Nelore do Brasil abre as inscrições para 43ª Expoinel
28 de julho de 2014
Principais indicadores do mercado do boi – 29-07-2014
29 de julho de 2014

Respostas: como lidar com chuva no mês de julho

Pedimos aos nossos leitores e amigos, que nos contassem sua experiência com manejo de pastagens, suplementação na seca e outras estratégias, quando há incidência de chuvas fora da época, como o que vem acontecendo nos últimos dias. Recebemos vários comentários, muito interessantes. Abaixo, publicamos algumas das dicas, estratégias e recomendações de nossos leitores para melhor lidar com as chuvas no mês de julho. Muito obrigado pela participação de todos, e te convidamos a comentar abaixo, enriquecendo esse debate.

Rodrigo Albuquerque:

Quando a chuva vem, a primeira coisa a fazer é mudar a estratégia de abastecimento dos cochos, evitando menor volume de produto que ficará exposto a umidade.

E se cair em volume, fazer uma reunião rápida com o fornecedor do suplemento, avaliando a necessidade ou não de se alterar a estratégia de suplementação. Cada caso é um caso.

O fundamental é pensar qual categoria esta sendo empastada e o objetivo dela. Só com isto, decisões pode ser tomadas. E elas tem que ser rápidas.

Thiago Abdo:

Essas chuvas de julho realmente estão colocando um ponto de interrogação na cabeça de muitos produtores. Muita gente está deixando de usar o proteico para seca e utilizando novamente produtos para águas com alegação de que novos brotos estão se formando deixando a pastagem bem mais verde e com pasto bem mais tenro do que de costume para esta época. Isto está certo ou errado?

Bem, nas minhas recomendações continuo falando para usarem produtos de seca, pois independentemente das chuvas e dos brotos nessa época acontece a maturação fisiológica das pastagens, o que naturalmente diminui a concentração de proteína, aumenta a parede celular da planta e diminui sua digestibilidade, principalmente as braquiárias. Quando andamos pelo pasto podemos ver uma mistura em torno de 50% de material seco e 50% de material ainda verde. No caso de fornecimento de proteico para seca, o mesmo terá um consumo um pouco menor do que o esperado, por isso é importante usar neste momento um suplemento de transição com menor teor de proteína, mas já adaptando o rúmen para suplemento de seca total.

Mas vejo alguns técnicos recomendando produtos específicos para água, sei que fazer mal não faz, mas diminui eficiência de ganho.

Estou certo ou errado? Qual a opinião de vocês?

Murilo P. Tocantins:

Com relação as chuvas de julho, temos algumas considerações a fazer:
1 – Estamos produzindo boi num dos maiores estados do nosso país, que é o Pará;
2 – Por ser muito comprido, façamos um pequeno exercício de imaginação, fatiando o Pará em 3 horizontes, pois temos 2 períodos( somando as 4 estações conhecidas por nós) onde temos 6 meses de chuvas e 6 meses de secas(a grosso modo);
3 – Na faixa horizontal sul, a época mais chuvosa começa em agosto/setembro e vai até fevereiro/março.
4 – A faixa horizontal central começa a chover em outubro/novembro e vai até abril/maio;
5 – A faixa norte, as chuvas se iniciam nos meses de dezembro/janeiro e vão até junho/julho.

Nos meses secos sempre ocorrem chuvas ocasionais, que são benéficas à fazendas que possuem um bom manejo de pastagens, diminuindo o risco de incêndios e melhorando a rebrota do pasto. As propriedades que utilizam pastejo contínuo são prejudicadas pelo constante corte do capim pelo boi, que tem preferência pela rebrota, logicamente e são as que primeiro secam, sendo as que mais sofrem no período de seca.

As que possuem pastejo rotacionado, secam menos , aproveitam o ponto ideal de pastejo do capim e não formam buchas(grande quantidade) de capim passado e seco, diminuindo o risco de incêndios no período. As atividades com relação ao manejo (diferimento de pastagem, uso de sal proteinado, etc) são semelhantes às praticadas em outras regiões produtoras de gado de corte do nosso país.

Rodrigo Swain:

Com chuva na fazenda tudo fica mais complicado.O melhor conselho é ter cochos cobertos e um manejo de pastagem intensivo.

Onde passa um lote grande de animais em dia de chuva, não sobra nada, com a mudança de piquete, os animais comem melhor e não destroem o pasto onde estão, isso serve em dia sem chuva também.

Na terminação os animais ficam em semiconfinamento, com um piquete novo, bom de pasto do dia e ração.

Bem estar, economia e ganho de peso na pauta de preocupação. Existem muitas variáveis de formulação de ração, mas o que engorda mesmo é o milho!

Na recria sal proteinado a vontade, a leitura de cocho é o melhor instrumento para o peão ter decisão de quantidade no trato!

O peão começa a reparar o porque tem dias que comem mais o proteinado ou a ração, sempre conforme o pasto disponível no piquete.
Recomendo “ensalar” o gado todo dia, quantidades menores pois se chover não estragar o que tem no cocho.

Sempre ensalar na mesma hora todo dia, condiciona o gado, e um dia de chuva possibilidade de usarem o produto antes da chuva ensopar o sal, possibilidade do horário do trato uma pausa na chuva, os animais já esperando o peão com o sal.

Também tratando todo dia, um dia de chuva intensa, sem pausa , os animais não sintam falta ou sofram alguma alteração no seu desempenho.

Denis Beraldo:

Com as chuvas inesperadas que vem acontecendo ultimamente, o manejo dependerá da quantidade de chuva no local, por que se a quantidade for baixa, isso pode ocasionar a perda de toda massa do capim o mais aconselhável é a retirada do gado da área a atingida para que o capim possa se recuperar mais rápido possível.

Gentil J. Martin Fernandes:

Estamos no Sul de Mato Grosso do sul, para nós a indefinição do clima é comum. Temos invernos chuvosos e invernos secos e é comum a presença de geadas nos dois casos. A estratégia é planejar com antecedência. Animais com a sanidade e nutrição em ordem suportam muito bem o período.

No ano em que a geada chega mais cedo e em seguida chove, ocorre a decomposição da forragem de forma mais rápida e aí a solução é levar estes animais para a terminação em confinamento ou suplementação com volumoso associado a uma fonte proteica, ou a até mesmo a venda de parte do rebanho para ajuste da lotação.

No ano em que a geada chega mais tarde, também teremos a perda da forragem por decomposição, pois, chuvas na entrada da primavera são comuns. Neste caso, além do confinamento, temos como opção o uso de minerais associados a fontes que contribuem para regular a flora intestinal para evitar as perdas catiônicas através das fezes.

De acordo com o sistema de produção será o planejamento na busca da eficiência produtiva e financeira da propriedade.

Comentário BeefPoint: Hoje numa entrevista que será publicada em breve, com Nedson Rodrigues, do MS, perguntei sobre as chuvas e ele me disse: “Aqui o efeito é positivo, temos pastagens em cima de áreas de agricultura (ILP) e nossos pastos estão verde. Essa chuva só ajuda”.

Interessante notar comentários interessantes e de diversas regiões do Brasil. Estamos pensando aqui em como facilitar a troca de experiências entre produtores, técnicos, professores e pesquisadores de todo o Brasil, por meio do BeefPoint. Essa enquete rápida muito nos anima a continuar e a trazer mais novidades.

Muito obrigado a todos que participaram. Complemente o artigo, contando sua experiência, dicas e estratégias para a seca, abaixo.

4 Comments

  1. Murilo Bettarello disse:

    O problema é onde colocar o gado!

    Realmente o ideal é deixar as pastagens se recuperarem e se houver temperatura, até é possível que os pastos voltem e podemos antecipar a estação chuvosas.
    Para fazendas que trabalham com adubação, recomendamos diminuir bastante a carga animal e começar a adubar os melhores pastos logo no início de setembro (40 mm de chuvas). Para isso é necessário planejamento com suplementação, ILP ou até mesmo sacrificar uma área pior, colocando alta carga nela e liberando os melhores pastos por cerca de 25 dias o que possibilitará seu crescimento e logo logo a fazenda estará na engorda, aproveitando todo potencial que nossas gramíneas tropicais têm a oferecer.

  2. Rodrigo Martins Ferreira disse:

    Aqui esta chovendo bem Jardim-ms,e os nossos pastos estão verdes para quem faz rotação de pastagem,verde mas com bucha seca tbm(50%) por isso não deixamos de dar o sal proteico.Oque fazemos é a leitura de cocho colocando o sal nos momentos que não esteja chovendo e quantidade que se consome rápido de acordo com o lote.Nossos cochos não são cobertos pois os piquetes são de um dia e se muda o cocho junto com o gado estamos com bom consumo e tudo tranquilo sem problemas com uréia.

  3. Jose Ricardo Rezende disse:

    O problema não é chuva em Julho em si e sim o alto risco de interrupção das mesmas na sequencia. Quem tinha se estruturado com capim “fenado” para atravessar a seca pode perder a palhada “reservada” e não contar com chuva suficiente para que a brota vingue. Um xadrez e tanto. Se puder vedar o pasto ótimo. Mas onde colocar o gado, visto que o fenômeno atinge os pastos vizinhos também? Se houver viabilidade econômica o ideal é alugar pasto próximo ou vedar os melhores pastos, lotar os piores pastos e suplementar com ração. Mas depende muito do custo do aluguel, que costuma disparar, ou do custo da ração e da estrutura para distribui-la. Quem quer segurança trabalha com folga, mas quem esta com lotação alta tem que dar seus pulos.

  4. Dermeval Flores disse:

    Excelentes respostas. Parabéns a todos. Ao Thiago abdo afirmo concordar com seus comentários. No sudoeste baiano há uma predominância por duas gramineas nas pastagens, basicamente a Brachiaria decumbens e o Coloniao. Para o Brachiaria a chuva de inverno é excelente, fazendo-o brotar. Já para o Coloniao a chuva de inverno é ruim, fazendo com que o mesmo apodreça e seja rejeitado pelos animais. Cochos cobertos são fundamentais para uma suplementarão de transição adequada pois estes minerais contem uréia. Uma vermifugação com princípios ativos que combatam vermes pulmonares também é indicado, pois evitam as “tosses” dos bovinos.

plugins premium WordPress