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Retrocessos na forma de comercialização, como a negociação no peso vivo, não são bem-vindos – Fabiano Tito, Minerva Foods

Para complementar os esclarecimentos sobre dúvidas relacionadas à comercialização de bovinos de corte e consequente satisfação dos pecuaristas – quanto ao relacionamento entre produtores e frigoríficos – o BeefPoint reuniu diversas opiniões de profissionais relacionados à pecuária de corte, desde profissionais da indústria frigorífica, da carne, insumos e sanidade à produtores; de forma a esclarecer o seguinte questionamento:

Adoção do critério de peso vivo para comercialização dos animais

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Confira o segundo artigo da série de 9 artigos, que o BeefPoint convidou especialistas para escrever.

Por Fabiano Ribeiro Tito Rosa, gerente de pesquisa da Minerva Foods

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Venda de boi gordo na saída da fazenda, ou venda no peso vivo, é um retrocesso. Acaba-se nivelando por baixo, jogando fora boa parte do esforço em termos de genética, nutrição e sanidade, que levam a um melhor rendimento de carcaça e podem, dentro de programas específicos, gerar bonificações. Para a indústria, aumentam o custo de originação e os riscos (contusões, cisticercose, etc.). No médio e longo prazo, essa modalidade de negociação pode, inclusive, induzir a uma queda na qualidade dos animais enviados ao frigorífico, afetando negativamente a competitividade do nosso negócio e a precificação ao longo de toda a cadeia.

A percepção de que todo boi é bom não condiz com a realidade, já que a maior parte dos animais que chegam ao abate tem, por exemplo, cobertura de gordura entre ausente e escassa. Um ponto em que temos evoluído relativamente bem é na idade, com animais cada vez mais jovens, sendo que a maior parte dos mercados exige animais com no máximo 36 meses.

Por outro lado, observa-se um constante aumento dos problemas de pH, outro reflexo da opção pela produção de animais inteiros. Sem discutir questão de idoneidade, é preciso considerar também que aspectos relacionados ao tipo e condição dos animais, à forma de pesagem na fazenda (aferição de balança, se foi e como foi dado jejum), ao manejo de embarque (stress, choque, contusões), ao transporte (alocação dos animais, horário, condições da estrada, desempenho do motorista), à distância, etc. irão afetar, posteriormente, peso, toalete, “descontos” e, ao final, rendimento. A variabilidade é grande, é preciso ter ciência disso e entender os fatores que afetam o rendimento. O professor Flávio Dutra, da APTA, escreveu um excelente artigo sobre este assunto para o BeefPoint.

Parece que o maior problema que ainda temos é a desconfiança e a falta de entendimento entre produtor e indústria. Dessa forma, é preciso mais compartilhamento de informações, transparência e clareza na definição de normas e regras no que diz respeito às modalidades de negociação, classificações, bonificações e por aí vai. Acredito que esses são os pontos a serem trabalhados. No Minerva, fazemos isso através do SAF – Serviço de Atendimento ao Fornecedor (pecuarista@minervafoods.com), de relatórios técnicos e de mercado, do release de resultados exclusivo para os fornecedores, de eventos e treinamentos, com destaque para o programa “Falando de Pecuária”, além de ações mais específicas, como a balança do produtor na nossa planta em Palmeiras de Goiás e um sistema similar que estamos estudando com a Famasul para o Mato Grosso do Sul. Estamos agora trabalhando um novo romaneio de abate, para dar um feedback melhor ao produtor quanto à qualidade dos animais enviados à indústria.

Acreditamos em ações nessa linha e devemos intensifica-las. Retrocessos na forma de comercialização, como a negociação no peso vivo, não são bem vindos.

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Confira os artigos da série, já publicados:

Adoção do critério de peso vivo para comercialização dos animais – Veja a opinião de Renato Galindo, do Marfrig

Essa é uma série de artigos idealizada pela Equipe de Conteúdo do BeefPoint, Flaviane Afonso e Gustavo Freitas.

4 Comments

  1. ubirajara disse:

    Caro Fabiano,o que o pequeno e medio produtor nao aguenta mais é ir para o abate e ser prejudicado: na balança, na faca, rendimento de carcaça entao é piada, concordo com você quando diz que falta sinergia entre o produtor e a industria , falta regras claras no abate, nao existe padrao a ser seguido, o frigorifico quando estamos negociando já diz, abaixo de tanto peso classifica,sem cobertura de gordura classifica, mas quando se abate um novilha de 14 @ nao se paga mais nada por isso,o jogo esta desequilibrado,uniao é o que falta aos produtores.

  2. Flavio Abel disse:

    Considero que o produtor é a parte frágil da cadeia, e acho que o peso vivo é uma boa opção. O comprador ao vistoriar o lote pode, juntamente com o pecuarista, “calibrar” o valor da transação, considerando todas as variáveis enumeradas pelo articulista, como cruzamento, camada de gordura, idade, inteiro ou castrado(PH), e mais fácil é a aferição da balança da fazenda do que a do frigorífico pelo produtor. Consideração ao frete também é uma questão objetiva. Tendo em vista ser uma transação comercial, pressupõe boa fé sempre, e o melhor remédio para “desconfianças” é o equilíbrio na transação.
    Flavio Abel – pecuarista – RS

  3. Thiago Minuzzi disse:

    Na minha opinião a comercialização por peso vivo é muito bem vinda, já que os frigoríficos fazem o rendimento como querem, já matamos 2 carretas no mesmo dia, do mesmo lote, em frigoríficos diferentes e deu 2% de diferença no rendimento. Isso pode não ser bom para o frigorifico, que pode roubar menos, mas para o produtor é ótimo, pois pode fazer contas mais embasadas. Só precisaria ter mais controle de clientes e orientação do que o mercado quer e que seja viável produzir.

  4. Jose Neuman Miranda Neiva disse:

    Concordo com o Fabiano Tito Rosa. Penso que a volta da comercialização pelo peso vivo é uma péssima ideia, pelo menos para quem prima pela qualidade. O problema é que nós sempre queremos nos livrar dos problemas sem resolvê-los. E nesse ponto o produtor padece pois coloca o seu gado em caminhões ultrapassados, com motoristas maal treinados e em péssimas estradas. Aí o que acontece até o frigorífico é por conta dele…. A toalete dos hematomas pesa bastante.. Aí o produtor quer pesar os animais, receber e se livrar dos problemas…
    Outra coisa que é inegável é que o produtor já sofreu muito com falta de padrão de alguns frigoríficos e mesmo com balanças que apresentam erros..

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