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Resultado da pesquisa Agricultura X Pecuária em diversas regiões do Brasil

O BeefPoint publicou uma pesquisa perguntando qual atividade agrícola poderia substituir a pecuária de corte. Tivemos 180 participantes, de 18 estados do Brasil. Fizemos três perguntas sobre esse tema aos nossos leitores, confira os resultados da pesquisa. As respostas foram analisadas e este artigo foi elaborado com base neste compilado. Ressaltamos que os resultados mostram a opinião daqueles que participaram da pesquisa e não uma análise estatística que possa ser extrapolada para todo o Brasil. Muito obrigado a todos que participaram desta pesquisa.

Ao serem questionados sobre qual atividade ameaça a pecuária de corte, 45% dos leitores, ou seja, 81 respostas, afirmaram que a soja é a atividade mais competitiva em relação á pecuária. A cana de açúcar vem em segundo lugar com 28% das respostas, 51 respostas, em terceiro lugar os leitores apontaram o eucalipto, com 14% das respostas (26 respostas), o milho aparece com apenas 2% das respostas, com 3 respostas. 5% dos participantes acreditam que nenhuma atividade ameaça a pecuária. E 6% dos leitores indicaram outras atividades como ameaça elas são: arroz, mandioca e dendê. Conforme demonstra o gráfico 1.

Gráfico 1. Atividades que ameaçam a pecuária de corte no Brasil (%)

Captura de Tela 2014-07-22 às 15.23.00

Sabe-se que a soja é, no Brasil, um dos principais itens da produção agrícola, sendo o país o segundo maior produtor mundial.

O arroz, o milho e a soja somados representaram 92,4% da estimativa da produção e responderam por 86,1% da área a ser colhida. A estimativa de produção da soja na safra 2014 é de 90.261.260 toneladas, indicando um crescimento de 10,5% frente a 2013. A área ocupada pela cultura deve alcançar 29.353.751 hectares, aumento de 5,2%. O rendimento médio esperado, de 3.075 kg/ha, é 4,9% maior que o da safra anterior. No presente prognóstico, os principais estados sojicultores aguardam aumento da produção em 2014 frente a 2013. A produção de soja no Brasil possui tendência de aumento, pois os preços do produto seguem firmes e as condições de produção do nosso país são bastante favoráveis.

Segundo a CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento – a área cultivada com cana-de-açúcar, colhida na safra 2012/13, e destinada à atividade sucroalcooleira foi de 8,49 milhões de hectares, distribuídas em todos estados produtores conforme suas características. O estado de São Paulo é o maior produtor com 52,07% (4,42 milhões hectares), seguido por Goiás com 8,55% (725.910 hectares).

Segundo o IBGE, em 2012 foram produzidas no Brasil um total de 146,8 milhões de metros cúbicos (m³) de madeira em tora, sendo 89,8% provenientes da silvicultura (florestas plantadas) e 10,2% oriundos do extrativismo vegetal. Em 2012, a produção de madeira em tora originada da silvicultura destinada a papel e celulose contribuiu com 56% no total nacional. As áreas plantadas com eucalipto ocupam 70,8% desse total, em seguida aparece o pinus (22%). Os plantios de eucalipto e pinus estão concentrados em Minas Gerais, São Paulo, no Paraná, em Santa Catarina, na Bahia e em Mato Grosso do Sul.

O gráfico 2 demonstra quanto essas atividades poderão crescer, a grande maioria – cerca de 81% dos leitores- afirmam que essa atividade irá crescer ainda mais e continuará tirando área da pecuária.

Gráfico 2. Informa o crescimento da atividade mencionada pelos pecuaristas

Captura de Tela 2014-07-22 às 16.17.47

Para as principais atividades citada pelos leitores questionamos qual o valor do arrendamento em R$ por ha/ano, em Minas Gerais o arrendamento de eucalipto é em média R$ 400/ha/ano para contratos de 20 anos para áreas superiores a 1.000 ha (região de Curvelo, principal região de silvicultura de MG).

Em Araxá- MG, o valor do arrendamento é média soja:R$ 845,00/ha, em Uberândia, R$ 520,00 a R$ 780,00/ha, vale ressaltar que a variação está muito relacionada a tempo de agricultura na área, logística, infraestrutura, etc. O valor do arrendamento para cana-de-açúcar é de R$ 550/ha/ano, em Uberlândia-MG, já na região do Alto Paranaíba em Minas Gerais é de 12 ton.

Em São Paulo, o valor do arrendamento da cana-de-açúcar é de R$ 1000,00 a R$ 1700,00 R$/ha. O arrendamento da soja é de R$ 325,00 a R$650,00/ha. O arrendamento de eucalipto é entre R$1200 a 1500/ha ano.

No Mato Grosso, o arrendamento de áreas novas varia de R$ 65,00 a R$ 250,00/ha, e depois passam de R$ 260,00 a R$ 520,00/ha. Nas áreas de soja estabelecidas variam de R$ 520,00 a R$ 780,00/ha.

No Mato Grosso do Sul os dados variam muito de acordo com a região, aptidão, áreas de aberturas entre outro fatores. A soja varia de R$ 520,00 a R$ 650,00/ha.

O gráfico 3 demonstra que a cana de açúcar é a atividade que tem maior potencial de substituir a pecuária no estado de SP, conforme indica 81% dos leitores desse estado, 12% indicam que o eucalipto pode competir com a atividade e apenas 4% a  soja.

Gráfico 3. Atividades que podem substituir a pecuária em São Paulo

Captura de Tela 2014-07-24 às 18.26.18

O gráfico 4 demonstra que no Mato Grosso do Sul o eucalipto é a atividade que mais ameaça a pecuária, conforme indica 62% dos leitores desse estado, 19% indicam que a cana de açúcar pode competir com a atividade, mas o que chama atenção é que 19% acreditam que nenhuma atividade pode ameaçar a pecuária.

Gráfico 4. Atividades que podem substituir a pecuária no Mato Grosso do Sul

No Rio Grande do Sul, 93% dos leitores afirmam que a soja é atividade que mais ameaça essa região, conforme mostra o gráfico 5, o arroz é preocupante apenas nessa região, mas somente 5% dos leitores o indicaram e por último aparece a cana de açucar com apenas 2% das respostas.

Gráfico 5. Atividades que podem substituir a pecuária no Rio Grande do Sul

Captura de Tela 2014-07-24 às 18.27.35

O gráfico 6 demonstra que a cana de açúcar é a atividade que tem maior potencial de substituir a pecuária, conforme indica 47%, mas não está muito distante da soja, que aparece com 42% das respostas, 11% indicam que o eucalipto pode competir com a atividade.

Gráfico 6. Atividades que podem substituir a pecuária no Paraná

Captura de Tela 2014-07-24 às 19.39.19

É importante ressaltar que a integração lavoura-pecuária vem crescendo em nosso país e com benefícios para agricultores e pecuaristas.

Um dos pontos que destacamos na pesquisa é o valor do arrendamento para outras culturas, muito acima da rentabilidade média da pecuária, e ainda sem o capital investido em animais. Fica aqui o convite para aprofundarmos a conversa sobre como a pecuária vai seguir competindo com atividades agrícolas com rentabilidade acima de R$ 400/ha/ano, apenas no arrendamento.

Muito obrigado a todos que participaram desta pesquisa, e mostraram os desafios e mudanças da pecuária nas mais diversas regiões do Brasil. Sugestões para melhorar essa pesquisa são muito bem vindas, é só comentar abaixo. :-)

5 Comments

  1. mario wolf filho disse:

    Muito interessante esta pesquisa, na minha visão aqui no Norte do MT, eu vejo que agricultura principalmente na cultura da soja, com a Integração Agricultura e Pecuaria as duas atividades vem a se complementarem aumentando a produtividade das duas proteínas por área explorada que é o grande desafio para nos agropecuaristas.

  2. Edilson Abrão disse:

    Atuo em pecuária desde 2009 (até então somente agricultura), na área de venda de herbicidas para pastagens, e vi e vejo a substituição em uma velocidade aproximadamente de 500.000 ha/ano de pastagens migrando para a lavoura no Mato Grosso. As causas principais: pastagens degradadas, a valorização imobiliária, topografia plana e a posição estratégica das áreas. Pois o Mato Grosso melhorou um pouco nos últimos anos na logística e investimentos privados em armazenagens de grãos.

  3. Marcos Vinicius Rodrigues Martins disse:

    Para o pecuarista reformar ou recuperar pastagem de forma direta sem pensar na utilização da integração lavoura pecuária e muito difícil, e como disse o companheiro Mario Wolf Filho, precisamos e aumentar produção quanto da soja e de carne por área. Meus parabéns pelo artigo publicado

  4. Lucas Santos de Moraes disse:

    Muito boa esta pesquisa, eu como graduando de Zootecnia pela Universidade Federal de Uberlândia, vejo que os produtores que ainda não mudaram o seu sistema de produção de extensivo para intensivo estão saindo da pecuária, um dos motivos é o alto preço do arrendamento que os produtores de soja,laranja e cana oferecem aos pecuaristas. Para que isso não ocorra os produtores devem procurar saídas uma delas que eu acho a mais inteligente seria a busca por consultorias de empresas que tenham profissionais capacitados.

  5. Pedro Dalpasquale Netto disse:

    Todos concordam que precisamos aumentar produtividade por área, todos sabem que precisamos melhorar oferta de forragem ( capim ), mas poucos fazem de forma correta. A pecuária precisar fazer o que a agricultura faz, jogar na terra o que a planta precisa para produzir, simples assim. Dessa forma se aumentara a lotação por área, produtividade por área, R$/ha/ano e assim vai são inúmeros os benefícios do investimento inicial da adubação da terra. Não é difícil reformar ou recuperar pastagens, quando se tem uma real programação de investimentos, difícil é quebrar a barreira cultural do pecuarista de investir na terra. A pecuária é produtora de capim antes de produtora de carne

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