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6 de janeiro de 2014
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6 de janeiro de 2014

Retrospectiva 2013: Mato Grosso foi fundamental para a oferta de gado para abate e consequentemente para oferta de carne brasileira [IMEA]

Retrospectiva 2013

Segundo os dados do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT), neste ano foram abatidas, até novembro, 5,56 milhões de cabeças de bovinos, 0,72% mais que o total de 2012 (5,52 milhões de cabeças). Entretanto, a oferta de bovinos à indústria foi realizada com envio elevado de fêmeas, representando, em 2013, 45,9% do total abatido até novembro.

Na outra ponta do mercado, a demanda foi elevada durante o ano de 2013, com reflexos da melhora nas economias mundiais e também do mercado interno. No mercado nacional, a demanda interna apresentou bons indicadores, a começar pela taxa de desocupação da população, medida pelo IBGE, que variou de 4,6% até 6,0% em 2013, nível baixo e favorável ao consumo, inclusive de carne bovina.

Além disso, o rendimento médio da população brasileira aumentou em 2013, sendo um segundo fator altista da demanda por carne bovina. Em meio a tudo isso, o cenário não podia ser outro, os preços elevaram-se ao longo de toda a cadeia da bovinocultura de corte.

Oferta e demanda

Em 2013 o descarte elevado de fêmeas foi evidente, registrando o pico em março e uma média no primeiro semestre de 53,0% de fêmeas no total abatido de bovinos em Mato Grosso. De maneira oposta e o que é normal, no segundo semestre as fêmeas deixaram de entrar na linha de matança das indústrias frigoríficas do Estado.

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Além de muitas fêmeas enviadas ao abate, o acumulado até novembro/13 já registra o maior volume de abate de bovinos, são 5,56 milhões de bovinos, ou 0,72% mais que o volume de 2012 (5,52 milhões de cabeças). Uma conjuntura como essa poderia pressionar os preços, porém o que se viu foi o oposto e os preços da arroba do boi gordo valorizaram 11,97% de janeiro para dezembro, 6,34 pontos percentuais mais que a inflação acumulada em 12 meses, medida pelo IPCA. Assim, houve ganho real nos preços do boi gordo em 2013, um fato importante para o bovinocultor de corte que há tempos está com suas margens apertadas.

Preços da semana

A arroba do boi gordo no estado de Mato Grosso apresentou cotação de R$ 95,67 na média desta semana, valorização de 1,01% em relação a média da semana anterior que foi de R$ 94,71/@. A arroba da vaca segue para a terceira semana  consecutiva de valorização (0,83%) e termina a semana cotada em R$ 87,54, este preço é a maior média de todas as  semanas deste ano.

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Noroeste: Esta região demonstrou a menor valorização dentre todas as macrorregiões (0,56%) e teve cotação de R$ 92,90/@, única macrorregião que o preço está abaixo de 93,00/@.

Norte: O preço médio da arroba do boi gordo nesta região foi de R$ 93,28, variação positiva de 1,03% em relação a média da semana anterior que foi R$ 92,33/@.

Nordeste: Nesta região a arroba do boi gordo apresentou valorização de 0,85% e fechou a semana com cotação de R$ 95,32. A média da semana anterior foi R$ 94,52/@.

Médio-Norte: A região terminou a semana com alta de 1,06% na arroba do boi gordo, o preço médio desta semana foi de R$ 93,64. Na semana passada a cotação foi de R$ 92,66/@.

Oeste: Desde o início deste mês a região vem apresentando preço médio para arroba do boi gordo acima de R$ 94,00. Nessa semana, o Imea constatou preço médio de R$ 96,89/@ para o boi gordo, obtendo 1,03% de valorização quando comparado a semana anterior.

Centro-Sul: Com a maior valorização (1,33%) dentre as outras regiões, o centro-sul teve sua arroba do boi cotada a R$ 97,55 nessa semana. Já o município de Cuiabá registrou um preço referência de R$ 98,33/@, valor acima da média da região.

Sudeste: O ano de 2013 manteve os preços da arroba do boi gordo em patamares favoráveis aos bovinocultores de corte. Essa semana, na região, a média semanal da arroba do boi gordo foi cotada a R$ 98,52 obtendo 1,23% de valorização em relação a semana passada.

Captura de Tela 2014-01-06 às 11.06.30Reposição

Ao longo de 2013, Mato Grosso viveu um mercado de reposição aquecido, obtendo variações positivas para todas as categorias. As categorias mais velhas apresentaram altas anuais inferiores as dos animais mais novos. Um exemplo é o boi magro, que obteve 6,3% de valorização frente aos 9,0% do bezerro de ano e 8,5% do bezerro desmama. O mesmo aconteceu para as fêmeas, a vaca solteira variou positivamente 4,6%, menos que os 10,6% da bezerra de ano e os 8,6% da bezerra desmama.

A evolução positiva dos preços de todas as categorias de reposição do ano de 2012 para 2013, que pode ser observada na tabela abaixo, que apresenta dois resultados para o mercado do boi: o primeiro é a melhora das margens do sistema de produção que há tempos sofre com a baixa rentabilidade, a cria, e, na outra ponta, diminui o poder de compra dos invernistas do estado.

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Relação de troca

Em 2013 os resultados da bovinocultura de corte em Mato Grosso foram distintos entre os sistemas de criação. A começar pela cria, que em apenas duas microrregiões o preço de venda da arroba foi maior que o Custo Operacional Total (COT), ou seja, maior que todos os custos da atividade. Já a engorda apresentou um cenário positivo para todas as microrregiões analisadas.

Nas três microrregiões que adotam o ciclo completo, apenas Vila Rica apresentou preços da arroba acima do COT. Em Matupá e na Baixada Cuiabana os valores recebidos pela arroba cobriram somente o Custo Operacional Efetivo (COE), ou seja, apenas os custos variáveis da atividade. É notável que a engorda foi o único sistema que apresentou ganhos, sendo exatamente o contrário para a cria.

Porém, o abate elevado das fêmeas nos últimos três anos já causa reflexos na oferta e nos preços do gado de reposição, gerando expectativas de melhora da margem do criador no futuro.

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Perspectivas 2014

Como mostrado ao longo do boletim, o ano de 2013 encerra-se com resultados positivos. Porém, 2014 já começou e quem atua no mercado do boi gordo deve começar seu planejamento e a estruturar suas estratégias para o ano vindouro.

Nesse sentido, as dúvidas que surgem são em relação à oferta de boiadas à indústria, a demanda por carne bovina e, claro, os preços da arroba. Com relação à oferta, não se deve verificar mais um ano recorde (5,80 a 6,0 milhões) como em 2013, sendo provável que menos bovinos sejam abatidos, principalmente as fêmeas, que há três anos estão inflando as escalas em Mato Grosso.

Para a demanda as expectativas são melhores, isso porque os principais players do Brasil e de Mato Grosso (EUA, Austrália e Argentina) passam por ajustes negativos nas suas respectivas ofertas, favorecendo os exportadores nacionais. Além disso, as cotações do dólar futuro na bolsa apontam preços acima de R$ 2,30/US$ no primeiro quadrimestre, ou seja, a carne produzida Brasil afora continuará competitiva em relação aos demais players.

A conjuntura atual indicam que os preços vão subir em 2014 e isso já está precificado na bolsa, em São Paulo. Para se ter uma ideia, a cotação média dos contratos abertos com vencimentos em 2014 é de R$ 111,99/@, descontando-se o diferencial de base, espera-se uma arroba em Mato Grosso ao redor de R$ 97,43, em média.

Fonte: IMEA, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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