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Regulamentação e sustentabilidade desafiam cadeia da carne no Brasil

A cadeia produtiva brasileira da carne está cada vez mais engajada em regularizar a situação de produtores, aplicar inovações tecnológicas que promovam o crescimento sustentável das empresas e criar soluções para agregar valor aos produtos.

Esse foi o mote da discussão do segundo dia do Brazil Agribusiness International Meeting, promovido pelas unidades do Lide Business da Alemanha, Reino Unido e Brasil (Paraná e Mato Grosso), nesta quinta-feira (25/2), virtualmente em função da pandemia.

Segundo a VP Global de Relações Institucionais, Reputação e Sustentabilidade da BRF, Grazielle Parente, o Brasil tem toda a capacidade expandir e crescer na oferta de alimentos de maior valor agregado ao mundo com sustentabilidade.

“A produção de carne no Brasil é, seguramente, uma das mais sustentáveis do mundo, a começar pela nossa matriz energética que gera uma redução de impacto ao longo da cadeia. Lançamos uma parceria com o Banco do Brasil para que todas as nossas granjas tenham energia fotovoltaica. Do ponto de vista de economia circular, temos uma meta agressiva que já está acontecendo gradualmente, que é ter 100% de embalagens biodegradáveis e sustentáveis até 2025”, comentou.

De acordo o presidente do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), Caio Penido, a produção brasileira se desenvolve a partir de duas demandas mundiais: a segurança alimentar asiática, que pressiona o país no sentido de aumentar a oferta de proteína animal, e a crise climática, que desafia a produção a ser cada vez mais sustentável.https://523bca9baedc68c6c00f1869185a390c.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

“E para as duas crises, estamos bem preparados. O Brasil possui todas as oportunidades em oferecer muito além da carne como produto, com aumento de produtividade, biodiversidade, conservação, intensificação sustentável e regularização de áreas degradadas, melhorando a fixação de carbono. O governo precisa ajudar com essa regularização”, salientou.

Nesse sentido, o Imac lançou uma plataforma para auxiliar os produtores do Estado no cumprimento das legislações e de regularização para a reinserção deles no mercado. Segundo Penido, a missão é promover a carne brasileira mundo afora e, para isso, é preciso dar condições para o produtor que está irregular se regularizar.

“Havia produtores impedidos de fornecer carne aos players, excluídos do mercado, mas que estavam abatendo seu boi. O que buscamos é reintroduzir esse produtor que desmatou ilegalmente – algo que precisa ser combatido – monitorando a área em que ele está colocando o boi, para comprovar que não está usando a área desmatada. A partir daí, ele volta a fornecer para o mercado”, explicou Penido.

Ele ressaltou ainda que, para produzir proteína animal atendendo às exigências de mercado, é necessário explicar a complexidade da biodiversidade brasileira e dividir a responsabilidade do custo financeiro que hoje é pago pelo produtor para conservar o patrimônio ambiental.

“Custa caro conservar a biodiversidade. Tem custo para cercar a área a ser preservada, contratar uma assessoria jurídica, geomonitoramento, segurança para fiscalizar suas florestas, pagar impostos, brigada de incêndios. Tem todo um custo ambiental que hoje, quem está assumindo, é o produtor rural e o governo brasileiro, prestando um serviço ambiental para o mundo. A partir do momento em que formos remunerados por isso, com a contribuição dos países que nos cobram, ajudando a construir soluções, a gente inverte essa situação”, afirmou Penido.

A executiva da BRF complementou. “Além disso, do ponto de vista dos controles e índices, estamos não só olhando para legislação brasileira, que é uma das mais rigorosas do mundo, mas olhando para o que se faz de melhor mundo afora em termos de certificações e acordos.”

Conectividade

A conectividade no campo é outro desafio que ainda limita a propagação e potencialização das inovações tecnológicas no campo, ainda mais em um país de dimensões continentais como o Brasil.

“Não existe sustentabilidade em escala sem tecnologia. Mas o governo tem que ajudar na conectividade, para fazer o produtor ser mais eficiente. Por isso, estamos implorando que governo traga com o 5G, conectando nossas máquinas, dados e informações para promover uma revolução global de longo prazo”, ressalta o fundador e CEO da Agrotools, Sérgio Rocha.

De acordo com ele, todo esse histórico de informações gerado pela conectividade vai ajudar o produtor a trazer mais dinamismo e transformar aquilo que é diversidade em inovação.

“Temos que ser mais do que exportadores de commodities. Temos que oferecer mercado de carbono, soja transgênica, uma característica melhor que possa atender ao mercado, trazendo mais estabilidade financeira ao produtor”, frisou.

Fonte; Revista Globo Rural.

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