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28 de junho de 2007

Resíduos da indústria sucroalcooleira – mais do que uma realidade na nutrição de bovinos de corte

A utilização de resíduos da indústria sucroalcooleira passou a ser mais do que uma opção na nutrição de bovinos de corte confinados. A atual conjuntura da produção de açúcar e álcool no Brasil, trás junto consigo a introdução de novas possibilidades de ingredientes à dieta para bovinos confinados.

A utilização de resíduos da indústria sucroalcooleira passou a ser mais do que uma opção na nutrição de bovinos de corte confinados. A atual conjuntura da produção de açúcar e álcool no Brasil, trás junto consigo a introdução de novas possibilidades de ingredientes à dieta para bovinos confinados. Além do grande aumento no número de projetos de ampliação de usinas já existentes, mais a construção de novas unidades, leva a possibilidade de utilização dos resíduos dessas indústrias na nutrição de bovinos confinados em outras regiões dos estados de SP, MG, GO, MS e MT, fato antes limitado à poucas regiões, devido à distância entre os confinamentos e as usinas.

O desenvolvimento desses novos projetos de produção de açúcar e álcool na região centro-oeste do Brasil, possibilitou o “encontro” da maior área de produção de grãos e seus resíduos, com a possibilidade da utilização do bagaço de cana, fechando um interessante “pacote nutricional” para essas regiões, fato até o momento, só vivido pelos estados de SP e MG. Além do aspecto nutricional citado, temos também a presença do maior rebanho de corte do país presente na região, disponibilizando animais em quantidade e qualidade necessários à produção.

Dentro desse novo cenário, cria-se a necessidade de informações nutricionais mais precisas sobre a utilização desses resíduos na alimentação de bovinos. Basicamente, temos 3 resíduos de grande valor à nutrição, sendo eles o bagaço “in natura”, o bagaço hidrolisado e a levedura.

Os dois tipos de bagaço servem principalmente como fonte de fibras nas dietas de bovinos, sendo a levedura uma fonte interessante de proteína, podendo levar a melhoras de desempenho quando em substituição às fontes tradicionais de proteína verdadeira.

Contrário a situação descrita acima, tem-se a possibilidade de direcionamento da utilização do bagaço de cana para a produção de energia, não só para utilização dentro das próprias usinas, como para venda de energia às concessionárias presentes nessas regiões. Além disso, a montagem de projetos para utilização do bagaço como fonte de produção de energia, pode levar a geração e venda de créditos de carbono, um novo produto do mercado agropecuário.

Leme et al. (2003) avaliaram diferentes níveis de inclusão de bagaço “in natura” em dietas de bovinos de corte confinados com altos níveis de concentrado. Foram utilizados novilhos Nelore, com peso médio de 279 kg e 24 meses de idade, confinados por 98 dias. As dietas avaliadas foram formuladas com o bagaço de cana “in natura” como única fonte de volumoso, nos valores de: 15, 21 e 27%. (Tabela 1)

Tabela 1. Composição das dietas experimentais avaliadas


Não foram observadas diferenças de desempenho entre os diferentes níveis de inclusão de bagaço, sendo os valores de 1,51; 1,49 e 1,38 kg/cab/dia para as inclusões de 15, 21 e 27% de bagaço de cana “in natura”. (Tabela 2). Houve uma tendência de regressão linear entre os valores de inclusão de bagaço e o desempenho, provavelmente devido à maior ingestão de matéria seca observada para os tratamentos com maiores níveis de concentrado.

Houve comportamento linear entre os níveis de concentrado, ingestão de matéria seca/100 kg de peso vivo, sendo observado maiores valores de ingestão para as dietas com maiores proporções de concentrado. (Tabela 2). Apesar de haver relação direta entre o consumo de matéria seca e desempenho, não foi observado efeito dos níveis de inclusão de bagaço de cana e eficiência alimentar.

Tabela 2. Peso inicial, final, desempenho, ingestão de matéria seca e eficiência alimentar com diferentes níveis de inclusão de bagaço de cana em dietas de bovinos confinados


Em relação às características de carcaça, não foi observado efeito dos níveis de inclusão da bagaço de cana nos valores de peso de carcaça quente, gordura renal e pélvica, área de olho de lombo e espessura de gordura. Já para peso final e rendimento de carcaça, foi observado comportamento linear em relação aos níveis de inclusão de bagaço, sendo maiores nos tratamentos com maiores níveis de concentrado.

Tabela 3. peso carcaça quente, peso carcaça quente, gordura renal e pélvia, área de olho de lombo,área de olho de lombo com diferentes níveis de inclusão de bagaço de cana em dietas de bovinos confinados


Referências bibliográficas:

LEME, P.R.; SILVA, S.L.; PEREIRA, A.S.C.; PUTRINO, S.M.; LANNA, D.P.D.; NOGUEIRA FILHO, J.C.M. Utilização de bagaço de cana de açúcar em dietas com elevada proporção de concentrados para novilhos Nelore em crescimento. Rev. Bras. Zootec., n. 6, p. 1786-1791, 2003.

KREHBIEL, C.R.; KREIKMEIER, K.K.; FERREL, C.I.; Influence of Bos indicus and cattle age on apparent utilization of high grain diet. J. Anim. Sci., v. 78, p. 1641-1647, 2000.

0 Comments

  1. Antonio Carlos disse:

    Bom dia, gostaria de mais informações sobre este artigo.

    Como foi feita a adaptação destes animais? Quantos dias?

    Respostas do autor:

    Prezado Antônio Carlos,

    Existem diversas formas de se fazer adaptação, dependendo de diversos fatores, sendo que, atualmente, quanto menor for esse período, maior será o retorno financeiro, visto que, os animais estão dentro de um sistema de produção com objetivo de máximo lucro.

    No trabalho descrito foram utilizados 28 dias de adaptação, sendo incluído o concentrado de forma crescente. Nos primeiros 7 dias – 20% do concetrado total; 8-14 – 40% conc. total; 14-21 dias – 60% do concentrado total; 21-28 – 80% do conc. total e a partir do dia 28 – 100% do concentrado.

    Um forte abraço.

    André Alves de Souza
    Dr. Nutrição e Produção Animal – ESALQ/USP – Unesp

  2. Moacyr Fiorillo Bogado disse:

    O artigo apresentado demonsra de fora científica o acerto da fábula que alude as maravilhas da sopa de pedra.

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