima da média histórica.

“Mesmo que a gente tenha uma super safrinha de milho no ano que vem, se essa safrinha estiver praticamente toda vendida quando for colhida, não teremos tanto milho disponível”, alerta a analista.

Menos carne

Diante das perspectivas de continuidade de preços elevados, a indústria de proteína animal tem se organizado para reduzir sua produção neste final de ano. No setor de carne bovina, enquanto alguns frigoríficos produzem menos carne, chegando até a decretar férias coletivas, no campo os produtores de gado confinado, que dependem do milho e do farelo de soja como insumo, colocaram o pé no freio ou até deixaram de produzir neste ano.

“A gente percebe que confinamentos pequenos deixaram de existir e que esses pecuaristas passaram a fazer em sistema parceria ou boitel (quando o pecuarista paga para manter o gado nas instalações de um segundo produtor) em confinamentos grandes”, explica o analista de pecuária da Stonex, Caio Toledo, ao destacar que as perspectivas de oferta são “cada vez menores”, com queda de até 30% no confinamento este ano.

“O que temos para 2021 é provavelmente uma redução no abate de fêmeas, animal a pasto que virá atrasado por conta do clima mais seco e um confinamento que terá seu maior custo depois da reposição extremamente elevado, podendo ser até maior do que estamos vendo hoje”, aponta Toledo.

No setor de suínos e aves, a indústria se organiza para reduzir em cerca de 10% a sua produção pelos próximos dois meses para se adequar à menor oferta de milho.

“Se continuar em alta e não obtivermos o ponto de equilíbrio, pode reduzir, pode ter férias coletivas e outras atitudes que não gostaríamos de tomar. Mas aí são atitudes ainda para continuar com o setor produzindo alimentos”, observa José Eduardo dos Santos, presidente executivo da Associação Gaúcha de Avicultura.

Fonte: Globo Rural.

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