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Retração da Rússia continua preocupando exportadores

Em sinal de descompasso entre oferta e demanda, os preços de todas as carnes no atacado recuaram fortemente nos últimos sete dias. Os maiores impactos foram sentidos na carne bovina e na suína, que têm como principal mercado exportador a Rússia, que vem apresentando incertezas quanto ao cumprimento dos contratos.

Em sinal de descompasso entre oferta e demanda, os preços de todas as carnes no atacado recuaram fortemente nos últimos sete dias. Os maiores impactos foram sentidos na carne bovina e na suína, que têm como principal mercado exportador a Rússia, que vem apresentando incertezas quanto ao cumprimento dos contratos.

“A crise na Rússia é a causa que conseguimos visualizar concretamente. Mas sabemos que essa incerteza deixa muitos negócios parados”, diz Rubens Valentini, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).]

De acordo com levantamento do Centro do Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os cortes dianteiros de bovinos, foram cotados a R$ 5,00 o quilo em 20 de outubro, fecharam o dia 24 cotados em R$ 4,80, apresentando uma retração de 4%.

Boa parte desse movimento é explicado pelo fato de que as empresas resolveram aguardar um pouco para realizar novos contratos com a Rússia até que os importadores liquidem os contratos que ainda estão em aberto, segundo Luiz Carlos de Oliveira, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Exportadores de Carnes (Abiec). “Enquanto não houver pagamento ou renegociação de contratos com garantias, as indústrias não vão realizar novas vendas”, diz o diretor da Abiec.

A Rússia consome metade de toda a carne in natura que o Brasil exporta e, desde o começo de outubro, segundo Oliveira, seus importadores estão pressionando o exportadores brasileiros a baixarem preço. “O frigorífico fez Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) a R$ 1,60 e, agora, no momento do embarque, que o câmbio está acima de R$2, a indústria vai pagar o ACC com o novo valor do dólar. Não se apropriará dessa diferença”, reforça Oliveira.

Desaceleração
Os preços do frango também recuaram na última semana, segundo o Cepea. Érico Pozzer, vice-presidente da Associação Brasileira de Avicultura (Uba), diz que é cedo para dizer que uma demanda externa menor poderia estar “inchando” o mercado interno de frango e provocado a queda dos preços. Mas, segundo ele, é possível que haja uma desaceleração do crescimento da demanda, enquanto a oferta continua ainda expandindo-se em ritmo acelerado.

Sérgio De Zen, pesquisador do Cepea, explica que há sinais de desencontro entre oferta e consumo. “No ano passado, o consumo vinha em alta, e a produção veio atrás tentando acompanhar. Mas neste ano, está começando a ocorrer o contrário. A demanda caiu mais rápido, e em movimento inverso, a produção terá que retrair-se”, diz De Zen.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, acredita que o Brasil manterá a meta de exportar 600 mil toneladas de carne suína em 2008, gerando um faturamento de US$ 1,8 bilhão. Mesmo que 40% das exportações de carne suína brasileiras sendo direcionadas à Rússia, Camargo Neto prefere manter o otimismo e diz que pode aproveitar a desvalorização do real para aumentar sua competitividade.

A matéria é de Fabiana Batista, publicada na Gazeta Mercantil, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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