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Rodrigo Paniago fala sobre discussões da Assembléia da APPS e o Programa ABC do Mapa

Nesta entrevista Rodrigo Paniago, engenheiro agrônomo e presidente da Associação dos Profissionais da Pecuária Sustentável fala sobre os assuntos discutidos na assembléia da entidade e o Programa ABC do Mapa. "Este é uma nova forma de financiamento. Um estímulo do Governo para que a pecuária possa se modernizar e entrar de vez na era da produção sustentável".

Nesta entrevista Rodrigo Paniago, engenheiro agrônomo e presidente da Associação dos Profissionais da Pecuária Sustentável fala sobre os assuntos discutidos na assembléia da entidade e o Programa ABC do Mapa.

“Na semana passada fizemos a 2ª assembléia do ano, onde tivemos um dia inteiro de debates. Nesta assembléia tivemos a presença de grande parte dos associados, foi a assembléia com o maior número de participantes e também foi muito produtiva”.

“Discutimos diversos assuntos, inclusive a questão da filiação de novos membros, muitas entidades e instituições de pesquisa estão pedindo para entrar na Associação e nós ficamos muito contentes com essa situação”.

“A gente ia convidar as pessoas e eles nos surpreenderam já pedindo para participar”.

“Nós vamos aumentar o contato com a mídia. Nossos consultores e pesquisadores vão se apresentar na grande mídia para tentar debater um pouco mais e passar uma informação com base científica do que é pecuária e sustentabilidade”.

“Vamos fazer mais um congresso, com um novo modelo, e acredito que iremos realizar um evento até um pouco maior do que o realizado durante a Feicorte”.

“Vamos promover um Fórum de sustentabilidade. A ideia é até o final do ano ter um documento para apresentar à sociedade o que a gente entende como pecuária e sustentabilidade”.

“O Ministério da Agricultura está atendendo uma demanda do Governo Federal, que assumiu um compromisso na COP15 de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Para isso o Ministério da Agricultura desenvolveu um programa de financiamento para pecuária e agricultura para tentar mitigar essas emissões, o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC)”.

“A ideia é trabalhar a produção pecuária com baixa emissão de gases de efeito estufa”.

“Esse programa vai contemplar qualquer produtor que esteja interessado, tem uma taxa de juros muito menor do que os outros financiamentos, chegando ao produtor com uma taxa de 5,5% ao ano”.

“Esse é um estímulo do Governo para que a pecuária possa se modernizar e entrar de vez na era da produção sustentável”.

“A pecuária é a grande oportunidade que o país tem de desenvolver essa questão de mitigação da emissão dos gases de efeito estufa”.

“Intensificando a produção e aumentando a eficiência do sistemas, automaticamente nós estaremos liberando mais área para a produção de outros produtos agrícolas como soja, milho, sorgo, arroz, trigo. Então ao mesmo tempo que a gente mantém a produção de carne podemos aumentar a produção de grãos sem desmatar mais área. Assim a gente passa a otimizar o recurso que o país tem que é a terra”.

“O Ministério está disposto a atingir essas metas de redução e melhorar a sustentabilidade da produção e essa também é a grande missão da nossa Associação, difundir tecnologias para a pecuária sustentável”.

“Para que o produtor consiga esse tipo de financiamento, que tem um foco muito grande em tecnologias sustentáveis, ele precisa conhecer a tecnologia, ele precisa de alguém que possa calcular como ele pode ganhar dinheiro agregando essa tecnologia no negócio dele”.

“O ministério precisa que uma grande quantidade de engenheiros agrônomos, zootecnistas e médicos veterinários se engajem nessa campanha e estejam disponíveis para dar assistência técnica para o produtor para ele consiga tirar o financiamento”.

“Nessa reunião que tivemos com o Ministério da Agricultura ficou muito claro que existe um volume muito grande de capital para ser utilizado, mas ele não está sendo totalmente aplicado porque os projetos não chegam até os bancos ou chegam fora do padrão adequado para que o dinheiro seja captado”.

“Durante a assembléia tivemos um treinamento, para que os técnicos da APPS conhecessem o programa e daqui para frente possam atender a necessidade dos produtores”.

“Não tem mais como o produtor pensar que não dá para ele entrar nessa onda de sustentabilidade”.

“O produtor rural não pode ter medo de ser sustentável”.

“O desenvolvimento sustentável é baseado em equidade social, proteção ao meio ambiente e eficiência econômica. Então quem não tiver lucro não pode ter um desenvolvimento sustentável. Se você aumentar a produtividade, aumentar a rentabilidade do negócio, agregando tecnologia e aumentando a eficiência dos recursos utilizados, você vai ser sustentável. Então não precisamos ter medo disso”.

3 Comments

  1. Ronaldo Trecenti disse:

    Concordo com o colega Rodrigo que é necessário dispertar o interesse dos profissionais das ciências agrárias para atuarem no planejamento e assitência técnica para implantação das tecnologias sustentáveis de produção, porém, antes eles precisam ser motivados e capacitados e capacitação é um processo continuado de construção do conhecimento, diferentemente de apenas ter acesso as informações técnicas. Outro aspecto fundamental é capacitar os analistas técnicos rurais dos agentes financeiros, pois os mesmos desconhecem os índices agronômicos e zootécnicos obtidos na ILP e na ILPF. Por último é fundamental fazer uma campanha massiva para: difundir estas técnicas com a implantação de unidades demonstrativas e com a realização de dias de campo; difundir as linhas de crédito para a implantação dessas técnicas; e facilitar o acesso ao crédito pelos produtores rurais, pois a maioria está com dívidas que, se renegociadas impedem novos créditos para investimentos para implantação da ILP, da ILPF e do SPD.

    Ronaldo Trecenti
    Engº Agrº M.Sc. Especialista em Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e Sistema Plantio Direto
    Campo Consultoria e Agronegócios

  2. Leonardo Siqueira Hudson disse:

    Parabéns aos colegas Rodrigo Paniago e Ronaldo Trecenti pelo esforço em divulgar as tecnologias sustentáveis.
    Todos os esforço da Embrapa e do Mapa (Programa ABC- Dr. Derli Dossa) são de extrema importância para que o Brasil possa ter uma agropecuária moderna, produtiva e com sustentabilidade.
    Gostaria de reforçar as palavras do Ronaldo Trecenti com relação à necessidade de capacitação de mão de obra para planejamento e execução dos projetos de ILP,ILPF e SPD (inclusive dos agentes de crédito).
    Necessitamos também de desburocratização para acesso as linhas de crédito, planejamento correto do uso do capital e acompanhamento técnico adequado que permita ao produtor honrar os compromissos assumidos.

    Abraço
    Leonardo Hudson
    Exagro

  3. Rodrigo Paniago disse:

    Caros Ronaldo Trecenti e Leonardo Hudson, obrigado pelas palavras de vocês. O caminho da sustentabilidade é uma trilha sem volta, para que isso seja uma realidade será fundamental a implantação de tecnologias que transformem o sistema de produção nas propriedades rurais, trazendo o desenvolvimento sustentável para o nosso país. As tecnologias citadas por vocês, evidentemente, estão dentro do rol de tecnologias sustentáveis, mas o ponto chave é o que foi criticado por vocês, o conhecimento das tecnologias, pois sem este a “teoria não funciona na prática”.
    É de suma importância a capacitação dos técnicos do setor e a transferência desta tecnologia de forma apropriada para o produtor rural, destino final deste processo de capacitação. Nós da Associação dos Profissionais de Pecuária Sustentável – APPS, entidade que congrega 17 empresas de consultoria e 8 instituições de pesquisa, ensino e extensão rural, estamos trabalhando para isso, agendando diversos treinamentos para que os nossos associados possam se atualizar. O próximo será sobre o BPA (Boas Práticas Agropecuárias), em outubro.
    Também já articulamos reuniões entre os técnicos de bancos e instituições do governo para que possamos destravar um dos maiores problemas quando o assunto é financiamento público, que é fazer o dinheiro chegar na mão do produtor.
    Bem lembrou o Leonardo, precisamos sim desburocratizar o acesso às linhas de crédito, para isso concordo com o Trecenti, os técnicos dos bancos precisam estar atualizados sobre as novas tecnologias, sobretudo quando o assunto envolve tecnologias integradas, como ILP, ILPF e IPF, que envolvem conhecimentos mais complexos.
    A maior oportunidade de combater a emissão de gases de efeito estufa, tanto em rapidez como em custos menores, está no investimento em tecnologias sustentáveis para a nossa agropecuária. O governo parece sim já estar ciente disso, vejam o Programa ABC, agora o que falta é trabalharmos todos juntos nessa empreitada.

    Grande abraço,
    Rodrigo Paniago
    APPS

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