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Rentabilidade da cria é comparável a recria e engorda?

A situação atual da cria na pecuária de corte brasileira é dos temas que mais me interessa e motiva. A cria é muito pouco estudada e avaliada. É o gargalo da pecuária, é o elo mais fraco, que dá o ritmo de expansão da atividade. Se conhecermos mais a cria, como atividade econômica, fica mais fácil analisar os ciclos produtivos, fazer previsão de preços e volume de oferta no médio-longo prazo.

Esses dados abaixo me levaram a uma reflexão sobre o que podemos esperar da cria nos próximos anos.


Fonte: Exagro, maio 2011.

A cria é uma atividade que carrega uma série de mitos, ou pré-julgamentos. Abaixo avalio uma série de percepções minhas.

Cria é uma atividade de baixa rentabilidade. Acredita-se que a cria garante rentabilidade menor do que a recria e engorda e a tabela confirma isso. Mas é possível ir mais fundo e avaliar uma série de nuances.

A cria cresce menos que a recria e engorda. Avança menos em tecnologia. É o gargalo da pecuária de corte. Um ponto interessante é que com a profissionalização da pecuária, com cada vez mais gente calculando seus custos e avaliando economicamente suas opções, a cria tenderia a ficar em segundo plano, pois quem mede (e percebe que rende menos), iria para outras atividades.

Um contra-ponto: avaliando-se a rentabilidade média nas colunas “clientes”, é melhor fazer apenas cria, do que cria-recria-engorda (ciclo completo). Uma indicação de que o foco traz melhores resultados. No entanto, o valor máximo é bem superior para quem faz C-R-E do que quem apenas cria.

Cria é uma atividade de longo prazo. Isso gera menos opções de financiamento. Um maior risco e complexidade ao se avaliar um projeto. Isso diminui a chance de alguns perfis de produtores entrarem na atividade e também dificulta quem já atua nessa área a se expandir, com recursos de terceiros. Os projetos de integração, onde o comprador do bezerro fornece insumos, tecnologia e serviços em troca de uma garantia de fornecimento e preço ainda são escassos. Gostaria de conhecer mais projetos nesse sentido e estudá-los.

Outro mito que eu tinha é que quem faz cria profissional, faz ciclo completo, para não perder renda, não repassar o lucro para frente. Acreditava que devido a isso, seria cada vez mais difícil comprar bezerros de alta qualidade. Analisando a tabela, começo a acreditar que isso não será regra. Com perspectivas de bons preços de venda de bezerros e os ganhos de se focar e se especializar em apenas uma atividade devem estimular o surgimento de criadores com elevada tecnologia e especialização na cria de alta qualidade (e alto preço).

Vale lembrar que tecnologia é fazer mais com menos ou pelo menos fazer mais com os mesmos recursos. E não usar essa ou aquela técnica ou produto.

Analisando-se a tabela pode-se inferir que quem faz recria e engorda com alta rentabilidade é muito bom em duas áreas: 1-produção e 2-comercialização (compra e venda de animais). Ou seja, precisa produzir com muita eficiência, ao mesmo tempo em que avalia o mercado e compra e vende seus animais em bons momentos, de forma sincronizada com a capacidade de lotação da fazenda (que varia ao longo do ano).

Fica muito claro que quem tem alto lucro na pecuária consegue orquestrar muito bem a parte de produção com a comercialização. Quando compra, quando vende e como opera os animais na fazenda nesse meio tempo. São muitas variáveis, em áreas de conhecimento muito diferentes.

Quem faz cria com alta rentabilidade é muito bom em produção e também deve ser em comercialização, mas como não compra animais (em grande volume) o ganho em rentabilidade viria da venda bem feita. Há gente que fale que a cria é para quem não gosta de negociar, mas fica fácil de perceber que quem ganha na cria, vende muito bem seus animais.

O estudo também levantou números de outras fazendas, que chamaram de “diagnósticos”. Nessas fazendas, a rentabilidade média variou muito. As que fazem cria tem apenas R$ 13,70/ha de rentabilidade. E quem faz recria/engorda tem em média R$ 65,10/ha, ou seja, quase 5 vezes mais lucro por ha. Com menos eficiência, provavelmente produtiva e comercial, se percebe duas coisas: a rentabilidade é muito distante das fazendas de alto nível e mais ainda, a diferença de lucratividade entre as atividades é muito grande.

Entre os clientes da Exagro, a rentabilidade média varia muito menos. Na cria é de R$ 146,50/ha e na recria/engorda (atividade com maior média) é de R$ 154,10/ha. Ou seja, menos de 10% mais alto. Na rentabilidade máxima, entre os clientes da empresa, a variação fica bem maior. De R$ 232,10/ha na cria para R$ 353,70/ha na recria/engorda, 50% mais alto.

Primeira observação, óbvia: a disparidade de rentabilidade entre fazendas é enorme, mesmo fazendo a mesma atividade. A renda média da cria “diagnósticos” é quase 11 (onze!) vezes menor do que a média dos clientes da consultoria. Isso mostra como há espaço para se melhorar a rentabilidade da pecuária como um todo, e com isso ainda aumentar produção, sustentabilidade e até qualidade da carne de uma só vez. Produção eficiente pode trazer tudo isso junto.

E a migração para outras atividades, como cana e grãos? Um criador com menos de R$20/ha vai muito facilmente arrendar suas terras para qualquer atividade agrícola que apareça na sua região. Até mesmo quem lucra R$ 65/ha por ano ficará muito tentado. Por outro lado, quem está na casa dos R$ 200-300/ha ano não irá migrar tão facilmente.

Existe a impossibilidade de se abrir novas áreas, por questões ambientais. A fronteira é onde tradicionalmente a cria cresce e é uma fonte de bezerros baratos. A pressão agrícola por áreas de pecuária vai aumentar daqui em diante. Ou seja, com mais agricultura e mais dificuldade na abertura de novas áreas, a pecuária vai encolher em área. Mas pode aumentar a produção mesmo com área menor. A chave é produção eficiente.

Me perguntam com frequencia se é melhor fazer cria ou recria/engorda. Acredito que a resposta depende da vocação da pessoa, da fazenda e da região. É claro que na média, a recria-engorda é mais rentável, mas acredito muito num futuro promissor para a cria.

Flutuações de preços devido aos ciclos de produção vão continuar a existir e outros fatores, como o crescimento mundial vão continuar a influenciar os preços pecuários.

Escassez gera bons preços. Essa é uma verdade que deve continuar valendo para o preço do bezerro por vários fatores. A velocidade com que a cria avança ainda é menor do que a recria-engorda. A rentabilidade é em muitos casos menor ou muito menor. A área da cria vai diminuir.

A demanda por carne bovina é crescente e não existe carne sem bezerro (pelo menos por enquanto). Continuamos a ter ciclos, mas o patamar de preço do bezerro deve ser mais alto. Tudo isso me leva a crer que planejar a atividade de recria-engorda mirando no lucro que vinha da compra de bezerros baratos não me parece uma estratégia vencedora daqui em diante.

60 Comments

  1. Oscar Lopes de Faria Junior disse:

    Concordamos com o Editorial, e verificamos que para as fases de recria e engorda se dispensa alta tecnologia e a fase de cria embora seja o alicerce é conduzida a ferro e fogo. Se o produtor for bem assistido, com emprego de toda a tecnologia já existente de manejo reprodutivo e nutricional, verifica-se que em áreas com vocação exclusiva  para a cria o négocio se torna viável.
    Excelente artigo
    Parabens

  2. José Manuel de Mesquita disse:

    Prezado Sr. ou Sra.

    Me diga se conhece uma quantidade razoável de pessoas, que trocaram a atividade de Recria ou  Engorda para a atividade de Cria…  Acredito que não conseguirá encontrar quantidade  que preencha os dedos de uma de suas mãos.

    Até Agosto de 2007, não tive conhecimento de que, recriadores em algum momento, tenham  se voltado para a atividade de cria, a razão é simples: mais trabalho, maiores riscos, e em geral os ganhos finais não são animadores.

    Veja detalhes aqui mesmo no BeefPoint no endereço abaixo:
    https://beefpoint.com.br/mypoint/jmm/p_o_futuro_de_quem_tem_o_seu_negocio_alicercado_em_compra_de_bezerros_154.aspx

    É lógico que se a oferta aumentar os preços cairão, mas para que isso aconteça, um "grande milagre"  terá acontecido…    o segmento de recria e engorda teria que trabalhar muito, e correr  riscos maiores do que os que estão acostumados, para produzir os tais animais que deveriam ser ofertados ao mercado… ainda assim, acredito que não os venderiam, pois o maior ganho na atividade (Bovinocultura) se inicia após a fase da Desmama… e eles sabem disso há muito tempo!

  3. Oscar Lopes de Faria Junior disse:

    Gostaria de esclarecimentos sobre os dados da tabela relacionada no artigo

    Os valores relacionados nos sistemas de produção são valores
    obtidos em retorno de capital em reais aos produtores ou estes valores estão relacionados com o ganho de peso ou produção, pois na tabela não tem a descriminação referencial  dos dados apresentados.

    Fiquei confuso na leitura e interpretação dos mesmos nos seguintes itens:

    A primeira linha – cria média – 146,5 a 232, 1 são valores monetários? Estão relacionado ganho peso

    Na coluna diagnosticos – linha cria os valores media 13,7 e máximo de 156,3 são valores de ganhos  monetários ou de peso por ha?
    seriam retorno capital sobre o investimento feito por área?

    Agradeço antecipadamente os esclarecimentos

    Oscar

  4. PAULO CESAR GONÇALVES disse:

    Boa tarde, sou criador no Mato grosso e uma coisa é cert,a a cada ano fica mais fácil vender bezerros, a procura é enorme, e estou escolhendo para quem quero vender.

    Os que querem prazo no pgto, nem mostro a bezerrada,pois só vendo com TED,outro detalhe mexemos muito pouco com Frigoríficos, apenas vacas de descarte,pois de que adianta  o lucro ser bem maior e o Frigorífico não pagar,que lucro?lá se foi lucro,capital,investimento,trabalho perdido,etc.Então eu não entendo falar que o risco da Cria é maior???Não conheço nenhum fazendeiro que trabalha com engorda que nunca perdeu com frigoríficos.Então hoje na cria quem fizer um bezerros(as) Angus por exemplo vai vender macho e femêa com preços bem próximos e aja comprador para esse tipo de mercadoria.Então na minha opinião  os numeros e valores nem sempre express a verdade.A cria dá muito trabalho para se ter índices bons em vacas paridas,mas após montar um plantel, acho que o retorno é bom,pois não exige tanto investimento e a vaca não é tão seletiva como o boi,que se não comer bons pastos ou complementar sua dieta ele não chega ao peso desejado.Outro detalhe a maioria dos criadores não trabalha com financiamentos,não que não consiga,como o bezerro tem liquidez todos querem dar prazos em semen,touros,medicamentos, o que elimina outro mau que são os bancos com juros que no final pesam.

    Então,adoro quem recrie e engorde pois vivo deles, mas meu alerta é para quem quer começar a criar.Não fique só olhando numeros, a atividade de cria é apaixonante o futuro promissor,pois a velocidade que se abate hoje o boi é impressionante comparada com 10 anos atrás e com isso aja bezerros.

    Amigos,desculpem a simplicidade de meu comentários,mas como estou satisfeito com a atividade,gostaria de passar adiante.Abraços, Paulo

  5. Cássio Rodrigues disse:

    Prezado Oscar,
    Os valores da tabela são os resultados anuais (ou lucro anual) de cada sistema produção em R$/ha/ano.
    Este material foi apresentado no Fórum de Clientes Exagro 2011, em maio/2011 e é referente aos resultados das fazendas no ano de 2010. O Beefpoint publicou as apresentações na íntegra explicando a metodologia e demonstrando os resultados:
    https://beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/giro-do-boi/entenda-como-funciona-um-benchmarking-e-veja-os-resultados-das-melhores-fazendas-72305n.aspx
    Atenciosamente
    Cássio

  6. Ricardo Santos disse:

    Concordo com o Paulo. Mexo com cria junto com meu Pai e uma coisa temos na cabeça: Hoje não adianta ser mais um criador, temos de ser criadores premiun, ou seja, nossos bezerros devem ser muito bons para podermos descolar das tabelas regionais de bezerros comerciais. Com isto, há 4 anos iniciamos um projeto de melhoria do rebanho de femeas e hoje estamos começando a colher os frutos. Estamos vendendo bezerros com ágio de 20 a até 35% do preço dos bezerros comerciais da região. As tecnologias estão ai a disposição de todos, o que precisa é parar de achar que isso é coisa de outro mundo, pois quero que me digam o que hoje não dá trabalho?

    Outra coisa que tenho a mesma opinião é na necessidade de bezerros, uma vez que o desfrute vem aumentando e isso faz com que o número de bezerros para reposição aumente tbém. Se vc tem 1000 bois e matava todo ano 250 animais gordos com 4 anos vc precisava comprar 250 bezerros ano para manter o rebanho. Hoje, matando animais de 3 anos, vc mata 330 bois e consequentemente precisa de 330 bezerros.

  7. Jose Luiz Couto Pedreira disse:

    A eterna discussão sobre qual das fases pecuárias é a mais rentável! Concordo plenamente e sempre disse a nossos clientes que para ser mais rentável ou não a fase escolhida para exercer a atividade passa por vocação. Vocação da propriedade, vocação geográfica, vocação do mercado consumidor mais próximo a propriedade etc.. Em condições tecnológicas idênticas dificilmente a cria conseguirá bater as outras duas fases. Principalmente se falamos de baixa tecnologia. Mas em determinados momentos e/ou conjunturas a cria pode ser bastante atraente.

  8. Neilor Consentino Fontoura disse:

    Fazem dois anos tomei conhecimento de uma campanha realizada por produtores uruguaios, eles estampavam camisetas com o ditado "SIN CRIA, NO HAY CARNE", na Argentina a mesma tendência de escasses de reposição, fruto dos devaneios da família Kirchiner e da migração para agricultura (soja principalmente), no Brasil, segue a mesma tendência, posso estar enganado, mas o tão falado aumento da demanda mundial por carne parece já ter chegado, na minha humilde opinião, a cria vai ser cada vez mais falada, e vista cada vez mais como um bom negócio, o que na visão dos nossos hermanos uruguayos  é quase óbvia, SIN CRIA, NO HAY CARNE!

  9. Rogerio Zart disse:

    A cria era ineficiente quando seus indicadores eram baixos: taxa de parição abaixo de 80%, e intervalo entre partos maior que 360 dias. Hoje, com técnicas como a IATF e nutrição adequada, consegue-se mais de 90% de vacas produzindo um bezerro por ano. Sem falar no melhoramento genético que possibilita melhores preços diferenciados no bezerro. O ideal é o ciclo completo em sistemas intensivos. Vide artigo: "NOVIDADES NA IATF" http://www.acrissul.com.br/colunista/artigo/38/novidades-na-iatf

  10. Marco aurelio Candia Braga disse:

    Todas as atividades da pecuária dão lucro, sempre que forem olhadas como empresa e não mais como uma atividade de poupança. A mentalidade: isso é uma poupança para os meus filhos, acabou – primeiro que muitos filhos não gostam da atividade e segundo que muitos já viram que o lucro da poupança é pouco.
    Toda atividade tem de ter custo de produção baixo e isto no caso da pecuária só se consegue com ganho de escala.
    O pequeno produtor não consegue ter vários empregados e ficar na cidade na atividade de cria. Já na recria e engorda, um só peão e ele na cidade conseguem "tocar" a atividade, visto o custo fixo ser menor.
    No meu entender a atividade de cria dá lucro sempre em grande escala, diferente da engorda.

  11. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Parabéns Miguel pelo artigo. Atuamos na C-R-E há decadas e sempre estamos testando o retorno do emprego de novas tecnologias em todas as etapas. Na engorda de um modo geral o retorno da incorporação de novas tecnologias tem sido melhor: maior rentabilidade, menor prazo e menor risco na minha opinião. E com o ciclo de produção mais curto creio que a recria tende a desaparecer. Mas há áreas que não se prestam a engorda, só a cria. Simplesmente não tem vocação / fertilidade de solo suficientes. Mas lentamente, pelas inumeras razões expostas no artigo, a rentabilidade da cria de alto nível se aproxima da rentabilidade da engorda.

  12. Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

    Olá pessoal, muito obrigado pelos comentários. Muito interessante e rica a discussão.

    Sobre o risco maior, coloquei em relação a ser um investimento de mais longo prazo, demorando mais tempo para dar retorno. Esse prazo maior traz um risco maior. Mas é correto afirmar que o risco é maior em atividades mais intensivas.

    Gostei muito dos depoimentos de quem cria com qualidade, buscando produção premium e venda especializada. É um tema que quero aprofundar mais no BeefPoint. Seria uma ótima forma de dar sequencia no workshop sobre cria que realizamos em 2009. O que vocês acham?

    Muito obrigado. Forte abraço, Miguel

  13. Alberto Duda Consultoria Pecuária LTDA. disse:

    Muito Interessante o artigo.

    Quero ressaltar que um dos gargalos da Cria e que pode torna-lá menos lucrativa é a Baixa Lotação Animal/ha, é comum fazendas com menos de 1 UA/ha , 0,7 UA/ha ( 1 UA = 450 kg), ou seja, fazendas subutilizadas, muitas vezes com a consciência do próprio pecuarista por não adotar medidas de adubação e manejo das pastagens.

    Agora a partir do momento que aumentarmos a carga animal acima de 2-3 UA/ha, aumentarmos a eficiência reprodutiva das vacas obtendo taxas de desmama elevadas, intervalo entre partos o mais próximo de 12 meses aí sim podemos dizer que atividade começa a ficar interessante.

  14. Rosalu Ferraz Fladt Queiroz disse:

    Parabens Miguel pelo artigo, fala-se tao pouco sobre cria, este assunto tao pertinente pra todo mundo. Adorei o slogan "sem cria, nao ha carne".

    Vivo este dilema diariamente sobre escolha da cria ou recria. Atualmente,trabalhamos soh com cria cruzamento industrial de simental x nelore em 2,1 UA/HA, ou seja, super intensivo com indices de prenhez superiores a 81%. Mas, infelizmente, o custo desta adubacao de pastagem eh alto para manter estes indices o que complica bastante a rentabilidade/ha ano.

  15. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Para adicionar mais dados ao debate, recomendo um artigo rico em discussões:

    https://beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/giro-do-boi/a-reposicao-tem-espaco-para-subir-mais-70219n.aspx

    A frieza dos números não consegue englobar o imponderável, e por isso, na época, escrevi:

    “Nas minhas simulações também concluí que a recria tende a ser o melhor negócio. Mas aí entra o imponderável. O recriador tem que ser ótimo comerciante. Gira todo o seu estoque frequentemente, portanto sua posição é de muito maior risco. Uma bobeada, e lá se vai o capital acumulado em uma vida. Conheço muito recriador quebrado, mas não conheço criador falido.

    Resumindo: não são poucos os que preferem ganhar talvez menos (há controvérsias) mas de maneira mais segura. Além disso, não seria pequeno o valor do conforto psíquico, se fosse possível medi-lo em R$/ha-ano.”

  16. Luciano de oliveira Debs disse:

    Boa  Tarde….muito bom a  discussão  de um tema  como esse, em que  todos emitem suas opniões, ajudando incrementar a pecuária Brasileira.Como  criador há  anos, e já vivido vários ciclos pecuários, com propriedade que, há mais  de  década  faz-se  IA , há 5 IATF,  sêmen de touros provados , indices reprodutivos altos, assessoria  técnica em  nutrição  e reprodução, alto pêso a desmama (to falando  de nelore e sem creep)  , , etc…e  tal….enfim…..depois  disso tudo,  acho que  posso  reforçar a  conclusaõ que o SR OSCAR CHEGOU : ¨Areas com vocação exclusiva para cria e  adotando tecnologias existentes de manejo,reprodutivo e nutricional, torna-se viável¨……porém fica muito aquem, muito mesmo de  atividades como C.R.E……basta olhar os  números  publicados  em várias instituições  sérias….olhe p.ex a FNP  dos útimos  10 anos….Isso  se torna  mais desanimador, qdo levamos em conta  a trabalheira  com  vacas paridas, formação  de lotes paridos, carimbo dos  bezerros, cura umbigo, e o estrago que  essas fazem  nos pastos…..mesmo tendo um ótimo sistema de manejo…..Hoje  vender um bezerro de  8 mêses  ,240kilos, nelore  , depois  de investimento em sêmen, mão de obra, medicação, hormônios, mineralizaçao alta  de fósforo, touros, técnicos,,etc…etc…etc…. á  no máximo 750 reais ( preço médio na região de Jussara-Go)….não pode  ser uma  boa  atividade…..pode  sim e  é,…….. APAIXONANTE. …Mas tem um lado bom ….as  fêmeas que  agregamos no plantel, e a alegria de aumentar a  receita com a venda  de fêmeas inférteis aos frigoríficos que torcem o nariz qdo da oferta  de fêmeas rs rs rs…

    Nem  vou  aqui levantar  a discussaõ  do cruzamento Industrial no CO……(que aliás  já o fiz), para  a venda de bezerros, seja em parceria  e/ou particular….isso é assunto pra  depois.  Finalizando…. acho que os  criadores podem   e estaõ fazendo a produção  de bezerros Premium, mas  a tal venda  especializada , vai ficar bem  abaixo das outras atividades. Obrigado a todos.

  17. Gustavo Juñen disse:

    Buen trabajo,como siempre,Miguel.Los conceptos y los problemas de la cría(uso de tecnologia,etc.) son similares a Uruguay.Seguimos con tasas de procreos del 70%,cuanto es posible superar el 80%,con tecnologías de bajo costo(manejo del rodeo de cría,desmame temporario o precoz,etc.).Y lo más curioso es que el precio no es el problema.Hoy el kg de ternero vivo es de U$S 2,75,con buena demanda.Pero la cría sigue siendo "o gargalo",para nosotros "el cuello de botella"(gargalo da garrafa) de la ganadería.
    Abrazo
    Gustavo

  18. José da Rocha Cavalcanti disse:

    Comparando 2 investidores com o mesmo capital, iniciando as atividades, um com “boi" (recria-engorda) e o outro com “vaca" (cria-recria-engorda) a conta da rentabilidade é: nos três primeiros anos o “boi” anda na frente. Do terceiro ano em diante nunca mais alcança a rentabilidade da “vaca”.
    O operacional da “vaca” pode ser tão simples como o do “boi”: vai depender do manejo, das divisões de pastagens, do tamanho dos lotes…

  19. Alcy Bernardes Junior disse:

    Boa tarde a todos !  interessante o artigo; independente de cada opinião sem duvida o bezerro é  o inicio de tudo, e se não temos bezerros hoje não teremos boi amanhã.
    acho q deve haver uma certa harmonia no setor produtivo,cria,recria,engorda e frigorificos,para que não acabe um setor seja cria ,recria ou engorda que tenha que arcar com prejuizo; o boi a exemplo teve uma alta rentabilidade em final de 2010 ,teve praça que chegou a R$ 120,00@,
    abraço a todos
    ABJ

  20. Álvaro Rodrigues Pereira disse:

    Boa noite a todos!

    Muito interessante o debate. Tenho uma fazenda de 600 hectares em Minas, com pelo menos 400 hectares de pastagem formada. Vinha concentrando o meu trabalho na cria de bezerros nelores, em função da pequena dimensão da fazenda, mas não estava satisfeito com a rentabilidade. Desde o ano passado, reformulei o meu projeto optando por colocar touros caracu e senepol, como forma de produzir bezerros precoces – que atingem peso de frigorífico, a pasto, em um tempo muito menor. Com o cruzamento industrial, espero adotar um sistema intensivo que me permita agregar valor e conciliar cria, recria em engorda em um período de tempo muito mais curto. Ganharei assim, espero eu, em produtividade e rentabilidade.

    Obrigado e um abraço,

    Álvaro Pereira

  21. Daniel Feijó Biluca disse:

    Torço para que todos os criadores ineficientes e mais alguns iludidos com supercosultorias migrem para recria e engorda. Assim sobre mais espaço para pecuaristas prifissionais que criam com eficiencia um produto com alto valor genético e alto valor agregado. Produto que será cada vez mais excasso. Bom, deixa eu ver…, produto bom e escasso, oferta reduzida, preço alto. Isso é que eu quero!
    Adoro essas superconsultorias!!!

  22. Júlio Otávio Jardim Barcellos disse:

    Interessante a discussão, todas meritórias e pertinentes, mas lembrem-se de premissas que devem ser observadas na comparação de qualquer negócio:

    A natureza do empresário, a logística, mercado, tecnologia, mão-de-obra e uma infinidade de variáveis que influenciam um sistema de produção e o seu resultado econômico. Um negócio não pode ser analisado em períodos de conjuntura favorável ou desfavorável a ele. Portanto, precisamos ter análises de médio e longo prazo e isso não foi abordado na discussão, até porque poucos tem esses dados. Quando analisa-se a cria é necessário ter essa abordagem, até porque quem se entusiasma com seus resultados e entra nela euforicamente, quando acorda mudou a conjuntura.

    Portanto, discutir qual o sistema é mais eficiente é um exercício muito interessante, mas cabe ao pecuarista, empresário e seus assessores definir no médio e longo prazo o sistema que lhe proverá mais dinheiro. Pecuária é uma atividade mais rentável que soja! Vejam que é uma premissa equivocada! Bem, mas em alguns sistemas de produção é mais eficiente. Pecuária intensiva e soja em terras marginais. A responsabilidade de todos os profissionais envolvidos é muito grande e, portanto, temos que transformar ineficiencias em eficiências em qualquer realidade e conjutura de produção. Métricas existem para comparar tudo, mas muitas vezes acaba confundindo os agentes dentro da porteira a decidirem por sistemas inapropriados em busca do lucro momentaneo. Temos bases de dados de 30 anos comparando sistemas de cria em muitos sistemas de produção e os dados seguem a lógica, perdem em eficiência para a recria e o ciclo completo. Não li comentários sobre a fonte de receita fundamental da cria que é a vaca gorda ou para engorda. Quem faz cria também faz engorda ou vende vacas magras perdendo dinheiro na maioria das vezes.

  23. juvair Fernandes de Freitas disse:

    Muito interessante o debate! Ainda não conheço nenhum criador, mesmo que seja com baixa tecnologia quebrado! Portanto, faço coro com o refrão "sem cria não há boi"

    Brasília/DF

    Juvair

  24. Fernando Penteado Cardoso disse:

    Boi, digo a matriz que é o bezerro, vem do capim, quer dizer da forragem. Ao longo dos anos a forragem era barata, originada da pastagem em terra fértil de mata alta. Agora essa forragem barata está no fim e não ha substitução a custo equivalente. Temos que aceitar uma oferta decrescente de bezerros, com uma contração de toda a cadeia que vem depois, seja recria e engorda. É possivel produzir forragem de baixo custo no intervalo das culturas de verão, seja soja ou milho. Mas para aproveitar esse recurso será preciso reorganizar a pecuaria de corte. E isso vai levar tempo. Até que novos procedimentos sejam adotados em larga escasla, temos que admitir  certa redução da produção de carne por falta de bezerro. Esse é o quadro da conjuntura atual. Oxalá esteja eu enganado.

    Fernando Penteado Cardoso-eng.agr.sênior- agrolida@uol.com.br

  25. Alcy Bernardes Junior disse:

    Boa noite a todos.. vou acrescentar mais alguns comentarios sobre o artigo.
    se aumentar a  recria e a engorda por questões de rentabilidade,o bezerro vai se valorizar é a lei da demanda e oferta, vai ser bom para cria, mas sera que é bom que isso aconteça?
    Verdadeiramente nós do setor primario não somos suficientemente organizados, são poucas as fazendas ou melhor empresas rurais, que se organizam,isso é fato estudos apontam; o Brasil com rebanho de mais de 200 milhões de cabeças, vejamos quantos porcento utilizam tecnologia, de modo geral é muito pouco;isso por questões economicas; a tecnologia é cara e não temos uma politica  eficiente. à estudos que apontam que poderiamos dobrar o rebanho de 200 milhões para 400 milhões,sem se quer derrubar um arbusto,simplesmente aplicando tecnologia, acho que uma politica economica  eficiente voltada para o setor e uma maior organização dos pecuaristas seria interessante ,não podemos ser refém de alguns; "pois quem produz somos nós"

    abraços…
    ABJ

  26. Gustavo Dafico Bernardes de Oliveira disse:

    Muito bom artigo. Atual e ao mesmo tempo ouço esta discussão (qual é mais lucrativa? cria ou recria/engorda) desde meus avós. As melhorias tecnológicas dos últimos anos (nutrição animal, manejo e genética) chegaram primeiro, ou melhor, foram aceitas primeiro pelos recriadores e há pouco tempo os criadores estão saindo do atraso. Sempre ouví dos mais velhos…"conheci invernista quebrar, mas nunca um criador".

  27. Júlio Otávio Jardim Barcellos disse:

    Miguel, essa discussão vai pegar fogo e com isso a Cria, atividade base de meus trabalhos na universidade sairá fortalecida. Pode disponibilizar o comentário anterior, pois esqueci de autorizá-lo. Vamos evoluir na discussão e convido os consultores da fonte primária da informação a participar do debate.

  28. Mauricio Omizzolo disse:

    É com muita satisfação que vejo este assunto, a cria, ser discutida novamente pelo beefpoint. Como já foi mencionado, a cria é a base da pecuária. Fico feliz em ver o Prof. Júlio entrando na discussão.

    Na minha região, nos ultimos anos, houve uma inversão, ou seja, a cria se valorizou bastante e a recria e engorda ficaram mais "apertados". Havendo até uma migração destas para a cria, pois os bezerros ficaram muito caros.

    O uso intensivo de terra, com bom investimento em pastagens e o uso de genética européia britânica, fizeram com que bezerros de 8-10 meses, atingissem peso de até 350Kg, com preços de R$ 4,30/Kg!!!!! Imaginem…..É só investir em tecnologia que o resultado aparece.

    Abraço e sucesso Miguel.

  29. Josmar Almeida Junior disse:

    Prezados, aproveitando a discussão reescrevo o que postei no artigo passado sobre "A reposição tem mais espaço para subir".

    Acredito que partindo do planejamento estratégico da propriedade, possuímos um verdadeiro arsenal de tecnologias que viabilizam qualquer sistema de produção.

    Segue abaixo o comentário emitido:

    Acredito que tem espaço sim, e para não cairmos na Lei do Gerson, citada pelo Sr. Manuel, devemos respeitar e entender a sistematização da pecuária, lembrando que a origem de tudo é a CRIA.
    O sistema de produção da cria é predominantemente em pastagens, sendo assim, devemos considerar o quanto de @/ha a cria pode proporcionar a recria e engorda.

    Exemplificando:

    A conta individual.

    -considere uma novilha anelorada BOA que tenha o primeiro parto aos 35 meses;
    -considerando a vida útil reprodutiva desta novilha de 10 anos (120 meses);
    -esta novilha PODE proporcionar em sua vida útil, com um intervalo entre partos "BOM D  " de 14 meses, 7 bezerros (as).
    -sendo assim esta BOA novilha e futura vaca, produzirá 39 @ em sua vida útil de 10 anos (média de 5,6 @/bezerro x 7).
    -dividindo as 39@ em 10 anos, teremos 3,9 @/ano.

    A conta por área.

    -lembrando que o peso médio de um rebanho de cria gira em torno de 450 kg de PV, podemos considerar a lotação animal predominante nestes sistemas em torno de 1 cabeça de vaca/ha, e desta forma a produção será de 3,9 @/ha/ano.
    -considerando o peso médio de uma recria engorda de machos em torno de 340 kg (500 180= 680 kg. / 2= 340 kg), podemos considerar uma relação entre CRIA X RECRIA ENGORDA DE MACHOS em torno de 1,32, ou seja, aonde em tenho 100 vacas, posso ter 132 machos em recria engorda.
    -deste forma a produção de @/ha no sistema de recria engorda de machos será de 5,6 @/ha/ano (0,35 kg/dia x 1,32 x 365 dias)

    Relação @/ha/recria e engorda x @/ha/cria:

    5,6 @/ha/ano / 3,9 @/ha/ano = 1,43

    – analisando esta relação verifica-se uma janela de 43% entre produção de @/ha em sistemas de produção de recria e engorda sobre a produção de @/ha em sistemas de produção de cria.
    -lembrando que o desempenho médio diário utilizado no sistema de produção de recria engorda é considerado baixo, sendo em torno de 0,35 kg/an/dia.
    -então, o ágio na @ do bezerro de 20% ainda não é tão alto, se considerarmos que sua mãe deixa de produzir por ha. algo em torno de 43%.

  30. carlos anastacio r. moura disse:

    Pelo numero de comentários enviados já sabemos que o debate esta sendo muito bom e que com certeza vai trazer bons frutos.

    Hoje a recria e engorda são mais lucrativos,mas temos que atentar para que esta atividade ande teremos que dispor de terneiros.A velocidade com que se termina animais é grande  e  a cria segue com um terneiro no mercado a cada ano e meio,

    os campos nobres foram parar nas lavouras ,os piores na pecuária  de com cria

    onde fica mais dificel de vaca repetir cria.sendo assim vamos cair na velha lei da

    OFERTA e PROCURA.

    abraços a todos   

  31. DANIEL PAULO QUIM ROVERI disse:

    A recria/engorda sem dúvida vem a longa data expressando melhores resultados, pelo menor custeio em mão-de-obra  especializada, taxa de perda, custos de manutenção, entre outros. Porém como se cita no texto, um grande concorrente direto é a agricultura com seus arrendamentos com rendas maiores e mais expressivas mesmo que a recria/engorda!

    Uma dúvida pessoal: Conseguiremos nós realizar investimentos no setor pecuário que supere os valores pagos em arrendamentos agricolas? Como visto em bons sistemas, chegamos perto, porém ainda não vejo sistemas que ultrapassem estes valores. E a pergunta é: Há expectativa em superar de maneira viável? Já existem estes?

    Abs…

  32. Janete Zerwes disse:

    Caro Miguel,

    Produzir gado de corte, no nosso caso, implica criar, recriar e engordar. Direcionamos os trabalhos para cada vez mais, reduzir o tempo de recria. Assim sendo, o foco principal, para que seja viável criar, é manter alta eficiência reprodutiva e alta capacidade de conversão alimentar (especialmente a pasto). Veja bem, com isso, além de retermos o top de nossa genética para nossa recria, ofertamos animais diferenciados, em termos de eficiência para produção de carne, para nossos clientes compradores de bezerros. Com esse sistema, além de obtermos melhores preços por nossos bezerros, obtemos melhores ganhos com nossas femeas (cruzadas) de engorde e nossas matrizes de descartes.

    Agora, na atual circunstância, onde o arrendamento de terras para agricultura, de longe supera a rentabilidade da pecuária,  repensamos a atividade pecuária, no meu entender, sob dois aspectos: A vocação do pecuarista criador e sua competência para produzir bezerros e carne; e, a vocação ambiental (incluindo-se aqui, além das características de solos e clima, a legislação ambiental) onde estão localizadas propriedades de cria.

    Com isso, fica evidente que as áreas onde se localizam as fazendas de cria, não são as de melhores condiçoes de solos, ou as de menores restrições ambientais para contaminações por agrotóxicos, próprias da agricultura intensiva.

    Portanto, criadores amigos, chegou a vez de nossa produção ser valorizada, não só pelos invernistas, ou para os projetos de integração lavoura/pecuária/silvicultura, como também por ambientalistas e consumidores da boa carne brasileira.

    Abraço,

    Janete Zerwes

    Coordenadora em Tecnologia e Pecuária da Comissão de Produtoras Rurais da Famato – MT

  33. Wilson Fortes disse:

    Devemos nos preocupar com essa marginalização da pecuária nas piores áreas para produção agropecuária, estima-se que no Brasil há aproximadamente 120 milhões de ha de pastagens em algum estado de degradação, só no MS são 8 milhões de ha que apresentam essas condições de degradação, não só das pastagens mas também do solo. Reflexo de uma pecuária extrativista com baixa adoção de tecnologia e mau uso do solo. Essa pecuária sim, é de baixa rentabilidade!! e não consegue competir com as demais atividades agropecuárias…

  34. Janete Zerwes disse:

    Caro Miguel,

    É ótima a idéia do workshop, assim como esta sendo a desse editorial.

    A pecuária passa por um momento de "depuração" como ocorreu com a agricultura nos anos 90. Mercados, câmbio, descapitalização de produtores (dificultando ajustes técnicos necessários para boa produção e renda).

    No momento atual da pecuária, temos um quadro similar (ao da agricultura nos anos 90), somado as questões legais, tanto fundiárias como ambientais, obrigando o pecuarista correr atrás de recursos e tempo para se ajustar a uma nova realidade, econômica, legal  e ainda de mercados (sanidade animal, certificação de origem, qualidade, entre outros fatores que impactam com certeza sobre os custos).

    Continuo com a idéia de que vocação para cria por parte do pecuarista, e, ambiental relativa as áreas onde se localizam os grandes criatórios serão os principais determinantes para aqueles que permanecerão ou não nessa atividade.

    Quando falamos em áreas menos apropriadas para produção agrícola (soja, milho, cana, algodão, que são as de maiores arrendamentos), nos referimos às áreas com maiores  exigências de correções de solos (para plantio dessas espécies). Topografia mais "quebrada", altitude ou índíces pluviométricos, inviáveis para essas culturas, mas não para as espécies de gramíneas cultivadas no centro oeste, por exemplo, Mato Grosso.

    Esse quadro de certa forma tem favorecido o que esta posto no Zoneamento Sócio Econômico e Ecológico. Áreas de cabeceira de pantanal, ou de grandes nascentes, especialmente no sudoeste do estado de Mato Grosso, assim como as  áreas do norte do estado, onde se localizam  os maiores criatórios, tem previstas rigorosas restrições para uso intensivo de agrotóxicos ou de cultivo agrícola. Essas áreas podem manter partes de uso para cultivo de pastagens bem manejadas (que reduzem drásticamente o uso de agroquímicos) e ainda fazer um manejo sustentável para pastagens nativas (especialmente nas áreas de alagadiços).

    Não falamos ainda de um fator que acredito determinante para viabilidade da cria, a questão de escala. Acho que seria interessante discutirmos esse fator. Talvez a pequena escala para cria se viabilize para quem produz apenas genética, mas tenho dúvidas quando se fala em produção de animais para recria e engorde.

    Aqui, abro um espaço para comentar outro aspecto interessante, relativo ao uso de melhores genéticas pelo criador. Observamos que através dessa seleção, aos poucos vamos desenvolvendo animais de ótima qualidade para reprodução tbem, e esse é mais um fator de agregação de renda. Reconheço que isso demanda tempo, e diante desse fato, nao sei se recomendaria a estruturação de projetos destinados à cria no momento atual da economia mundial.

    Abraço,

    Janete Zerwes

  35. Marco aurelio Candia Braga disse:

    Eu quero aqui destacar 2 pontos do que falou a Zanete Zerwes:
    1 – Reconheço que isto demanda tempo…. – por isso eu falo tem de se verificar qual é o objetivo da empresa rural, apenas atender momentaneamente o retorno do investimento ou se fazer uma empresa familiar de longo prazo.
    2 – Talvez a pequena escala….. aqui eu volto de novo com a questão familiar, será que com o tempo vai se dividir o rebanho? continuará tendo ganho de escala?
    A pecuária precisa ter mais estas análises de risco, alem das mercadológicas, pois aqui na cidade, se seu investimento deu errado, alquem faleceu, simplesmente fecha -se as portas e continua  a vida.
    Na propriedade rural devido a intromissão de terceiros, não se pode ficar com baixa lotação, colocar cadeado no portão e esperar a tormenta passar.
    Parabens a todos pelos excelentes comentários e cada um relatandocom propriedade situações vividas e não só teorias tecnicas de governo.

    Marco Aurélio
    Eng. Mecânico

  36. Luiz Regis Galvão Filho disse:

    Gostaria de saber da  Zanete Zerwes e até mesmo dos demais participantes deste importante debate, o que devemos considerar baixa escala para o ciclo completo?
    Regis

  37. Janete Zerwes disse:

    Prezado Luiz Regis,

    Quando falamos em ciclo completo, já visualizamos um plantel com touros (mais ou menos touros, de acordo com o sistema preferencial de fertilização), matrizes, bezerros, novilhos e novilhas, novilhas de reposição, e animais em acabamento.  Visualizamos também uma área com boa capacidade de suporte para acomodar esse rebanho. A produção desse plantel deve ser sustentável, isto é, deve cobrir os custos totais anuais (proporcionais ao seu tamanho) e garantir retorno e renda ao longo do tempo, tanto para o projeto como para o investidor.

    Para um sistema de ciclo completo, principalmente por causa da fase de cria, os investimentos são exponencialmente maiores do que para os ciclos de recria e de engorde, por isso, a taxa comparativa de renda anual entre esse sistema e os dois outros sistemas é relativamente menor. A partir dessa constatação e para explicar facilmente a questão da escala, baixa ou alta, gosto de utilizar uma comparação meio exagerada, mas até certo ponto verdadeira, principalmente para nós criadores: “Nós copiamos o comércio de 1,99, que garante renda vendendo muito e fazendo giro mais rápido possível do estoque".

    A experiência prática tem demonstrado que a viabilidade econômica para o ciclo completo depende em parte de uma escala maior, além, é claro, de baixo preço para as terras e insumos, de bons preços para o gado de reposição e para a carne, do fator tempo, e de alta produtividade para o rebanho.

    Para dar números a resposta relativa ao tamanho da escala, cito um experimento da Embrapa – MS, realizado em 2000: Modelo de Sistema Semi-Intensivo de Produção de Carne de Bovinos Nelores no Centro-Oeste do Brasil. O experimento foi realizado em 122 hectares, 100 matrizes, de um total de 250 cabeças, produzindo 110 quilos de carne-equivalente-carcaça/hectare/ano. De acordo com os autores, esse modelo mostrou-se economicamente interessante para uma escala de produção de 1.000 hectares e 1.000 vacas de cria.

    Vale lembrar que cada projeto tem características próprias (logística, solos, clima, sistema operacional capacitado, entre outras), e que essas características é que irão determinar com melhor exatidão as dimensões de área e de rebanho, necessárias para sua viabilidade econômica.

    Abraço,

    Janete Zerwes

  38. Luiz Regis Galvão Filho disse:

    Janete. Pela atenção e clareza de sua resposta, muito obrigado.

    Regis

  39. Junio Cesar Hernandes disse:

    A recria/engorda é logicamente a mais lucrativa, o problema é a hora de vender os animais e em qual frigoríficos abatê-los, sendo assim a cria pode ser menos lucrativa, mas aos poucos também está ganhando espaço no mercado com rentabilidade superior há anos anteriores, pois os animais são vendidos para pessoas do seu "meio", tendo pouca possibilidade de perder seu investimento, sendo uma atividade de menor risco.

  40. jose marques disse:

    Parabéns a todos, pelos comentários!

    O debate é sem dúvida um grande caminho para jovens que estão buscando iniciar na atividade, e que sem dúvida estarei em um breve espaço de tempo, comentando junto com todos.

    Parabéns pelo artigo!

  41. Néude Côrtes Borges disse:

    A pecuária de cria vai mudar assim como agricultura está se transformando em sustentável com o plantio direto, isso se dará através de uma raça que está revolucionando a pecuária nacional "O SENEPOL", o nelore com o passar do tempo está se tornando inconveniente se não evoluir rapidamente, se não houver uma evolução o preço do bezerro de míseros 700 reais será coisa do passado, ninguém é tão burro para vender um bezerro do valor do salário mínimo, os criadores abrirão a mente e perceberão que o Senepol ou o cruzamento industrial produzirão bezerros com valores acima de 800 a 1000 reais. A fase da recria será extinta devido ao aumento do preço do bezerro e a evolução genética pecuária tem de passar, ou se não, a pecuária será extinta.

  42. Fernando Penteado Cardoso disse:

    Caramba! A colega pecuarista Néuda é uma entusiasta e tanto! Só lhe falta um pouco mais de vivência e pratica desse mundão sem fim de nosso criatório. Um conselho: vá conhecer o sertâozâo, o pantanal e o cerrado ressequido. Depois podemos conversar sobre o Nelore. Cordial abraço

  43. Rosalu Ferraz Fladt Queiroz disse:

    Aí Néude, adorei a sua fala – é o cruzamento industrial que vai mudar a cara da cria!!!! Sr.Fernando, sabemos que no sertãozão só vai o nelore mesmo – mas em todo resto vai cruzamento – e o preço TEM QUE mudar, temos que valorizar a cria!!!

  44. Rosalu Ferraz Fladt Queiroz disse:

    Parabéns Néude, é isso aí, só o cruzamento industrial vai mesmo mudar a cara da cria!!! Sr. Fernado, sabemos que no sertãozão só vai onelore, mas em todo o resto, podemos criar o cruzamento e de preferência, com preço melhor!!!!

  45. Fernando Penteado Cardoso disse:

    Prezada Rosalú: Os leilões de bezerros estão por toda a parte regulando preços e preferências. Se os cruzados valem mais, haverá  gente que paga mais. Se os criadores de nelore vendem bons bezerros por R$700 é porque encontram compradores a esse preço.

    Esse é o mercado quando são comercializados milhôes de bezerros por ano. Esses criadores bem que gostariam de obter melhores preços! Cordial abraço.

    PS -Seu  sobrenome Fladt faz-me lembrar da professora Rosa Fladt no inicio do século 20. Ensinou no Colégio Florence em Jundiaí. Ouviu falar dessa grande educadora?

  46. Rosalu Ferraz Fladt Queiroz disse:

    Sr.Fernando, bom dia, que prazer enorme em saber que conhceu a minha bisavó Rosa (é por causa dela que me chamo Rosa). Ela comprou depois o colégio Florence, mas o senhor não deve ter estudado lá, pois era um colégio só de moças! O filho dela Helmut , meu avô, que comprou a propriedade em Iepê, na antiga alta sorocabana, a qual eu ainda insisto na pecuária. Assim, sou a terceira geração na Fazenda Jaguaretê!!

  47. Fernando Penteado Cardoso disse:

    Prezada Rosalu- Não poderia ter conhecido Rosa Fladt pois eu teria uns 120 anos. Minha mãe, quando menina,  estudou no Colégio Florence e se referia com entusiasmo ao regime germânico do internato dirigido por sua bisavó, a quem tinha verdadeira devoção. Lá aprendeu a ser durona e a levar a vida a sério, tendo assim educado os filhos. Eu que o diga!. Querendo me conhecer, visite http://www.agrisus.org.br. Abraço.  

  48. Walter Magalhaes Junior disse:

    Que bom ver o Prof. Dr. Fernando Penteado Cardoso nos debates, trazendo a sua valiosa contribuição nestas discussões envolvendo os segredos ou mistérios dessa nossa pecuária que, boa ou ruim, mantém todos ativos e teimosamente envolvidos no seu desenvolvimento. Estranho, porque ele geralmente gosta de ver números e até o momento ainda não solicitou que os mesmos sejam apresentados e deem suporte aos argumentos.

    Como administrador de empresas gosto de olhar resultados e "performances" por um outro ângulo, um pouco diferente daquele com que olham os profissionais das áreas agrárias. Gosto de avaliar resultados pelo prisma da adminstração financeira, em todo o seu campo de ação. Desta forma, o menor tamanho de um negócio estará sempre situado no seu ponto de equilíbrio, não importa em que setor de negócios que esteja inserido. Do mesmo modo, um negócio é bom ou ruim dependendo unicamente do seu Valor Presente Líquido (NPV) quando avaliado num horizonte de, p.ex., 10 anos.

    Neste sentido, realizamos avaliações anuais do nosso negócio de cria, recria e engorda, com a finalidade de entender as perspectivas futuras da pecuária, considerando a situação momentânea das variáveis importantes envolvidas no desenvolvimento do nosso negócio.

    Nossa conclusão tem sido que, na pecuária, entre 15 atividades específicas avaliadas, todas são rentáveis, exceto uma, que envolve no seu processo a atividade de confinamento. Isso ocorre não pelo confinamento em sí, mas devido a outros fatores endógenos que acabam compromentendo o seu desempenho.

    As cinco melhores atividades da pecuária passam pela cria.

    A melhor atividade envolvendo a compra de animais aparece em sexto lugar e envolve a aquisição do bezerro, a recria e o abate do animal, a pasto, com idade próxima dos 4 anos.

    Hoje, a melhor atividade na pecuária é a cria, recria e abate do animal, a pasto, com idade superior a 3 anos.

    A segunda e terceira melhores atividades da pecuária, também passam pela cria e recria, mas propõem a comercialização dos animais, respectivamente, aos 2 anos (cruzados) e próximo dos 30 meses (nelores).

    A quarta e quinta melhores atividades envolvem também a cria e recria e exigem o abate, respectivamente, dos cruzados aos 2 anos e dos nelores próximo dos 36 meses, ambos em confinamento.

    Da oitava à décima quinta melhores atividades da pecuária, todas passam pela compra de animais. As cinco primeiras envolvem a aquisição de bezerros, sua recria e, pela ordem de importância, abatê-los aos 3 anos a pasto; comercializá-los aos 2 anos (cruzados) e 3 anos (nelores) recriados; e abatê-los aos 2 anos (cruzados) e aos 3 anos (nelores) confinados.

    As 3 últimas atividades, com as duas primeiras apresentando Valores Presentes Liquidos positivos, portanto com Taxa Interna de Retorno acima do esperado, envolvem a compra de bois de 2 anos e o abate dos mesmos aos 4 anos e 3 anos à pasto.

    Seguindo estes indicativos, temos mantido nosso Lucro/hectare/ano em patamares superiores a R$300,00.

  49. David batista disse:

    Como e salutar esta discussão, pena que tão poucos pecuaristas tem acesso, a estas opnioes balizada onde todos tem razão, porem quando se fala apenas em rentabilidade fica claro que nos que optamos por cria estamos na retaguarda da rentabilidade! vocação?? e possivel! mas a rentabilidade  e preciso.  parabens a todos.

  50. Antônio Elias Silva disse:

    Prezados,

    Entendo por lucro o que excede os custos, e rentabilidade a divisão do lucro pelos ativos imobilizados no empreendimento. Não sei como vcs podem achar que existe lucro em qq das atividades em discussão: cria, recria e engorda. Já as fiz todas e meu pai o faz por mais de 50 anos. A fazenda tem de ser a mais eficiente do mundo (sem Murphy por perto.. rss) para que se consiga rentabilidade de 3% aa ( lucro/ ativos x 100 %). Suponhamos uma lotação de 2 UA/ha (difícil de se conseguir fora da Amazônia, por conta das longas secas), valor do ha de R$ 10 mil, despesas anuais por UA com sal mineral, medicamentos, proteinado, vermífugo, vacina em R$ 120,00, com mão -de-obra e gerência de R$ 80,00 por ano/UA (um funcionário para 500 UAs),  fertilidade 80% por ano. Então teríamos lucro igual a 1,6 bezerros X 750,00 – (200,00 x2) = 1.200 – 400 = 800,00. Rentabilidade = lucro/ ativos x 100% = 800/ 12. 000  x 100%= 7, 5% .  Considerei como ativos somente as vacas e a terra. No entanto, ainda temos máquinas, equipamentos, instalações, camionetes, etc.  Teríamos tb que acrescentar os custos da reforma dos pastos (os quais devem ser reformados a cada dez anos, o que significa reformar 10% das pastagem por ano). Considerando custo de reforma de 1 ha em R$ 1.000,00, o custo de reforma de 10% de um ha é de R$ 100,00. O lucro então seria de 700 reais por ha/ano, e não de 800 reais, o que diminuiria o lucro para 5,85%. Se colocarmos os demais ativos supramencionados no custo, veremos que, se tudo der certo,  a rentabilidade se aproximaria de 3%. Há vários ítens de fora dos cálculos, tais como combustível, risco de calote, nascimento de fêmeas (q são mais baratas), gasto com sêmem ou touro, manutenção de cercas, assistência técnica, licença ambiental, multas, etc… Bem, no final, a poupança renderia mais, pois rende 6% aa  acima da inflação sem risco. Sem  contar o Tesouro direto, que renderia cerca de 12,5 % aa (juros reais de 7,5%, já que a infação esperada é de 5%).   E como todos podem estar falando aqui de lucros? Há sim lucro contábil, mas não lucro econômico, pois se colocarmos os custos dos nossos ativos nas despesas ( 6% 12 mil = R$ 720,00) , veríamos claramente que a atividade é inviável…. Além disso, não há mão-de-obra no campo, nem mesmo sem qualificação, tendo os próprios proprietários de suprir a falta; se tem escala, não consegue fazer sozinho. Temos de colocar os pés no chão e reconhecer que a pecuária só é viável na Amazônia, mas mais de 90% dela é protegida por lei e boa parte se constitui de cidades….

    Saudações,

    A Elias

  51. André Dal Maso disse:

    Prezados amigos,

    Primeiramente gostaria de parabenizar os Srs. Antonio Elias e Walter Jr. por se aterem ao conceito de rentabilidade. Quando usamos este termo para responder a pergunta do tópico, afirmo  que a rentabilidade da cria é menor que da recria/engorda, pois por definição rentabilidade pode ser LUCRO LIQUIDO/PATRIMONIO LIQUIDO x 100 (Rentabilidade do Patrimônio) ou LUCRO LIQUIDO/ATIVO TOTAL x 100 (Rentabilidade dos investimentos). Se considerarmos que as vacas fazem parte do patrimônio ou é um ativo, o valor do rebanho entra na divisão. Quando trabalhamos com recria/engorda, o bezerro/boi magro entra como insumos, uma vez que sua permanência na propriedade perdura por um ciclo de produção, logo não entra na divisão. Diante da valorização das terras brasileiras nos últimos anos, qualquer atividade está sujeita a ter uma baixa rentabilidade, pois o valor da MARGEM ou LUCRO LIQUIDO é dividido pelo patrimonio. Pensem assim, produzir um 3@/ha/ano em uma área que custa R$ 500,00/ha pode ser mais rentável que produzir 300@ de algodão em uma terra que vale R$ 15.000,00/ha. A pergunta que faço é a seguinte, vender e colocar na poupança? Se o pecuarista pensasse assim, teria vendido a terra a R$ 1.000,00, 4.000,00, 6.000,00, etc e não estaria com ela até hoje, valorizada em R$ 10.000,00/ha ou mais. Prefiro exergar o valor da terra como a poupança do pecuarista/agricultor. Para que vender algo que se valoriza mais de 20% a.a. nos últimos anos. A valorização das terras estão superando, e muito, os 6% que a poupança remunera. Vamos nos ater a LUCRATIVIDADE da atividade que é obtida através do LUCRO LIQUIDO/RECEITA OPERACIONAL LIQUIDA x 100. De tudo que eu faturei (receitas) o que me sobra no final, computando todos os custos de produção, depreciações, pró-labores, etc, etc… Isso sim é importante, pois mostra se a atividade pode perdurar ao longo dos anos, enquanto seu patrimonio valoriza ainda mais (VEJO ISSO PARA QUEM JÁ TEM A TERRA, PARA QUEM VAI COMPRAR AGORA A CONTA É OUTRA). Outro ponto importante, quando falamos em LUCRO LIQUIDO temos que os impostos já estão descontados, aqui vem a importância do enquadramento tributário da atividade; Pessoa Fisica, Juridica Lucro Real, Juridica Lucro Presumido ou até associações entre elas. "Qual me permite pagar menos impostos de acordo com minha realidade?". O correto enquadramento traz  benefícios financeiros, semelhantes ou superiores, às melhores técnicas de criação. Abraços e um ano lucrativo a todos os que contribuem para produção de alimento neste país.

  52. Antônio Elias Silva disse:

    Caro André e demais,

    Bem, a questão da valorização da terra não é tão linear assim. A minha propriedade em C Alegre de GO se desvalorizou nos últimos anos até mesmo em termos nominais (cerca de 25%). Em termos reais, considerando a inflação, a desvalorização se aproxima de 50%. As terras geralmente sofrem valorização real qdo se estão em novas fronteiras. Ou ainda qdo uma nova atividade mais rentável chega à região, caso da cana-de- açúcar em algumas regiões de Goiás. No geral, para fronteiras consolidadas, os preços reais da terra não se alteram mto. Se vc adquirir uma terra no sudoeste do PI, provavelmente terá uma boa valorização real, mas isso não vai acontecer no estado de São Paulo ou PR num prazo digamos de dez anos. Então, mesmo considerando a valorização média da terra, a pecuária é inviável na maior parte do país. A CNA realiza esses estudos e publica em sua página. No entanto, não explicita a metodologia, pelo que assumo que os lucros mostrados sejam contábeis, ainda assim para o estado de SP o lucro apurado por essa instituição é negativo. Se vc confinar, tb a conta não fecha, pois vi o cálculo de um custo em R$ 100, 00 por @ (tb não especifica se é custo contábil ou econômico). Assumo que ainda há confinamento pq os frigoríficos usam como estratégia para aumentar seu poder de barganha com os pecuaristas. É fácil ver a inviabilidade do confinamento: um boi precisa de 7 kg de MS  com 12% de PB para engordar um Kg bruto, necessitando então de 210 kg de MS para engordar uma arroba. Se usamos silagem de milho ao custo de R$ 100,00/tonelada, necessitaríamos de 630 kg  (R$ 63,00)para fazer o animal engordar uma @. No entanto, a silagem, que tem 33% de MS, possui apenas 9% de PB. Precisaríamos de adicionar 1% de uréia a ela por exemplo para elevar a PB para 12%, o que custaria algo como R$ 6,00. Só aí já temos R$ 70,00 de custo. Coloque R$ 12,00 /mês por animal de custos de medicamentos, sal mineral, etc, e a @ já iria para R$ 82,00 de custo. Ainda temos mão de obra, gerência, juros sobre instalações, máquinas, equipamentos, terra, veículos, capital imobilizado nos bois ( em três meses, com juros de 1% am, seria custo de R$ 30,00/@, considerando o valor do boi em R$ 1.000,00). Então , mesmo sem considerar o juro sobre as instalações, máquinas, equipamentos, veículos e gastos com mão-de-obra e gerência, o custo já está em R$ 112,00/@. Ao considerarmos os efeitos Murphy, risco de calote, falhas humanas, acidentes, etc, onde iríamos parar?   Por isso, todos os confinamentos que já conheci fecharam depois de algum tempo.

    Forte abraço,

    A Elias       

  53. VIGILATO DA SILVA FERNANDES disse:

    Parabéns Miguel. e todos que debateram…muito interessante o tema e o debate de alto nível.. .acho que pude aprender um pouco mais,, continuo fazendo cria com vacas nelore e recrio o que consigo… dificil conseguir bezerros de boa qualidade na minha região.. mão de obra cada vez mais escassa… temos que simplificar a produção..e baixar custos.. quanto ao capital investido na terra acredito que ele seja corrigido sim com lucro real no decorrer dos anos…de qualquer maneira…dias dificeis…um abraço a todos.

  54. Ismar Queiroz disse:

    Parabéns ao senhor Josmar Almeida Junior pelos números apresentados! Quem faz recria engorda parece se beneficiar em algumas situações: Fica mais exercitado na arte de comprar e de vender….Éobrigado a planejar oque fazer com o dinheiro dos bois quando vier reunido(liquidez). Esta liquidez total oferece oportunidades que dificilmente um criador possa usufruir . Um abraço a todos!

  55. RICARDO ANDREOTTI disse:

    Bom dia a todos, li cada comentário e, desde já, parabenizo a todos pelos comentários e venho aqui completar e dar minha opinião sobre o assunto, e contar um pouco da minha historia com a pecuária. Começo fazendo uma crítica contrutiva para a pecuária atual, conforme alguns relataram acima, atualmente, a pecuária enfrenta forte crise, pois se compararmos a outros investimentos, com toda certeza a pecuária é uma das menos rentáveis, claro que hoje os meios são outros, e ninguem gosta de ficar com um certo capital de grande monta parado sem render ao mínimo 1% ao mês. No entanto, sou de uma família que sempre se dedicou a pecuária, isso começou do meu bisavo, que passou pro meu avo, pro meu pai e eu claro. Tudo o que construimos hoje foi tudo devido a pecuária, graças a Deus, foi ela que nos deu conforto,casa boa, carro bom, fartura de comida na mesa, entre outros. O que acontece é o seguinte, antigamente ganhava-se muito, mas muito dinehiro mesmo com a pecuária, no entanto, é o mundo e a sociedade vai mudando, sempre aparecendo outros atividades mais lucrativas, natural do ser humano. Porém, nós pecuaristas nunca podemos esquecer de uma coisa muito importo, nós somos O TÓPICO PRINCIPAL da cadeia alimentar do ser humano, nós somos extremamente carnivoros, necessitamos de proteína e consequentemente da carne, que quem fornece somos nós. No entanto, infelizmente, hoje nossa classe é muito desunida, meu avo conta historias que antigamente não era assim que funcionava, antigamente, quem colocava o preço era nós pecuaristas, hoje, estamos totalmente a merçe dos frigoríficos que invertertam os papeis e hoje colocam o preço que querem na @. Mas isso é apenas uma crítica. Assim vou voltar ao foco principal desta enquete. Antigamente, nós não tinhamos o poder de informação, manejo, conhecimento, técnica, entre outros beneficios que temos hoje. Com isso, era mais corriqueiros mexer com cria, recria e engorda, não separando os fatores. Claro que a recria e engorda sempre foi mais lucrativa. Porém, é aqui que chamo a atenção a todos os pecuaristas, futuramente a cria será EXTREMAMENTE IMPORTANTE, porque, com advento da lavoura, da cana, do eucalipto, da seringueira, entre outros, muitos pecuaristas mataram matrizes, vários acabaram com seus plantel, fato este me entristesse demais, tudo isso na busca de outros investimentos mais rentáveis. Então, concluo que, a cria daqui pra frente será uma das modalidades mais lucrativas que vai existir, porque é quem fornece o bezerro para aqueles que fazem a recria e a engorda, e lógico, somos quem fornecemos a carne em si, pois sem os pecuarista de cria, não existirá matrizes, consequentemente, não existirá bezero. Hoje em nossas fazendas, eu foquei meu investimento somente em cria, hoje, só fornece bezerro, e já diga, que, é e muito lucrativo, não mexo com cruzamento industrial, são tudo nelore, mas investi muito em genética, atualmente vendo bezerro de 12 meses a R$ 900,00, teve que leilão que participei que vendi a mil.

  56. RICARDO ANDREOTTI disse:

    Desculpe a todos, acho que acabei me empolgando nos comentários, porém venho a finalizar, como disse, de hoje em diante, vcs podem ter certeza de uma coisa, vai ficar cada vez mais escassos achar bezerro de qualidade no mercado, e aquele pecuarista que tiver o bezerro bem acabado, bom de raça, bom de carcaça, e bom de sangue irá colocar o preço que achar viavel. Portanto, prezo a todos os pecuaristas que vejam a Cria com outros olhos e começem a pensar no assunto, pois será o mais rentável, obrigado pela atenção e espero que leem e comentem pois a boa discusão é nobre e sempre engradesse o ser humano

  57. Emerson Costa disse:

    Boa Tarde a Todos,

    Gostaria de Parabenizar a todos pelo debate, as informações contida aqui são muito importante. Moro em Londres a 15 anos e amo fazenda e o ramo de pecuária. Estou voltam ao Brasil para morar e quero estar entrando neste ramo. Este debate me ajudou muito a tomar minhas decisões.

    Obrigado a todos que participaram.

    E. Costa

  58. Alexey H. G da Silva disse:

    O artigo e os comentários foram extraordinários…mas de 4 anos atrás!! Gostaria que atualizassem o artigo pros dias atuais pra vermos como ficariam os comentários; pois de 4 anos de PT e Dilma/Lula pra cá muita coisa aconteceu, e mudou, no mercado produtor e consumidor nacional e mundial.

  59. Ricardo Silveira disse:

    Muito produtiva a discussão. Parabéns a todos. Eu também gostaria de ver essa discussão retomada pois também estou entrando no ramo agropecuário. Acredito que o cenário mudou bastante principalmente porque o preço do terneiro está cada vez mais alto, as lavouras tomando conta dos campos e todos querendo boi para engordar na entressafra.

  60. Silvio Alberto Simões disse:

    Boa Tarde,

    Trabalho no ramo de alimentação, churrascaria e restaurante. Atualmente estou com desejo de iniciar algo paralelo “no caso gado”, gostaria de saber qual a melhor opção para iniciar, ou seja criando ou engordando? A ideia seria investir em gado e o lucro reinvestir já que não necessito tirar do lucro minha sobrevivência. Se não for incomodo gostaria de alguns conselhos, muito obrigado pela atenção.

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